Companhia de limpeza ecológica usa o Twitter para reciclar embalagens
Blueland lança serviço na rede social para ensinar o consumidor a reciclar embalagens de qualquer produto de beleza
As embalagens são responsáveis por quase metade dos resíduos plásticos do mundo. Esse desperdício é particularmente alarmante na indústria da beleza e de cuidados pessoais, que produz globalmente 120 bilhões de unidades de embalagens por ano. As próprias garrafinhas, tubos e potes mal contêm instruções de reciclagem e acabam em aterros sanitários, nos mares e em nossa corrente sanguínea.
Reduzir esses danos é o propósito da nova iniciativa da Blueland, empresa de limpeza ecológica. Ela está lançando um serviço de mídia social ( nos Estados Unidos) que funciona assim: qualquer pessoa pode mandar um tuíte e pedir conselhos sobre como reciclar a embalagem de seu produto de beleza, de qualquer marca. Eles responderão com informações sobre como descartá-la adequadamente.
Ou seja, basta tuitar para @Blueland com o nome do produto (e, de preferência, com uma foto) e informar o local onde você mora. Em pouco tempo, um representante responderá com informações sobre como descartá-lo com responsabilidade. “É tudo muito simples, e essa é a beleza da coisa”, diz Sarah Paiji Yoo, cofundadora e CEO da empresa.
Depois de ter adotado um estilo de vida “desperdício zero” com sua família nos últimos quatro anos, a própria Paiji Yoo costuma entrar em contato com os departamentos de atendimento ao cliente para obter informações sobre embalagens de produto. Ela sabe que esse processo nem sempre é simples e admite que pode haver casos em que, apesar de seus melhores esforços, a equipe não será capaz de fornecer uma resposta clara.
POLÍTICA DESCENTRALIZADA
Detalhes sobre embalagens são muito mais comuns em produtos de limpeza, que informam até o tipo de plástico usado. Já em itens de beleza, muitas vezes, “você nem consegue discernir de que material são feitas”, diz Paiji Yoo.
A indústria de beleza e cuidados pessoais produz 120 bilhões de unidades de embalagens por ano no mundo.
Muitas empresas evitam escrever essas informações porque usam todo o pequeno espaço disponível para falar sobre o próprio produto – e porque, às vezes, a embalagem simplesmente não é reciclável. O governo federal dos EUA também não exige que o material empregado na embalagem seja divulgado ou que informações sobre reciclagem estejam presentes nos rótulos.
As políticas de reciclagem variam drasticamente em cada estado e município. Em Seattle e Connecticut, por exemplo, por lei, os moradores podem ser multados se jogarem fora muitos produtos recicláveis. Já Vermont proíbe que certos itens sejam jogados em aterros sanitários. Muitos municípios norte-americanos sequer reciclam vidro.
O objetivo da Blueland é oferecer informações detalhadas para os que os procurarem, até mesmo sobre se devem ou não remover as tampas das garrafas – o que é recomendável em muitas regiões, mas não em Nova York, por exemplo, devido ao seu sistema de reciclagem de fluxo único muito avançado.
Contudo, por causa da dificuldade de encontrar informações, Paiji Yoo admite com franqueza: “temo que, às vezes, nossa resposta será: honestamente, não sabemos”.
UM BILHÃO DE GARRAFAS A MENOS
Na indústria de produtos de limpeza, o trabalho da Blueland tem sido uma influência fundamental nos métodos de reabastecimento e reutilização. Seu carro-chefe é o projeto “garrafa para sempre”, no qual os clientes compram uma garrafa e a reabastecem com o sabão em forma sólida ou com pastilhas de limpeza (e adicionam água), minimizando o uso de plásticos descartáveis de uso único.
Em última análise, precisamos simplesmente consumir menos.
A empresa estima que suas vendas economizaram um bilhão de garrafas plásticas de uso único desde seu lançamento, em 2019. Recentemente, ela se ramificou de seu nicho de limpeza doméstica e lançou um sabonete líquido. Agora, está lançando um limpador facial que também foi pensado para funcionar com refis.
O serviço Twitter da Blueland incluirá todas as marcas, incluindo as concorrentes. Como a missão da empresa é reduzir o desperdício, ela se esforça muito no sentido de educar e conscientizar.
“Existe uma grande oportunidade para impactarmos a indústria em geral, e estamos muito orgulhosos de ter feito isso na área de limpeza”, diz Paiji Yoo. Para ela, quanto mais os consumidores souberem sobre o processo de reciclagem, mais isso influenciará na escolha dos produtos que eles vão comprar no futuro.
Paiji Yoo enfatiza que o serviço do Twitter não é só uma estratégia de marketing e diz que pretende mantê-lo ativo enquanto houver demanda pela informação. Mas ressalta que a reciclagem não é a solução final para reduzir o desperdício, é apenas uma parte dela. O objetivo é substituir os descartáveis por materiais reutilizáveis.
“A reciclagem ainda é uma solução imperfeita. Em última análise, precisamos simplesmente consumir menos.”
