A inteligência artificial generativa pautou as mentes criativas do SXSW 2023

Crédito: Fast Company Brasil

Ricardo Cappra 1 minutos de leitura

Em 2019, quando estive no festival South by Southwest pela última vez, a inteligência artificial era apenas uma tendência que surgia nas salas menos disputadas do evento. O tema estava em painéis muito específicos, geralmente mais focados na explicação conceitual, nos debates sobre questões éticas do uso de máquinas ou tratando dos riscos dessas aplicações com relação ao trabalho de profissionais criativos.

Saltamos para o SXSW 2023. Palestras foram criadas utilizando ChatGPT, slides foram produzidos com o MidJourney, e aquilo tudo que parecia distante da realidade tornou-se uma prática da indústria criativa. Algumas das palestras mais desejadas tinham aplicações de inteligência artificial generativa como foco central da apresentação. Foi assim com Kevin Kelly, Mike Bechtel, Amy Webb, Rohit Bhargava, entre tantas outras. A inteligência artificial tornou-se uma prática do setor.

Sempre que venho ao festival, faço questão de assistir a palestra de John Maeda. O conteúdo dele costuma ser extremamente detalhado, muitas vezes até complexo, mas gosto da forma como relaciona o design com diferentes contextos. Dessa vez ele escolheu a relação com a Inteligência Artificial e, não por acaso, ganhou o palco principal do evento. Maeda citou um livro de Nicholas Negroponte chamado “The Architecture Machine”, de 1967. Nessa obra, o autor explica a tecnologia da informação, ilustra suas implicações na sociedade e na cultura, para então discutir como os arquitetos poderiam usar esse recurso para realizar seu trabalho.

Agora é a vez da inteligência artificial generativa invadir o trabalho criativo.

Nessa nova realidade, a IA pauta a mente criativa, sistemas artificiais orientam e realizam parte das tarefas criativas, e o agente humano coordena e complementa esse trabalho. A IA já está ajudando profissionais na criação de textos, imagens, roteiros, filmes, músicas e em tudo aquilo que conhecemos como produto dessa indústria.

O festival foi um notório impulso para uma indústria criativa mais automatizada, em que as máquinas tornam-se parte importante do processo de criação. Surge assim uma era pautada pela criatividade generativa. Com essa fusão de funções artificiais com habilidades humanas será necessário estabelecer papéis e responsabilidades, garantindo assim uma boa convivência entre as partes nessa atuação colaborativa.


SOBRE O AUTOR

Ricardo Cappra é pesquisador de cultura analítica, autor e fundador do Cappra Institute for Data Science saiba mais