Futuro sustentável passa por investimento em tecnologia e inovação

A tecnologia climática está se tornando uma categoria de investimento dominante no mundo todo, mas ainda é mal compreendida

Crédito: Dedraw Studio/ iStock

Filipe Ferminiano 3 minutos de leitura

Países e corporações estão tomando medidas para mitigar os danos causados pela ação humana nas mudanças climáticas. Ao longo dos últimos anos, 49 países e 93 empresas da lista Fortune 500 se comprometeram com metas de emissões líquidas zero ou neutralidade de carbono.

Mesmo as empresas cujos negócios giram em torno de combustíveis fósseis – como Exxon, Delta e GM – assumiram compromissos de atingir emissões líquidas zero. Mas, para alcançar o "net-zero", novas tecnologias precisam ser desenvolvidas, e em escala.

A tecnologia climática está surgindo na América Latina e se tornará uma das categorias de maior investimento nos próximos anos.

A tecnologia climática está se tornando rapidamente uma categoria de investimento de risco dominante no mundo todo, mas ainda é relativamente mal compreendida.

Vamos começar com o básico. A tecnologia climática abrange segmentos que têm o desafio de descarbonizar a economia global. Muitos países e empresas estabeleceram metas específicas para atingir emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050, enquanto preparam as empresas para os efeitos adversos da mudança climática.

A América Latina ainda não está entre os principais destinos da capital de tecnologia climática, apesar do enorme potencial da região.

Há uma oportunidade – e uma urgência – de transferir capital para novas soluções e geografias com este tipo de potencial de impacto climático inexplorado. Em outras palavras, alocações que irão gerar maiores reduções de carbono por dólar investido.

TECNOLOGIA PARA CURAR O PLANETA

As aplicações da tecnologia climática podem ser agrupadas em amplas categorias setoriais:

- Mitigação ou sequestro de emissões diretas

- Adaptação aos impactos da mudança climática

- Melhoria de nosso "entendimento climático”

- Sistemas e cimento "verde"

Os empreendedores estão trabalhando para desenvolver soluções tecnológicas climáticas. As empresas de veículos elétricos (EV) e de proteínas alternativas, por exemplo, estão adiantadas. É o caso de Tesla e Rivian no espaço EV e da Beyond Meat no campo  das proteínas alternativas.

Estes sucessos falam sobre o potencial das soluções tecnológicas climáticas tanto para curar o planeta como para criar empresas viáveis e duradouras.

Os investidores estão reconhecendo a oportunidade tecnológica climática e duplicando a aposta tanto na captação de recursos quanto na mobilização de capital.

O investimento de capital de risco dos EUA em empresas de tecnologia climática aumentou 80% entre 2020 e 2021, atingindo US$ 56 bilhões. O setor de energia experimentou rápido crescimento, aumentando 180% em relação ao ano anterior.

Aqui, algumas formas simples com as quais as startups de agro já estão salvando o dia:

Agfintech – por meio da ciência de dados e imagens aéreas, as empresas podem certificar e emitir dívidas para produtores que adotam práticas agrícolas sustentáveis, com taxas de juros mais baixas.

Digitalização para aumentar a produtividade por hectare – isso reduz a pressão por expansão das fronteiras das terras agrícolas para as florestas, ao mesmo tempo que otimiza o uso de insumos (fertilizantes, proteção de cultivos, água).

Ag e biotecnologia de precisão – a otimização e substituição de insumos preserva a água e reduz o uso de agroquímicos. Esses insumos podem ter uma enorme pegada de carbono, enquanto o gerenciamento da água é fundamental na incerteza climática.

Infraestrutura para construir e escalar mercados de carbono – créditos originados graças ao aumento de produtividade na agricultura ou pecuária, para financiar a transição dos agricultores para uma agricultura de menor emissão de carbono.

Alimentos excedentes – plataformas que conectam compradores e vendedores de alimentos excedentes ou perto do fim do prazo de validade.

O QUE O FUTURO NOS RESERVA

Veículos elétricos são o sucesso mais recente quando se trata de mudar o comportamento do consumidor para mitigar a progressão da mudança climática.

O movimento EV começou em 2003, com a Tesla, mas apenas recentemente conseguiu alcançar economias de escala cruciais e ampla adoção pelo mercado consumidor. Isso tem forçado os fabricantes de automóveis tradicionais a seguir o exemplo. Um crescimento maior virá com desafios.

A tecnologia climática está surgindo na América Latina e se tornará uma das categorias mais líquidas de investimento em venture capital nos próximos anos.

Acreditamos que quanto mais interessados se envolverem neste ecossistema, maior será a probabilidade de encontrarmos soluções inovadoras para mitigar os piores impactos da mudança climática e atingir emissões líquidas zero até 2050.


SOBRE O AUTOR

Filipe Ferminiano é sócio da agência digital e consultoria Zmes. saiba mais