Onde as lideranças vão investir e o que pretendem cortar em 2023

Eventos e reuniões presenciais, benefícios, inteligência artificial: o que entra no orçamento das empresas este ano

Crédito: Istock

Megan Morrone 4 minutos de leitura

Com a economia cambaleante e uma onda de demissões no setor de tecnologia em 2022, muitos executivos trabalham com orçamentos mais apertados este ano – enquanto outros investem em atrair os talentos que ficaram disponíveis no mercado e estão à procura de emprego.

A Fast Company perguntou a diversos líderes empresariais sobre seus planos para 2023, em que áreas pretendem investir e em quais planejam fazer cortes. As respostas revelam muito sobre as prioridades de negócios para este ano.

Uma dica: devemos ter mais viagens de negócios e trabalho remoto. Por outro lado, pode ser a hora de começar a se preocupar com a possibilidade de um robô ficar com seu emprego.

Se aprendemos alguma coisa neste começo de década é que podemos esperar mais 12 meses nada fáceis, e seu palpite vale tanto quanto o meu em relação ao que vem por aí. Mas estes executivos que controlam polpudos orçamentos são os tomadores de decisão. A opinião deles é a que vale.

Aqui eles contam no que pretendem investir e o que deve ficar de fora este ano.

Clara Shih, CEO da Salesforce Service Cloud

Em 2023 vamos reforçar os contatos presenciais com nossos clientes e funcionários nos hubs regionais pelo mundo todo, de São Francisco a Boston, de Tel Aviv a Paris e Sydney. Também vamos investir em treinamento e suporte às lideranças no que diz respeito ao gerenciamento de funcionários em esquema de trabalho remoto ou híbrido. Estamos reduzindo a quantidade de reuniões graças aos investimentos em automação do fluxo de trabalho, IA e colaboração digital com o uso do Slack.

Scott Smith, diretor da Cerulli Associates

Estamos reorientando os planos de viagens no sentido de aumentar a participação nos principais eventos da indústria, frequentados por um número expressivo de clientes, em vez de visitas pontuais. Além disso, mudamos o foco do time interno para uma atuação mais colaborativa em lugar de atividades independentes. Muitas vezes a interação gera bons resultados, embora o trabalho em si possa continuar sendo uma atividade individual. No futuro próximo, aprender a lidar com um ambiente de trabalho híbrido será um desafio, no qual as variáveis podem mudar a qualquer momento.

Lauren Newton, vice-presidente de pessoas e operações do Medium

Vamos continuar investindo em coisas como trabalho remoto, com alguns dias de trabalho presencial. Depois de quase três anos de trabalho remoto, estamos finalmente começando a pensar sobre a frequência com que deveríamos nos encontrar pessoalmente e em como criar espaços para nos reconectarmos na vida real, fora das telas.

Paul Roberts, fundador e CEO da Kubient

Em 2023 vamos procurar aumentar as verbas para viagens e participação em eventos, pois vemos que há uma demanda reprimida por encontros presenciais nesse pós-pandemia. Também planejamos ampliar o investimento em novas contratações, já que houve uma onda de demissões na indústria que resultou em muitos talentos disponíveis no mercado.

John Lofton Holt, chairman executivo da Alphawave IP

Levando em conta as incertezas da macroeconomia e tendo em mente o movimento inflacionário, estamos adotando uma postura de gastos conservadora. Vamos priorizar os funcionários, que são nosso principal ativo, bem como investimentos em infraestrutura que permita aumentar a eficiência da tecnologia e dos processos de negócios.

Katharine Zaleski, cofundadora e presidente da PowerToFly 

Líderes com dinheiro em caixa vão dizer que investir em talentos é primordial, seja em tempos bons ou ruins. A história nos mostra que empresas que focam em manter seus melhores talentos ao mesmo tempo em que investem em pesquisa e desenvolvimento, bem como em melhorar o relacionamento com os clientes, são as que se dão bem no longo prazo.

Diogo Rau, vice-presidente executivo e chief information e digital officer da Eli Lilly

Outras companhias podem estar cortando verbas destinadas à força de trabalho, mas não é o que estamos fazendo na Eli Lilly. Continuamos a investir e apostar em tecnologia, mas com um propósito específico: alavancar o crescimento dos negócios sem ter que aumentar o número de funcionários. Nossa estratégia principal é potencializar o poder da automação em toda a empresa, de modo a aumentar também a eficiência das pessoas. Ao ampliar investimentos em inteligência artificial, machine learning, linguagem natural, visão computacional, automação de processos, chatbots, entre outras coisas, já conseguimos um ganho de eficiência equivalente ao trabalho de 500 pessoas, deixando os humanos livres para focar em trabalho que realmente agregue valor.

Karl Mattson, chief information security officer da Noname Security

Nosso  foco são investimentos menores, mas mais inteligentes, em automação que permita às equipes continuarem aumentando suas capacidades, mas sem ter que contratar muitos novos funcionários. Precisamos fazer com que cada membro do time consiga ser mais produtivo e diminuir a pressão do trabalho manual, que não agrega valor. Não vamos reduzir verbas, mas estamos focados em maximizar os investimentos já realizados para extrair o máximo da tecnologia que temos à disposição.


SOBRE A AUTORA

Megan Morrone é jornalista especializada em tecnologia. saiba mais