Fica em Dubai a maior fazenda vertical do mundo

A instalação vai produzir mais de 900 toneladas de verduras por ano, em um país que hoje importa toda a comida que consome

Crédito: Crop One/ Divulgação

Adele Peters 2 minutos de leitura

Se você entrar em uma mercearia na cidade de Dubai, o espinafre à venda provavelmente veio da Europa, ou até de mais longe – dos Estados Unidos, por exemplo. Devido à escassez de água e de terras para cultivo, os Emirados Árabes Unidos importam 90% dos alimentos consumidos no país.

Mas em uma instalação parecida com um depósito, perto do aeroporto, uma fazenda vertical começa a produzir comida – algo em torno de 900 toneladas de verduras por ano.

Crédito: Crop One/ Divulgação

Batizada como ECO 1, a instalação é a maior fazenda vertical do mundo, com mais de 150 mil metros quadrados repletos de prateleiras onde são cultivados alface, espinafre, rúcula e outros tipos de verduras.

“Espaço é muito importante quando se trata de produção de alimentos”, afirma Craig Ratajczyk, CEO da Crop One, companhia especializada em fazendas verticais com sede em Boston (EUA). Para construir a instalação de Dubai, a Crop One fez uma parceria com a Emirates Flight Catering, empresa que fornece as refeições de bordo para os voos da Emirates Airlines.

Assim como outras fazendas urbanas, a nova unidade monitora e ajusta automaticamente iluminação, humidade, nutrientes e demais condições necessárias para o crescimento das plantas. Produzir em grande escala ajuda a diluir os custos de tanta tecnologia. “Em uma operação desse tamanho, a parte econômica fica garantida. Ou seja, é uma operação bastante rentável”, revela o CEO.

Crédito: Crop One/ Divulgação

A instalação gasta 95% menos água do que o necessário para o cultivo tradicional, sem uso de pesticidas ou herbicidas. Como o cultivo é feito em um ambiente controlado e os produtos são imediatamente enviados para venda e consumo, as folhas não precisam ser desinfetadas previamente. E a deterioração é bem menor do que no caso dos produtos importados.

A economia de combustível proporcionada pela produção local é inegável, mas ainda não ficou claro quão menos “poluentes” são os vegetais da fazenda em relação aos importados (em termos de emissão de carbono).

A empresa não revela quanta energia é gasta na operação. Iluminação, por exemplo, é um fator importante de consumo de energia em fazendas verticais, bem como controle de temperatura (especialmente em lugares muito quentes, como o Oriente Médio). A instalação usa energia convencional, mas a empresa diz que planeja passar para energia solar no futuro.

Crédito: Crop One/ Divulgação

De toda forma, a produção só conseguirá suprir uma pequena parte da comida necessária para alimentar os quase 10 milhões de habitantes dos Emirados Árabes. Por isso, outras fazendas verticais devem surgir em breve no país.

Na capital, Abu Dhabi, o governo investiu recentemente US$ 100 milhões em fazendas urbanas, incluindo uma nova instalação de pesquisa que trabalha no aprimoramento dos métodos e da tecnologia de cultivo vertical.

Algumas lições podem vir dos Estados Unidos, onde as fazendas verticais estão em franco crescimento. Startups como Bowery, Plenty e BrightFarms, entre outras, estão em processo de expansão global. A estimativa é que o setor movimente US$ 9,7 bilhões nos próximos quatro anos.


SOBRE A AUTORA

Adele Peters é redatora da Fast Company. Ela se concentra em fazer reportagens para solucionar alguns dos maiores problemas do mundo, ... saiba mais