Com ênfase em design sustentável Osklen lança tênis feito de juta da Amazônia
Em menos de um ano, material se decompõe completamente, sem deixar resíduos ou danos ambientais
Desde sua criação, nos anos 1980, a Osklen se posicionou como uma marca criadora de conceitos e design para a indústria e o varejo de moda. Nessa época, a escolha da matéria-prima era uma forma de disrupção. A empresa começou criando um tecido impermeável para praticantes de esportes de inverno, algo que não existia no mercado.
“Nosso compromisso, desde o início, foi trazer inovação que efetivamente fizesse diferença significativa, tanto para as pessoas que fossem usar as peças como para toda a cadeia de produção”, afirma Oskar Metsavaht, fundador e diretor criativo da Osklen.
Quatro décadas depois, a marca continua em sua missão de fortalecer a bioeconomia da região amazônica e preservar a sociobiodiversidade e a cultura dos povos nativos, com o lançamento de novos modelos do tênis AG (Amazon Guardians), desta vez, produzidos com juta da Amazônia.
Essa matéria-prima é produzida às margens dos rios e dispensa a utilização de agrotóxicos e fertilizantes. A fibra têxtil vegetal se tornou uma das principais atividades econômicas da região e possui a certificação internacional Fair Trade de comércio ético e justo.
Durante o processo de desenvolvimento da fibra em tecido, são utilizados aditivos orgânicos e óleos vegetais que não geram efluentes. Além disso, quando descartada, a juta se decompõe completamente, sem deixar resíduos ou danos ambientais, em menos de um ano.
O solado é feito com uma combinação de cerca de 45% de látex natural da Amazônia extraído de maneira sustentável de seringueiras das regiões do Xingu e Tupi-guaporé.
O tênis foi idealizado e criado pela Osklen em parceria com o Instituto-E, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip).
Fundado também por Metsavaht o Instituto-E desenvolve conceitos e práticas autorais para promover o desenvolvimento humano mais sustentável. A Farfetch, plataforma de tecnologia para a indústria da moda de luxo, foi parceira para o lançamento e venda exclusiva.
Os tênis ficaram em pré-venda durante o mês de setembro e agora estão disponíveis nas lojas e no site da marca. Metsavaht não revela quantos pares foram vendidos nesse evento ou quantos foram produzidos inicialmente, mas afirma que o lançamento tem um foco muito maior do que apenas a comercialização.
“Ele reflete o contínuo trabalho da parceria da Osklen com o Instituto-E na pesquisa e possibilidade de processamento de materiais sustentáveis oriundos da Amazônia. Nossa forma de colaborar concretamente com a preservação da floresta é participando desta cadeia socioeconômico-ambiental”, afirma.
20 ANOS DE SUSTENTABILIDADE
Agregar o conceito de sustentabilidade foi algo natural para a marca, que acompanhava os acontecimentos do mundo. Com a realização da conferência Rio 92, o tema foi debatido além das portas fechadas. Essa abertura incentivou questionamentos, mudanças de hábitos e um comportamento proativo de preservação de ecossistemas, como a Amazônia.
“Viajei para lá pela primeira vez em 1994. Desde então, entendi e reconheci a extrema importância da flora e da fauna da região, o conhecimento ímpar das tribos e comunidades que vivem na floresta, a sabedoria de cuidar para preservar”, diz Metsavaht.
Em 1998, a marca deu início ao primeiro projeto com algodão sustentável, com impacto ambiental e social, no Ceará. Investiu no primeiro plantio, colheita e tratamento do material, além do treinamento dos agricultores. Hoje, esses produtores não vendem só para a Osklen, mas para todo mercado, com a produção em escala e a um custo melhor.
No aniversário de 20 anos de ações em sustentabilidade, em 2018, a empresa adotou o conceito deAs Sustainable As Possible / As Soon As Possible (ou ASAP) . (Tão Sustentável Quanto Possíve/ O Mais Rápido Possível).
“É, na verdade, um manifesto que transmite a urgência da mudança, mas dentro das possibilidades de cada um no momento. Não podemos esperar para fazer tudo. Vamos fazendo a cada dia o melhor que conseguimos”, diz Metsavaht.
Na época do lançamento do documentário ASAP, em 2018, 40% da coleção da Osklen já era feita com os e-fabrics. Muitas peças foram feitas com tecidos construídos a partir de retalhos de coleções anteriores, por exemplo.
“Sustentabilidade é inovação, mas precisa de escala econômica para poder substituir os atuais materiais usados na indústria. Então, quanto mais pesquisamos e abrimos nossas práticas para todo o mercado, mais todos cresceremos de forma sustentável”, afirma o fundador da marca.