Novo estádio na China parece uma paisagem alienígena

“Sua arquitetura desaparece na natureza"

Crédito: Aogvision/ MAD Architects

Nate Berg 3 minutos de leitura

Com 30 mil lugares, pistas de corrida e um campo de futebol central, o novo estádio na cidade de Quzhou, no leste da China, é, sem dúvidas, um incrível parque esportivo. Mas para a MAD Architects, empresa que projetou o estádio como uma extensão da paisagem local, semelhante a uma cratera lunar, o projeto é, na verdade, uma imensa obra de arte integrada ao meio ambiente.

“Sua arquitetura desaparece na natureza”, diz o fundador da MAD Architects, Ma Yansong. As ondulações da topografia ao redor cercam o estádio e outras instalações que ainda estão em construção, formando um enorme complexo esportivo de quase 700 mil metros quadrados.

Crédito: Aogvision/ MAD Architets

Esses tipos de espaços normalmente contam com estacionamentos e são atravessados por linhas da rede de transporte. Entretanto, para Ma, essas estruturas atrapalham a experiência humana do local, sobretudo, quando se trata de um novo espaço público para uma cidade de mais de dois milhões de habitantes.

“Cobrimos todo o espaço, inclusive os prédios, com a paisagem local.”, diz. “Quando as pessoas vierem aqui, não frequentarão apenas o prédio, também usarão o espaço ao ar livre e outros espaços, usufruindo do parque e da natureza.”

Crédito: Aogvision/ MAD Architects

O estádio é a parte central do parque e se destaca como algo de outro mundo, uma espécie de cratera em meio à paisagem repleta de grama. Um telhado semelhante a uma auréola paira logo acima da borda da cratera, cobrindo os assentos. 

“Integramos os assentos à paisagem, como se fizessem parte do chão. Para o telhado, queríamos que parecesse fazer parte do céu, então é quase como uma nuvem flutuante de longe”, explica.

Suportada por apenas nove pontos de apoio ao redor, a cobertura é inclinada, oferecendo aos assentos mais altos do outro lado uma vista do lago central do parque e do horizonte da cidade de Quzhou.

“Estádios normalmente são muito focados nas partidas e outras funções”, diz Ma. “Queríamos garantir que a vista não fosse apenas para a parte interna, mas também para o exterior.”

Crédito: Aogvision/ MAD Architects

O resto do parque abrigará outros centros esportivos também cobertos com grama, incluindo um ginásio, um estádio de basquete e uma piscina, todos ainda em construção. “Nós os chamamos de vulcões”, revela Ma. “Você pode subir neles, você pode passear entre os vulcões. É uma experiência única.”

Crédito: Aogvision/ MAD Architects

Embora competições esportivas sejam a principal atração para esse tipo de projeto, Ma diz que seu objetivo era incentivar as pessoas a visitarem o local regularmente, havendo ou não um evento. Conceituar o projeto como uma forma de obra de arte integrada à natureza é uma forma de atrair o público, diz ele.

O espaço oferece o que ele chama de fuga surreal da realidade. “Tudo nas cidades modernas é muito material e prático. As pessoas estão em busca de um espaço espiritual e emocional”, acrescenta.

A MAD Architects tornou-se conhecida na China e nos EUA por seus projetos ambiciosos e com formas fluídas, como o Lucas Museum of Narrative Art, que se assemelha a uma nuvem e que deve ser inaugurado em Los Angeles em 2025, e um enorme complexo de habitação social em Pequim, que une espaços públicos à natureza.

Crédito: Aogvision/ MAD Architects

A empresa é especialista em projetar espaços fora do comum e superar expectativas. Ma explica que isso vai além de apenas criar formas – é dar às pessoas novos caminhos para se reconectar com sua comunidade e com a natureza. “Acho que todo mundo precisa desses espaços para se sentir livre e conectado”, diz ele. “Esse é o nosso objetivo.”


SOBRE O AUTOR

Nate Berg é jornalista e cobre cidades, planejamento urbano e arquitetura. saiba mais