Sustentabilidade na moda baby: sapatinhos que dissolvem na água quente

Feitos a partir de um material biodegradável que se dissolve na água, eles foram criados para reduzir a geração de resíduos

Crédito: Woolybubs/ PNG Tree

Adele Peters 2 minutos de leitura

Até recentemente, Jesse Milliken trabalhava na área de design da Nike. Mas, em 2020, com os incêndios florestais que atingiram o estado de Oregon, nos EUA, ele e sua esposa, Megan, começaram a pensar em uma nova carreira.

“Estávamos dirigindo de volta para casa, em meio à fumaça espessa e sob as condições mais assustadoras em que já estivemos”, conta Milliken. “Nós meio que olhamos um para o outro naquele momento, e para nossos filhos no banco de trás, e entendemos que algo precisava mudar.”

Ele decidiu sair da Nike para focar em sustentabilidade. Em parceria com sua esposa, lançou a marca Woolybubs, para ajudar a combater os impactos ambientais, começando com um dos maiores responsáveis por gerar resíduos no setor de vestuário: sapatos de bebê.

Junto, o casal buscava uma maneira de reduzir o volume de produtos que acabavam em aterros sanitários. Para isso, adotaram uma abordagem incomum: basta colocá-los em água quente e eles simplesmente se dissolvem.

Crédito: Woolybubs/ Divulgação

Os sapatinhos são feitos de álcool polivinílico (conhecido como PVA), um polímero sintético solúvel em água usado em uma variedade de outros produtos, de cosméticos a revestimento de comprimidos, passando por embalagens de detergente em cápsula.

Caso a criança ponha o sapato na boca (bebês costumam fazer coisas assim), ele não se dissolve. É preciso que seja colocado em água fervente por tempo suficiente, o que pode ser feito quando chega ao fim de sua vida útil.

Milliken aponta que seus produtos também se decompõem em instalações de compostagem industrial. Além disso, a produção com PVA requer menos energia e água comparado a outros materiais, como couro, algodão e lã.

Megan Milliken (Crédito: Woolybubs/ Divulgação)

Ainda assim, há controvérsias. Quando o PVA é fervido, ele aparentemente desaparece, mas, na verdade, se transforma em uma solução, da mesma forma que o sal dissolvido na água permanece lá e a deixa salgada.

Embora alguns estudos apontem – como a empresa também afirma – que o PVA é totalmente biodegradável em água, outros argumentam que o mesmo não ocorre em uma estação de tratamento de esgoto. Isso porque certas bactérias precisam estar presentes para fazer a decomposição. Além disso, o sistema precisa da temperatura certa e de tempo suficiente.

“Todos esses fatores desempenham um enorme papel”, explica Charles Rolsky, cientista pesquisador que estudou PVA enquanto trabalhava na organização sem fins lucrativos Plastic Oceans International. “Sem estações de tratamento de esgoto capazes de decompô-lo, ele permanecerá no meio ambiente.”


SOBRE A AUTORA

Adele Peters é redatora da Fast Company. Ela se concentra em fazer reportagens para solucionar alguns dos maiores problemas do mundo, ... saiba mais