Clínicas de longevidade oferecem tratamentos contra o envelhecimento

Com a promessa de prolongar a vida, tratamentos recorrem a métodos que agem até mesmo no nível celular. Mas eles não são baratos

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Sarah Bregel 3 minutos de leitura

A tentativas de retardar ou reverter os efeitos do envelhecimento não são novidade na história humana. Seja fazendo caminhadas diárias ao ar livre ou injetando produtos químicos na testa para congelar as rugas, as tentativas de manter a juventude podem variar de cotidianas a extremas.

A novidade é que agora o envelhecimento deixou de ser visto por alguns como uma etapa normal da vida. Ele está sendo encarado como uma “doença”.

a expectativa é que, até 2030, a indústria da longevidade se torne um mercado de US$ 44 bilhões.

Embora essa ideia seja controversa, tem gerado alguma repercussão. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já voltou atrás na decisão, mas esteve prestes a reconhecer o envelhecimento como uma doença, propondo a “velhice” como diagnóstico.

Essas discussões têm se refletido em uma mudança significativa na linguagem. Afinal, se o envelhecimento for classificado como doença, isso significa que é uma condição tratável. Se for assim, não apenas novas terapias e tratamentos surgirão como ficará aberto o caminho para que os tratamentos sejam cobertos pelos planos de saúde.

Embora estejamos distantes dessa realidade, muitos tratamentos já existem e estão disponíveis – pelo menos para quem pode pagar.

TECNOLOGIA E QUALIDADE DE VIDA

Tratamentos que desafiam as barreiras da idade estão sendo oferecidos pelas chamadas clínicas de longevidade, que se multiplicam no mundo todo. Elas oferecem, inclusive, tratamentos no nível celular, com detecção precoce de doenças como câncer, medição de biomarcadores de envelhecimento e intervenções anti-idade.

Essas intervenções podem incluir qualquer método, desde dietas e exercícios a terapia hormonal e com células-tronco, terapias genéticas, máscaras respiratórias projetadas para aumentar a energia, câmaras hiperbáricas de oxigênio, terapia de luz e até um tratamento chamado plasmaférese,

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que é o processo de remoção de substâncias nocivas do sangue, usado para tratar uma variedade de doenças.

A Human Longevity Inc. é uma famosa clínica com unidades nas cidades de São Francisco, San Diego e Pequim. Em seu site oficial, eles anunciam orgulhosamente que sua tecnologia pode ajudar os pacientes a viver “100 anos ou mais”.

Não é exagero. Graças a sua plataforma de saúde, a clínica coletou dados de 1.190 indivíduos. Os números mostram que 40% dos pacientes assintomáticos exigiram intervenção médica que tratou preventivamente uma doença, enquanto 14% fizeram descobertas que exigiam atenção imediata.

Essencialmente, a clínica é apenas uma forma de cuidado preventivo ultraproativo, em que as doenças que têm propensão para se desenvolver ou que estão próximas de se manifestar são interrompidas.

muita gente que não concorda com a ideia de encarar o envelhecimento como doença.

Certamente eles prescrevem uma bateria de exames mais extensa do que a maioria das pessoas jamais imaginaria passar na vida. Isso porque o objetivo é ambicioso: uma existência mais longa e saudável.

É claro que isso tem um custo. De acordo com a Allied Market Research, a expectativa é que, até 2030, a indústria da longevidade se torne um mercado de US$ 44 bilhões. 

Em uma dessas clínicas, a Rosebar, no Six Sense Ibiza, inaugurada em 1º de abril, um programa de sete dias chega a custar US$ 4.556 – hospedagem e alimentação à parte. Mas, quando lembramos que os EUA gastam mais de US$ 4,5 trilhões em assistência médica, começa a fazer sentido investir em cuidados preventivos.

ENVELHECER NÃO É DOENÇA

Ainda é um pouco estranho pensar na idade como uma doença para a qual existiriam curas possíveis, e tem muita gente que não concorda com a ideia de encarar o envelhecimento dessa forma.

Daniel Belsky, professor assistente da Columbia Mailman School of Public Health, é um dos especialistas que discorda dessa visão. No ano passado, em visita ao MIT Technology Review, ele disse que “o envelhecimento é uma causa de doenças, mas não uma doença em si”. Há muitos outros profissionais que concordam com Belsky. 

Mesmo que os cientistas estejam divididos sobre qual abordagem e linguagem adotar, a maioria parece concordar que estratégias recentes, como o uso de dados concretos de nossos corpos para fazer varreduras, investigação do DNA e de biomarcadores são caminhos para prolongarmos a existência e melhorar a qualidade de vida.


SOBRE A AUTORA

Sarah Bregel é uma escritora, editora e mãe solteira que mora em Baltimore, Maryland. Ela contribuiu para a nymag, The Washington Post... saiba mais