A IA pode ser a peça chave que faltava para a semana de 4 dias
“Graças à IA e à automação, a sociedade pode passar facilmente para uma semana de quatro dias", afirma Christopher Pissarides, professor da The London School of Economics e ganhador do Prêmio Nobel de Economia.
Segundo Pissarides, a evolução da IA permitirá que as pessoas foquem seu dia a dia em atividades que realmente trazem significado e realização e tirem a parte chata, burocrática e operacional de suas rotinas. Isso nos ajudará a trabalhar melhor, e não mais – condição essencial para a semana de quatro dias.
Apesar da transformação que vem acontecendo no mundo devido à evolução da tecnologia, a verdade é que hoje ainda a utilizamos mal. A semana de cinco dias começou há quase 100 anos e o mundo mudou completamente no último século, principalmente em relação à tecnologia em nossas vidas.
é preciso redesenhar a jornada de trabalho e aprender a trabalhar melhor. A inteligência artificial entra como peça fundamental desse redesenho.
Em 1930, o economista John Maynard Keynes previu que estaríamos trabalhando apenas 15 horas por semana, por conta dos avanços tecnológicos e dos ganhos de produtividade. Porém, quando olhamos ao redor vemos o oposto disso: um mundo adoecido, pessoas sobrecarregadas e trabalhando mais e não melhor.
A hustle culture, que valoriza o workaholism, resultados ambiciosos e estarmos sempre conectados não tem sido uma cultura produtiva. Estamos sobrecarregados, ansiosos e estressados, mas não somos produtivos. Trabalhamos muito, mas mal.
Há excesso de reuniões, de distrações (somos interrompidos a cada 11 minutos), de processos manuais e de mau uso da tecnologia e da comunicação. Isso tem gerado uma produtividade de somente duas a três horas por dia.
Por que então mantemos a jornada de trabalho de cinco dias por semana sem mudar nada, sendo que os indicadores são ruins, tanto em produtividade quanto em saúde mental? Será que não podemos fazer diferente?
O piloto da semana de quatro dias realizado pela 4 Day Week Global vem, nos últimos anos, questionando tudo isso e mostrando que é possível reduzir a jornada de trabalho e aumentar a produtividade, além de diversos ganhos para a saúde mental dos participantes, como redução do burnout, estresse e ansiedade, além de ganhos para a marca empregadora, como maior retenção e atração de talentos.
Tem sido um retorno positivo para todos, inclusive para a sociedade, aumentando a equidade de gênero, quando homens heterossexuais que passaram a trabalhar somente quatro dias começam a ajudar nos afazeres domésticos e na paternidade.
Mas além do desafio da mentalidade hustle, há ainda outro obstáculo para a semana de quatro dias: é preciso redesenhar a jornada de trabalho e aprender a trabalhar melhor. A inteligência artificial entra como peça fundamental desse redesenho.
Por que mantemos a jornada de cinco dias sem mudar nada, sendo que os indicadores são ruins, tanto em produtividade quanto em saúde mental?
Um exemplo de sucesso desse redesenho foi a Microsoft Japan, empresa em um país com a cultura do karochi (morte por excesso de trabalho), que aumentou em quase 40% a produtividade com a semana de quatro dias para seus 2,3 mil colaboradores.
A Microsoft focou em algumas mudanças práticas no redesenho da semana, a começar por regras para reuniões, visando reduzir a duração, a quantidade de participantes e trazer mais foco. Também promoveu a revisão de processos manuais que poderiam ser automatizados e do excesso de distrações durante o dia, melhorando a comunicação entre as pessoas. Não é somente tirar a sexta-feira, mas usar a tecnologia para um melhor desempenho no trabalho.
Os chatbots, como o ChatGPT e o Bard, podem gerar um ganho de produtividade e permitir que as pessoas se concentrem no que fazem de melhor.
Ao cuidar de tarefas repetitivas e menos significativas, a IA permite que os colaboradores usem seus dons e talentos de maneiras mais criativas e estratégicas. Isso ajuda a reduzir a carga semanal para 32 horas, mantendo os resultados planejados pela empresa.
Mas, na prática, como a IA pode ajudar a aumentarmos nossa produtividade?
- Produção: a IA pode ser usada para escrever conteúdos, discursos, pesquisas, pautas de reuniões, desenvolvimentos tecnológicos, entre outros.
- Análise de dados: a IA pode ajudar a resumir e organizar dados, resolvendo a parte operacional e deixando o trabalho mais estratégico para os colaboradores.
- Organização e planejamento de tarefas e gestão do tempo: a IA ajuda a planejar melhor e organizar a semana.
- Decisões estratégicas: a IA pode trazer um olhar diferente para analisar negócios, estratégias e planos.
- Codificação: a IA pode ajudar a resolver problemas e corrigir erros de codificação.
- Melhor uso das reuniões: a IA pode ajudar a escrever pautas previamente, para deixar reunião com mais foco.
- Trabalho em comunidade, com ferramentas como Notion: podemos usar a IA para construir conteúdos que sejam compartilhados com outras áreas e pessoas.
A verdade é que as possibilidades são inúmeras. Por mais que tenhamos medo do mau uso da inteligência artificial, com a possibilidade de menos privacidade e risco de deepfakes, o bom uso pode nos trazer ganhos incalculáveis em produtividade.
A Microsoft Japan aumentou em 40% a produtividade com a semana de quatro dias para seus 2,3 mil colaboradores.
É um caminho sem volta, assim como a construção de uma nova jornada de trabalho mais saudável, mesmo que em ambos os casos tenhamos aqueles que lutam contra a mudança.
A Reconnect Happiness at Work está trazendo ao Brasil o piloto da semana de quatro dias, em parceria exclusiva com a 4 Day Week Global.
Não será do dia para a noite a transformação. Há ainda muito ceticismo e dúvidas, mas a verdade é que, na maior parte das vezes, são mitos e crenças fortes que carregamos. Acreditamos que é preciso trabalhar muito para gerar resultados, sem entender que há novas possibilidades para trabalharmos melhor.
O modelo adotado é o 100-80-100™: 100% de pagamento do salário, trabalhando 80% do tempo e mantendo 100% da produtividade. É bom para a empresa, bom para os clientes e bom para os colaboradores. E, no fim, bom para a sociedade.
Podemos esperar de forma passiva o mundo mudar, lutar contra as mudanças ou ajudar a mudá-lo. O que você está fazendo?
"Seja a mudança que você quer ver no mundo."
Mahatma Gandhi