Que tal tentar um método mais produtivo do que o brainstorming?

O brainstorming é divertido de fazer e as pessoas gostam. Mas é apenas mais um exercício e tem seus próprios vieses

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Stephanie Vozza 4 minutos de leitura

Para permanecer relevante ou na vanguarda de um setor, é preciso inovar. Muitas empresas recorrem ao brainstorming como um método para gerar novas ideias. Mas nem sempre essa é a melhor maneira de ser original, diz Sheena Iyengar, autora de "Think Bigger: How to Innovate" (“Pense grande: como inovar”, em tradução livre)

"O brainstorming certamente desperta muita emoção e engajamento", diz ela. “É divertido de fazer e as pessoas costumam curtir. Mas é apenas um exercício, que tem vieses inerentes à forma como está estruturado.”

Iyengar é uma cientista que estuda escolhas e dá aulas de negócios no departamento de administração da Columbia Business School. Sua pesquisa busca encontrar novas formas e uma maneira melhor de reunir e selecionar ideias. 

O verdadeiro poder de escolha vem da  capacidade de combinar o exercício de fazer escolhas com o exercício de imaginar. "Se juntarmos essas duas coisas, é isso que leva à construção das combinações mais interessantes”, diz.

Para substituir o brainstorming, Iyengar criou um processo de seis etapas que ela chama de “mapeamento de escolha”.

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1. Delimite o problema

Parece simples, mas o problema pode não estar evidente. Por exemplo, o problema pode ser que você precise estar ciente de possíveis tecnologias disruptivas. Ou você pode querer saber como tornar sua linha de produtos atual mais neutra em carbono.

“Einstein disse uma vez: 'se eu tivesse uma hora para resolver um problema, passaria 55 minutos pensando no problema e cinco pensando nas soluções'”, cita Iyengar. “Faça como Einstein: escreva e reescreva, contextualize e ressignifique sua questão a partir de inúmeras perspectivas para descobrir o problema que é mais significativo e viável de resolver.”

2. Decomponha 

“Quase toda empresa de consultoria tenta fazer algum tipo de análise de problemas ou análise da indústria”, diz Iyengar. “A única coisa diferente na maneira como eu os decomponho é que faço com que as pessoas prestem muita atenção às limitações cognitivas.”

Para ultrapassar as limitações, divida o problema em subproblemas. Você pode identificar vários subproblemas, mas não pode escolha mais do que cinco. Os subproblemas são uma peça do quebra-cabeça maior. “Se você conseguir resolvê-los, estará resolvendo cerca de 90% do problema maior”, diz Iyengar.

3. Considere as vontades 

Determine o que você deseja ou imagina sentir quando resolver o problema. “Na maioria das vezes, quando as pessoas perguntam: ‘O que você pretende alcançar? Quais são seus objetivos? Quais são suas métricas?', elas respondem de modo muito objetivo. Só que nós não somos criaturas objetivas. Por isso, é importante ter em mente a pergunta: 'como você quer se sentir?'”

“Todo mundo tem algum sentimento em relação aos próprios objetivos, e você pode simplesmente revela-los, porque isso servirá como critério de seleção”, diz ela. “E se isso não servir como critério de seleção, você nunca ficará motivado a acatar as ideias.”

4. Pense dentro e fora da caixinha

A quarta etapa é criar um processo estruturado para coletar informações relevantes por meio da criação de uma matriz. Com o problema dividido em cinco subproblemas, encontre dois exemplos de como o subproblema foi resolvido em seu setor e três exemplos de como ele foi resolvido fora de seu setor.

“Quando alguém tem um problema, logo vai investigar o que seus concorrentes fizeram e estudar sua própria área. Em um mapa de escolhas, apenas 20% são dedicados à expertise do próprio setor. Se você quer soluções fora da caixa, então você precisa olhar para o que existe em outras caixas.”

5. Crie um mapa de escolhas

Escolha uma opção por subproblema e determine como você pode combiná-las para criar uma nova solução. “São muitas opções possíveis para combinar. Duas pessoas nunca imaginam a mesma coisa com os mesmos materiais em mãos. Enxergue as opções separadamente, não ao mesmo tempo. É assim que você vai conseguir uma diversidade real.”

6. Faça o “teste do terceiro olho”

O mapeamento de opções pode criar milhares de soluções exclusivas. Compare seus desejos para obter uma pontuação geral e, em seguida, use sua pontuação geral para identificar suas cinco principais ideias diferentes. Mas não pare por aqui.

“Você pode até achar que sua ideia é ótima na sua cabeça, mas não sabe realmente o que essa ideia significa quando sai dela e ganha o mundo.” Evite postar a ideia em um fórum onde você pode gostar ou não gostar dos comentários. Em vez disso, descreva-a para alguém e peça que essa pessoa a repita para você.

“O que você precisa saber é: o que os outros estão vendo?” diz Iyengar. “Quando eles contam sua ideia de volta para você, o que te chama mais atenção? O que eles editaram ao recontar sua ideia? Talvez eles tenham reformulado e adicionado alguns detalhes interessantes que você nem pensou. Assim, você obterá informações valiosas para editar ainda mais a sua ideia.”


SOBRE A AUTORA

Stephanie Vozza escreve sobre produtividade e carreira na Fast Company. saiba mais