Um alfabeto desenhado por artistas como Basquiat, Matisse e Picasso

Um novo livro, criado com o popular gerador de imagens de IA Midjourney, reimagina as 26 letras do alfabeto pelas lentes de 52 artistas

Crédito: Artificial Typography

Elissaveta M. Brandon 2 minutos de leitura

Como seria a letra “P” se Picasso a desenhasse? E a letra “N” se fosse esculpida por Noguchi?

Os autores de um novo livro usaram inteligência artificial para encontrar as respostas. Intitulado “Artificial Typography” (Tipografia Artificial), o livro traz as 26 letras do alfabeto reimaginadas através das lentes de 52 artistas.

O projeto foi criado por Andrea Trabucco-Campos e Martín Azambuja, dois ex-alunos do estúdio de design Pentagram que usaram o popular gerador de imagens de IA Midjourney para criar imagens impressionantes, que não poderiam existir no mundo real.

Cada letra é apresentada em duas versões, como se fossem interpretadas por artistas diferentes. O “A” segue os estilos de Jean Arp e Hilma af Klint, o “B”, de Louise Bourgeois e Basquiat, e assim por diante.

Todas elas foram criadas a partir de simples descrições em texto, como “Letra ‘R’ em uma floresta, pintada de Henri Rousseau” ou “Pôster psicodélico com a letra ‘Y’ em vermelho feito por Tanadori Yokoo”.

Com criações visuais impressionantes a partir de comandos tão simples, geradores de imagens de IA, como Midjourney ou Dalle-2, oferecem a designers e criativos a incrível oportunidade de encontrar inspiração e testar novas ideias.

Por outro lado, também provocaram discussões sobre a validade de uma obra de arte gerada por algoritmo – e questões sobre direitos autorais de artistas cujo trabalho é protegido, mas está disponível para ser remixado por IA.

Para Andrea, o objetivo do Midjourney não é invalidar o trabalho dos artistas, mas, sim, atuar como um colaborador, permitindo que os criativos expandam seus horizontes. “Passamos a assumir a função de diretores de arte e curadores”, diz ela.

O papel como curador fica evidente em duas fases fundamentais: formular o comando em texto certo e selecionar a melhor imagem do conjunto que o gerador produz.

A primeira requer bastante conhecimento e compreensão do estilo e das obras do artista. Uma descrição como “Noguchi, preto e branco, no papel”, por exemplo, ignoraria o fato de que o artista era conhecido sobretudo por suas esculturas, tornando a imagem final inautêntica.

A segunda exige habilidade e julgamento. “Nela, a ênfase é na direção de arte e na ideia, algo essencial para criar imagens”, explica Andrea. “Quando você alcança um certo nível de habilidade, criá-las não requer tanto tempo quanto elaborar o conceito.”

Os resultados são fascinantes. O “M” criado a partir das obras do pintor francês Matisse remete à sua famosa série de quadros “Nu Azul”. O “N”, representado em pedra texturizada, poderia muito bem ter sido retirado dos arquivos do Museu Noguchi. Já o “T”, inspirado no estilo de Turrell, traz bordas radiantes e turvas, e tão envolventes quanto qualquer uma de suas instalações, conhecidas pelo uso intenso de luzes.

No entanto, essas referências não estão explícitas ao longo livro. Os designers deixaram para revelá-las apenas no final.

Resumindo, trata-se de “um guia da história da arte”, conta Andrea. Além de ser uma fascinante demonstração do que a inteligência artificial pode fazer com um simples clique.


SOBRE A AUTORA

Elissaveta Brandon é colaboradora da Fast Company. saiba mais