No metaverso da Riot, música, games e branding são indissociáveis
O que levaria o ícone do heavy metal brasileiro (e mundial) a se associar ao mundo dos games? Se essa pergunta fosse feita há dez anos, talvez restariam dúvidas. Hoje, existe uma certeza: música e games se tornaram segmentos cada vez mais sinérgicos cuja combinação, na maioria das vezes, é receita de sucesso. E foi assim que Andreas Kisser, guitarrista do Sepultura e da banda brasileira Kisser Clan, se tornou, no início de setembro, instrutor de air guitar para uma ação da Riot Games, dona de League of Legends (LoL), um dos maiores jogos do mundo, com mais de 100 milhões de usuários, que convidava os fãs a participarem do clipe da Pentakill, banda de metal do LoL.
“É muito legal estar inserido nesse universo, inclusive para o Sepultura, pois tem muita gente que não conhece a banda e que joga. Também é uma oportunidade de ter essa comunicação através do projeto, de participar e poder conhecer um pouco mais desse mundo, os nomes e a própria Pentakill. Achei fantástico o fato de ser uma banda criada dentro do universo do game. É muito legal ir aprendendo e poder fazer parte dessa maneira”, explica Andreas. O mais interessante é que o guitarrista admite não ser um fanático pelos games. O que desconstrói a ideia de que o lifestyle dos jogos eletrônicos são apenas para quem joga ou tem alta performance. Pelo contrário, a explosão recente desse universo vai muito além dos jogadores. No mundo, os games vão movimentar US$ 200 bilhões até 2023.
Como explica Andreas, a conexão com o filho Enzo, de quinze anos, o ajudou a entender um pouco mais esse mundo, conectando a potência da música e a imersão dos games. “Já joguei muito FIFA, Fórmula 1, mas, não mais do que isso. Nunca fui de passar muito tempo na frente da televisão e de aprender a jogar e a melhorar no jogo. Eu curto, de vez em quando, para dar uma brincada. Eu acompanho meu filho que joga bastante Fortnite. Ele também jogou muito Minecraft e GTA, e eu acompanho meio de longe, apesar de não jogar muito”, admite. “Tivemos a preocupação de localizar a campanha trazendo o Andreas Kisser que é um ícone do heavy metal brasileiro como o embaixador da marca. Com isso, conseguimos conectar desde os mais saudosistas até um público gamer mais novo que não conhecia o Sepultura, por meio de um conteúdo interativo”, diz Alex Fittipaldi, diretor executivo de criação da Media.Monks, empresa de serviços de marketing responsável pela ação.
O case protagonizado por Andreas no Brasil, foi comentado por Toa Dunn, head de música da Riot Games, cuja missão, é expandir cada vez mais a conexão entre esses dois mundos.
A APOSTA DA RIOT EM MÚSICA
“Os brasileiros têm uma conexão muito forte com música e sei que os fãs de metal do país são realmente apaixonados pelo gênero, então ter o Andreas Kisser, do Sepultura, uma referência no cenário, nesta parceria, foi incrível. Com ações como essa, reforçamos o objetivo de entregar experiências únicas para o jogador – seja com foco regional ou global – e também destacamos a integração do nosso ecossistema de entretenimento”, explica Toa à Fast Company Brasil. Economista de formação, ele ressalta que a música, no contexto dos games, pode conduzir as emoções e construir uma forte conexão entre os jogadores e as experiências de jogo.
“Se você deseja que a experiência seja energizante e empolgante, a música pode ser uma grande contribuição para criar essa atmosfera. Grande parte do que as pessoas costumam lembrar sobre um jogo é a trilha sonora. Por exemplo: é incrível o efeito que você pode causar nos jogadores quando combina um ótimo jogo de narrativas com músicas que conduzem as emoções ao longo da jornada. Eu, pessoalmente, gosto da experiência musical em torno dos esportes eletrônicos. Como alguém que adora assistir alguns dos melhores proplayers competindo em alto nível, fico animado quando chega o momento de eles se enfrentarem. A música que acompanha essa experiência amplifica muito as sensações dos espectadores”, explica.
METAVERSOS E SHOWS IN-GAME
Com o crescimento da indústria de games, Toa enxerga que é só o início desta jornada de descoberta. “É um momento fascinante para pensar sobre como jogos, tecnologia e música colidem para criar experiências atraentes que se conectam e ressoam com os jogadores. Essas novas experiências podem definir as tendências do futuro”, afirma. A Riot mantém, segundo ele, uma equipe própria de produção musical, o que permite impulsionar a criação e produção de música. “Alguns deles incluíram colaborações com Imagine Dragons, em Warriors (hino da música para nosso Campeonato Mundial de 2014), Sessions: Vi (álbum desenvolvido para streamers e criadores de conteúdo) e K/DA (grupo virtual de K-POP)”, explica.
“Quanto ao futuro da Riot Games Music, planejamos continuar explorando a música como uma forma de promover fortes conexões com os jogadores. Pentakill é a mais recente ativação em nosso universo musical e acredito que temos uma oportunidade única de entregar grandes experiências em torno de nossos grupos virtuais no futuro”, destaca. Em relação às tendências, Toa sinaliza que shows de música in-game, e até mesmo virtuais, são as novas propostas emocionantes para a música atualmente. “Diferentes partes da experiência musical adotaram a tecnologia digital mais rápido do que outras (download e streaming de música já existem há algum tempo). Devido à pandemia, a performance de música ao vivo foi duramente atingida e esse contexto se tornou um catalisador para que a indústria musical como um todo adotasse diferentes soluções digitais.”
Ainda sobre a relação entre games e música, Andreas, do Sepultura, completa: “sempre existiu essa conexão. Vendo pelo FIFA, que eu jogo, na preparação sempre tem um som rolando, com várias bandas de estilos diferentes e é muito interessante. A gente acaba aprendendo e conhecendo coisas novas que normalmente não conheceríamos se não fosse através do game. Isso é muito poderoso. O próprio Guitar Hero, que foi um fenômeno, ensinou muito sobre repertório de bandas e de músicas para o meu outro filho, Yohan, que tem 24 anos. No geral, todo jogo tem um som que, querendo ou não, você ouve no dia a dia e acaba te estimulando a procurar mais sobre a banda, é muito natural. O heavy metal está sempre presente, e por ser uma música pesada, com temática de monstros e guerra, acho que cabe em vários tipos de jogos”, conclui Andreas.