Como o algoritmo da Netflix pode ajudar a combater as mudanças climáticas

Bancos de dados usados para fornecer conteúdo personalizado também podem ser aproveitados para ajudar as empresas a reduzir as emissões de carbono

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Harry Powell 5 minutos de leitura

Isso é algo que acontece inúmeras vezes por dia, todos os dias: a Amazon recomenda algum produto a um cliente, o LinkedIn sugere uma nova conexão, o Facebook e o Instagram apresentam conteúdo personalizado aos usuários e a Netflix propõe algum programa que o assinante pode gostar.

Essas plataformas têm algo em comum: nos bastidores, tecnologias de banco de dados gráfico estão sendo usadas para traçar relações em meio a enormes quantidades de dados diversos. Elas também identificam padrões no histórico de compras, associações e interesses do cliente.

Um grande obstáculo é a má qualidade dos dados.

Além dessas empresas, bancos de dados gráficos criados com objetivos específicos estão ajudando varejistas a fazer um raio X completo de seus compradores, auxiliando as empresas de serviços financeiros a identificar fraudes e dando às seguradoras de saúde uma visão unificada das interações médicas de seus pacientes.

Mais recentemente, os bancos de dados gráficos estão começando a servir como uma ferramenta potencial para lidar com um problema ainda mais profundo: a mudança climática.

EMISSÕES "INDIRETAS"

As empresas estão sob pressão para reduzir suas emissões de CO2 e ajudar a evitar que o planeta aqueça a níveis insustentáveis. Mas muitas delas enfrentam uma lacuna em sua capacidade de fazê-lo.

O problema é o seguinte: uma empresa até consegue controlar suas próprias emissões diretas e os tipos de energia que compra. Mas há uma terceira fonte enorme: emissões não associadas à própria empresa, e sim às outras partes, como seus parceiros da cadeia de suprimentos.

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Essa questão é conhecida “emissões do Escopo 3” – emissões de carbono resultantes das atividades de entidades que não são de propriedade ou controladas diretamente por uma empresa.

“O escopo 3 geralmente é onde está o impacto”, diz um relatório da Deloitte publicado em julho de 2021, observando que eles podem representar mais de 70% da pegada de carbono de uma empresa.

Há uma consciência crescente de que as organizações precisam aprofundar sua cadeia de valor e avaliar como o escopo 3 está afetando sua estratégia mais ampla para diminuir os gases de efeito estufa.

Recentemente, a Securities and Exchange Commission (SEC) dos EUA propôs novas regras para empresas públicas. Elas incluem a exigência de divulgar as emissões pelas quais são indiretamente responsáveis, em suas cadeias de suprimentos e produtos. Um movimento semelhante está em andamento na União Europeia.

Um grande obstáculo, no entanto, é a má qualidade dos dados. As empresas geralmente sofrem para identificar suas emissões de escopo 3. Muitas vezes, elas não têm certeza do que devem medir e de como devem medir. Sem isso, é impossível mapear o que realmente está acontecendo e dar os passos necessários para a melhoria.

É aí que entram os bancos de dados gráficos. Por serem tão poderosos na construção de uma visão conectada de dados díspares, eles são a solução ideal para rastrear dados ambientais em grandes cadeias de valor e para fornecer informações em tempo real sobre os efeitos dos gases do efeito estufa.

Por exemplo, usando um inventário de dados de relatórios ambientais, sociais e de governança (ESG), estatísticas governamentais e informações proprietárias, uma empresa pode conectar uma variedade de pontos sobre o uso de recursos e emissões entre seus fornecedores e clientes.

LIGANDO OS PONTOS

Embora essas informações estejam prontamente disponíveis, coletar e integrar os dados geralmente é caro e complexo. Qual seria, então, o caminho mais fácil? Capacitar as cadeias de suprimentos para realmente compartilhar o que elas estão fazendo no domínio do escopo 3 e para mapear o que está acontecendo, e onde.

As organizações precisam avaliar como o escopo 3 está afetando sua estratégia mais ampla para diminuir os gases de efeito estufa.

Apesar de ser mais fácil falar do que fazer, usar um banco de dados gráfico pode ajudar a conectar dados granulares em tempo real, compartilhados por operadores em toda a cadeia de suprimentos. Assim, seria mais fácil identificar gargalos e causas principais das emissões do escopo 3.

A tecnologia de gráficos funciona conectando diferentes fontes de dados para revelar conexões, relacionamentos e padrões do mundo real para gerar mais valor e tomar decisões mais bem informadas.

Esses dados podem incluir o número, tipo e fonte de insumos e recursos, bem como os processos de fabricação e distribuição. Isso tudo, quando combinado, forma um mapa do sucesso dos compromissos de sustentabilidade.

O uso de bancos de dados gráfico para aprofundar as relações do escopo 3 não é essencialmente diferente de como o LinkedIn usa a tecnologia para descobrir conexões mais profundas entre os usuários.

Bancos de dados gráficos são a solução ideal para rastrear dados ambientais em grandes cadeias de valor.

“Por que o LinkedIn precisa de um banco de dados gráfico?” a empresa perguntou em um post de 2020. Porque grande parte do valor da plataforma para membros médios reside em sua rede de segundo grau.

"São as conexões de suas conexões, como o colega de um antigo amigo de escola ou o novo chefe de um colega de trabalho de um emprego anterior”, explica o post.

Alguns trabalhos interessantes estão surgindo para aplicar no combate às mudanças climáticas essa tecnologia que funcionou tão bem para o LinkedIn, para a Netflix e para outras plataformas.

Por exemplo, o projeto KnowWhereGraph, da Universidade da Califórnia, conta com a tecnologia para pilotar um gráfico de conhecimento aberto que conecta dados de vários conjuntos de dados massivos e em rápida mudança. Quando alinhados, eles produzirão insights para a formulação de políticas ambientais, de segurança alimentar, saúde do solo e ajuda humanitária.

No fim das contas, o aumento da atenção dada à questão do escopo 3 é algo que nos traz alguma esperança nas estratégias mundiais de combate às mudanças climáticas.


SOBRE O AUTOR

Harry Powell é head de soluções para a indústria da TigerGraph. saiba mais