5 estratégias para “ficar frio” quando você é provocado
Um dos principais talentos de um líder é equilibrar a impulsividade na hora da raiva, mantendo-se como uma ilha de calma no meio do furacão
Se você ainda não ouviu falar sobre o bate-boca que rolou no Twitter entre a ativista climática Greta Thunberg e o ex-boxeador (e misógino de carteirinha) Andrew Tate, então temos uma pergunta: em que planeta você vive?
Brincadeiras à parte, há uma boa razão para todo mundo ter torcido para Greta Thunberg nocautear Andrew Tate depois que ele resolveu provocá-la com um tuíte idiota, se gabando de seus 33 carros esportivos italianos que bebem litros de gasolina.
A internet já era um ambiente que incitava as pessoas a perder o controle, ficar com raiva e atacar os outros. As redes sociais elevaram isso à décima potência. No fim das contas, toda essa indignação e ânimos exaltados são o modelo de negócios de cerca de um terço das empresas da Nasdaq.
No entanto, a resposta de Greta à provocação de Tate foi clara, precisa e impiedosa – seu tuíte foi como um golpe de mestre.
Tate é, segundo todos os relatos, um bandido que pensa que as mulheres são sua propriedade. Ele foi banido do Twitter em 2017 por discurso de ódio e está preso na Romênia por suspeita de estupro e tráfico de pessoas.
Mas a maior parte do entusiasmo pela resposta de Greta certamente vem do fato de que uma garota de 19 anos foi atacada online por um idiota arrogante e não apenas se manteve no salto, como também deu uma resposta fulminante, que tornou o provocador motivo de chacota. Gol de placa.
A internet já era um ambiente que incitava as pessoas a perder o controle e atacar os outros. As redes sociais elevaram isso à décima potência.
O que mais tem por aí é CEO de mais de 50 anos que não têm nenhum equilíbrio quando é provocados, e isso é um problema. Se você lidera uma equipe ou uma corporação, já se tornou um exemplo ambulante de como lidar com o estresse em meio a uma crise ou com o veneno de uma provocação na rede social.
Se o seu modo padrão de reagir é “tiro, porrada e bomba”, então deve achar que é perfeitamente normal responder às provocações no mesmo nível – o que tende a deixar os clientes mais furiosos e pode culminar em demissões ou mesmo em ações judiciais.
Se é assim, por que será que líderes experientes, com vários diplomas universitários, fracassam na hora de manter o autocontrole, enquanto uma mulher de 19 anos dá uma aula de como “ficar fria”, apesar de receber críticas de detratores e de políticos extremistas?
Eles ignoram um processo de cinco estágios que nos permite controlar a irritação imediata e a descarga de adrenalina que vem com ela, mesmo diante de ofensas ultrajantes ou de insultos pessoais feitos para nos derrubar. Suspeitamos que a resposta de Greta seguiu os mesmos passos.
PASSO 1: PARE E RESPIRE
Isso é senso comum para qualquer um que se sinta tentado a disparar uma resposta contundente a um e-mail idiota ou a um tuíte ofensivo: não responda quando estiver com raiva.
Não importa o que foi dito ou escrito, não faça nada. Respire, faça outras coisas e deixe a poeira baixar.
A raiva inibe a ação da parte do cérebro que controla a função executiva. É por isso que dizemos coisas idiotas quando estamos com raiva – e nos arrependemos 30 segundos depois, quando a adrenalina diminui e o pensamento racional volta ao comando.
A tática desses polemistas de redes sociais é fazer o alvo perder a cabeça e reagir de forma estúpida. Por isso, quando for provocado, faça dos próximos 120 segundos uma zona “proibida”.
Não importa o que foi dito ou escrito, não faça nada. Respire, faça outras coisas e deixe a poeira baixar.
PASSO 2: FIQUE ACIMA DA BAIXARIA
Ok, agora você ficou mais calmo e já consegue voltar a pensar racionalmente. A primeira coisa a fazer é reconhecer que está sendo manipulado e se recusar a cooperar.
A manipulação é a única carta na manga de um provocador. O truque nessa fase é enxergar a manipulação e não se importar.
Você é muito importante, muito ocupado, muito inteligente para essas bobagens infantis. Essa postura vai protegê-lo contra a necessidade emocional de contra-atacar, para que possa responder mais tarde em seus próprios termos.
PASSO 3: MUDAR O CONTEXTO
O próximo passo é mover a luta para um território amigo. Tate queria irritar Greta com seu desrespeito pelo clima. Se ela tivesse dado audiência para as bobeiras que Tate disse, ele teria vencido.
Em vez disso, ela mudou os termos da conversa e jogou luz sobre o que a própria natureza daqueles ataques diziam sobre ele.
A manipulação é a única carta na manga de um provocador. O truque é enxergá-la e não se importar.
O contra-ataque de Greta foi afiadíssimo. Mas, em um contexto de negócios, insultar as pessoas geralmente não é a melhor maneira de ganhar amigos e manter clientes.
Felizmente, tentar recuar e ver a situação de fora funciona em qualquer situação. Apenas pergunte a si mesmo: “o que está acontecendo realmente?”
Todo ato de provocação tem alguma intenção ou significado oculto. Descubra qual é e dê alguns passos atrás para tratar desse tópico.
Faça uma mudança de tom firme, mas profissional, ao lidar com clientes ou colegas, ou uma mudança mais contundente, caso esteja em uma situação na qual alguém precisa sentir um pouco da sua ira.
PASSO 4: SE INSPIRE NO AIKIDO
A arte marcial do aikido consiste em redirecionar a energia do ataque de um oponente para desequilibrá-lo e derrotá-lo.
Greta virou o jogo contra Tate e fez de sua resposta um golpe na insegurança do macho alfa pela qual os misóginos são conhecidos. Ela passou-lhe uma rasteira e o só sobrou a ele dar uma tréplica esfarrapada.
Mais uma vez, o contexto importa. Se estiver envolvido em uma briga no Twitter, sinta-se à vontade para fazer picadinho do seu adversário.
Os trolls querem rir das pessoas que provocam, mas não suportam que riam deles nem sabem rir de si mesmos.
Mas, se está lidando com um e-mail de trabalho, com alguém perdendo o controle no Zoom ou com um cliente, redirecionar a energia do ataque que você sofreu não precisa se converter em um contra-ataque.
Pode ser simplesmente você esfriando a raiva de outra pessoa, para que aí todos consigam ter uma conversa produtiva. Não é preciso “vencer” para vencer.
PASSO 5: RIA OU ESCOLHA NÃO RESPONDER
O objetivo ao enfrentar a provocação não é apenas vencer uma batalha, mas desencorajar o outro a falar mais besteiras no futuro. Ameaças raramente surtem efeito, mas há duas táticas que funcionam.
A primeira é o riso. Os trolls querem rir das pessoas que se enfurecem com suas provocações, mas não suportam que riam deles e não sabem rir de si mesmos. Quando Greta zombou de Tate e toda a internet riu às gargalhadas com ela, ele já estava, efetivamente, derrotado.
Mas zombar de um cliente ou parceiro não é uma boa estratégia. Então, não diga nada. Deixe claro com sua contenção, com a sua linguagem corporal ou com seu silêncio que você percebeu e entendeu que foi provocado. Mas que, o que quer que tenha sido dito, você está escolhendo superar.
Você pode até retribuir a ofensa com compaixão ou gentileza. Responder à crueldade com bondade é um movimento de poder. Assim, é possível dobrar a outra parte sem humilhá-la. Isso é autocontrole.
Ah, e sempre separe seu lixo reciclável. Não é, Greta?