Estudo prova que o que nos torna humanos também nos adoece
Segundo pesquisa da Universidade de Yale, células que só existem no cérebro humano estariam associadas a autismo, esquizofrenia e epilepsia
Cientistas e filósofos têm travado um longo debate sobre o que diferencia os seres humanos dos animais. Agora, pesquisadores da Universidade de Yale deram um passo a mais na direção da solução desse mistério.
Estudo publicado na revista “Science” descobriu que os atributos no cérebro ligados à alta capacidade de cognição dos seres humanos também nos deixam suscetíveis a doenças mentais.
Os pesquisadores compararam células do córtex pré-frontal dorsolateral – a parte do cérebro associada à cognição – em humanos, macacos, chimpanzés e saguis. Foram descobertos 109 tipos de células em comum entre todas essas espécies.
No entanto, cinco tipos eram diferentes, incluindo a micróglia, um tipo de célula imunológica cerebral exclusiva dos seres humanos.
A micróglia está presente no cérebro durante a fase de desenvolvimento e na idade adulta, o que sugere que é responsável pela manutenção do cérebro, mais do que pela prevenção de doenças.
Mas a micróglia também contém um gene, o FOXP2, que está associado a dificuldades com a linguagem e outros problemas psiquiátricos, como autismo, esquizofrenia e epilepsia.
“Hoje, consideramos o córtex pré-frontal dorsolateral como o principal componente da identidade humana. Mas ainda não sabemos por que ele é exclusivo dos seres humanos e por que nos diferencia de outras espécies de primatas”, explica Nenad Sestan, professor de neurociência em Yale e autor principal do estudo. “Agora temos mais pistas”, completa.