Empresas de geração de energia crescem com modelo de compartilhamento

Estratégia de expansão foca na economia para os assinantes e na sustentabilidade do modelo

Crédito: Zbynek Burival

Redação Fast Company Brasil 3 minutos de leitura

Com o crescimento da consciência sustentável dos clientes, novos modelos de consumo de energia vêm se tornando mais populares, visando não só a preservação de recursos naturais, mas também um alívio na conta de luz. Um desses exemplos é a geração compartilhada, criada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em 2015.

Graças às resoluções normativas da agência (como a 482/2012 e a 687/2015) e a nova legislação, o mercado de energia foi aberto para que empresas de tecnologia pudessem conectar fazendas solares e eólicas diretamente a residências ou empresas, utilizando a própria rede de distribuição das concessionárias.

A energia compartilhada pode ser usada por um grupo de pessoas físicas ou jurídicas, por meio de consórcio ou cooperativa e que estejam em locais atendidos pela mesma rede distribuidora de energia.

A energia produzida nas fazendas solares é injetada na rede da distribuidora, utilizando a infraestrutura já existente, e o consumidor é compensado com créditos que são abatidos, automaticamente, da sua conta de luz, dentro de um prazo de utilização de cinco anos.

Criada em 2016, a Juntos Energia é um exemplo de empresa que consegue conectar usinas às redes das concessionárias via modelo de assinatura. Ela surgiu como projeto a partir do trabalho acadêmico de um curso da plataforma edx.org, criado por José Otávio Bustamante e Rodrigo Protázio.

As questões climáticas aceleraram a busca por uma matriz energética mais sustentável.

Ao final do curso, 400 protótipos foram submetidos a avaliação e o modelo de painel solar híbrido criado por Bustamante ficou entre os 20 selecionados para o Prototype Camp, no Sloan School of Management do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts).

DEMANDA EM ALTA

Depois dessa experiência com outros especialistas em geração de energia, o empreendedor decidiu criar um projeto baseado no modelo de negócio atual da empresa, focando no serviço de compartilhamento.

“As questões climáticas aceleraram a busca por uma matriz energética mais sustentável, especialmente nos EUA e Europa. Em alguns países, onde a adoção de energia compartilhada está mais madura, cobram dos consumidores tarifas mais caras do que a energia convencional”, explica Bustamante.

Segundo ele, mesmo assim há uma grande demanda de novos clientes, que preferem pagar mais caro para ter um serviço com menor impacto no meio ambiente.

Diretoria da Juntos Energia (Crédito: Divulgação)

“As novas questões regulatórias e vocação climática do Brasil permitiram que conseguíssemos lançar um serviço que diminui o impacto no meio ambiente e ainda reduz a conta de luz dos consumidores em até 20%. É o tipo de inovação que não tem por que não adotar”, complementa.

O projeto venceu uma série de premiações e recebeu aceleração, mentoria e investimentos. Em 2021, foi incorporado pelo fundo de private equity norte-americano Alothon Group e Elétron Energy, uma das maiores empresas de energia elétrica e de gás natural do Brasil.

Hoje são mais de 20 mil clientes, quase todos (mais de 90%) moradores de apartamentos ou casas com contas acima de R$ 200. Recentemente, a procura de pequenas e médias empresas – padarias, farmácias, bares, açougues, restaurantes e academias, além de escritórios e pequenas – fábricas cresceu, representando 80% dos novos clientes.

Depois da aquisição, a Juntos Energia, que opera em Minas Gerais, em breve oferecerá portabilidade de energia em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Mato Grosso, Pernambuco, Pará e Maranhão. “Para isso, estamos fazendo uma série de parcerias e aquisições de mini e micro usinas, ofertando não apenas energia solar, mas também eólica, hidrelétrica e de biomassa”, afirma Bustamante.

STREAMING DE ENERGIA

Outra que começou em São Paulo atuando na área de energia solar compartilhável é a Sun Mobi.

Crédito: Divulgação

Fundada por Alexandra Susteras, Alexandre Bueno e Guilherme Susteras, a companhia hoje atende 27 municípios e também pretende expandir para Minas Gerais e Rio de Janeiro, atendendo consumidores e empresas.

O foco é tanto na economia para os assinantes quanto na sustentabilidade gerada pelo modelo. Segundo a Sun Mobi, 64,8 mil toneladas de CO2 deixarão de ser emitidas nos próximos 30 anos, o que equivale a cerca de 410 mil árvores plantadas.

Para atrair clientes, a Sun Mobi se define como um streaming de energia, ou um sistema de energia solar por assinatura. O número de assinantes cresceu quatro vezes no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado em São Paulo e a redução na conta luz chega a quase 15%.


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