Por que a GenZ é menos propensa a reportar má conduta no trabalho?

De acordo com um novo relatório, os trabalhadores mais jovens não confiam nas políticas antirretaliação de seus empregadores

Crédito: Istock

Michael Grothaus 2 minutos de leitura

O Ethisphere Institute, uma organização sem fins lucrativos, lançou seu Relatório Anual de Ética Empresarial, que abrange tendências éticas em ambientes de trabalho. Uma das investigações mais importantes do relatório analisou a disposição dos funcionários de relatar mau comportamento no local de trabalho.

A descoberta mais significativa surpreendeu: durante a pandemia, os entrevistados afirmavam que se sentiam mais dispostos a denunciar o mau comportamento no local de trabalho, mas na prática relataram menos. Essa discrepância ficou mais nítida dentre entrevistados da geração Z, que o relatório descreve como trabalhadores de 25 anos ou menos.

Das más condutas relatadas pelos entrevistados após a pandemia, assédio ou discriminação foram as mais citadas.

De acordo com a pesquisa, 38,9% dos entrevistados da geração Z que testemunharam alguma má conduta não a denunciaram, apesar da vontade.  Para fins de comparação, os millennials que não tiveram coragem de relatar alguma má conduta observada somaram 31, 8%, enquanto tanto os profissionais da geração X quanto os baby boomers somaram 27,6%.

A pergunta feita aos participantes foi: “quando presenciou um abuso, você denunciou?” É importante ressaltar que uma boa porcentagem de entrevistados de todas as faixas etárias se recusou a responder, – por isso é difícil traçar o quadro completo.

De qualquer forma, a geração Z foi a faixa etária com menor probabilidade de responder “sim” à questão sobre relatar má conduta no local de trabalho: 43,6%, em comparação com 45,5% da geração do milênio, 53,5% da geração X e 50,3% dos boomers.

MEDO DE RETALIAÇÃO

Das más condutas relatadas pelos entrevistados após a pandemia, assédio ou discriminação foram as mais citadas, seguidas por bullying, que foi o tipo de abuso no local de trabalho que mais aumentou antes e depois da pandemia. Retaliações, práticas trabalhistas injustas e conflitos de interesse completam os cinco tipos de problemas mais relatados.

Mas, de todas as gerações que relatam má conduta, por que os zennials tem menos probabilidade de denunciar? O Ethisphere diz que, quanto mais jovem o trabalhador, menos provável que ele confie nas políticas e procedimentos antirretaliação dos empregadores.

Dentre os entrevistados da GenZ:

  • 55,5% dos que testemunharam abusos não denunciaram porque não acreditavam que uma atitude corretiva seria tomada.
  • 47,1% ficaram com medo de sofrer algum tipo de retaliação.
  • 41,2% disseram temer que o anonimato da denúncia não fosse respeitado. 
  •  40,1% não se sentiam à vontade para acusar funcionários superiores a eles.
  • 21% tiveram medo de prejudicar outros membros da equipe caso relatassem o abuso testemunhado. 

De acordo com os autores do relatório, as empresas precisam fazer muito mais para convencer os mais jovens de que eles podem confiar nas suas políticas de combate a abusos.

Para a pesquisa foram entrevistados 12.454 membros da geração Z, 84.259 millennials, 116.043 da geração X e 37.569 baby boomers.


SOBRE O AUTOR

Michael Grothaus é escritor, jornalista, ex-roteirista e autor do romance "Epiphany Jones". saiba mais