Além do ar-condicionado: 7 soluções arquitetônicas para resfriar ambientes

Designs mais eficientes podem ajudar a aliviar a sobrecarga da rede elétrica e prevenir quedas de energia

Crédito: Gensler

Adele Peters 4 minutos de leitura

As ondas de calor estão cada vez mais intensas, prolongadas e frequentes e apenas o ar-condicionado não é mais suficiente para manter uma temperatura agradável. É necessário também implementar soluções arquitetônicas para tornar os ambientes mais frescos e aliviar a sobrecarga da rede elétrica, prevenindo assim quedas de energia. A seguir, apresento sete estratégias que os arquitetos estão adotando.

1. Telhados “guarda-chuva”

Em um edifício de escritórios convencional, a fachada de vidro não é capaz de bloquear os raios solares, mesmo quando o vidro é triplo. Mas um telhado projetado para fora pode fornecer sombra o suficiente para impedir a entrada excessiva de calor. Além disso, também pode servir de proteção para os pedestres na rua.

Campus da Friendship Foundation, em Los Angeles, conta com um telhado guarda-chuva para proporcionar áreas de sombra (Crédito: Gensler)

Essa solução de design está sendo adotada em regiões que de repente se deparam com altas temperaturas. Árvores, obviamente, também são uma fonte de sombra para os prédios, mas o telhado “guarda-chuva” é um recurso especialmente útil para áreas propensas à seca.

2. Fachadas extras

Na Universidade de Oregon, arquitetos da Mithun começarão a testar um novo conceito de design. Um dormitório foi dividido para criar um pátio fechado na parte sul da unidade, que funciona como uma fachada extra para aliviar o calor. Ele é acessado através de uma porta de vidro de correr que pode ser fechada quando a temperatura externa atinge níveis altos.

Dormitório da Universidade do Oregon terá um pátio interno para aliviar o calor (Crédito: Kevin Scott)

Persianas também ajudam a bloquear o calor, enquanto azulejos de cerâmica ajudam a capturá-lo. Os arquitetos realizarão um estudo comparando a temperatura e o consumo de energia no dormitório com outro ao lado. Se os resultados forem satisfatórios, essa mesma estratégia poderá ser aplicada a edifícios já existentes.

3. Alteração do formato

O formato de um prédio afeta a sua capacidade de se manter fresco. Uma esfera, por exemplo, possui a área menor de superfície em comparação com o espaço interno, por isso requer menos energia para controlar a temperatura externa.

Quando o escritório de arquitetura Gensler projetou um novo edifício para o Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, inicialmente, seu formato era retangular e tinha três andares. Mas o redesenharam para que fosse quadrado e com quatro andares, já que esse novo formato se mostrou “consideravelmente mais eficiente”. Adicionar mais um andar também contribui muito para isso, pois ele fica mais isolado do exterior.

4. Telhados verdes

Muitas cidades oferecem incentivos para revestimentos de telhado branco, uma forma de ajudar a manter os prédios frescos, refletindo o calor. Na Califórnia, em algumas áreas, novas construções são obrigadas a utilizar telhados “frios” desse tipo. Mas há uma ressalva. “Eles são bons para o edifício, mas ruins para o microclima”, observa Anthony Brower, líder global de ação climática e sustentabilidade na Gensler.

Telhado verde instalado na sede do Grupo Viettel, no Vietnã (Crédito: Gensler)

Quando o calor é refletido, o ar ao redor fica mais quente. Mas novos revestimentos ultrabrancos, capazes de refletir o calor para mais longe na atmosfera, poderiam mudar essa dinâmica. O problema é que ainda não estão disponíveis comercialmente. Enquanto isso, Brower sugere que mais prédios adotem telhados verdes, cobertos por plantas, para manter o ambiente interno mais fresco.

5. Modelagem do clima futuro

Alguns anos atrás, quando a Universidade da Califórnia, em San Diego, decidiu transformar um estacionamento em um novo complexo com dormitórios e salas de aula, os arquitetos da HKS utilizaram um software para entender como o clima local será no futuro e rapidamente criaram modelos para avaliar o desempenho de diferentes designs.

Arquitetos usaram um software para entender como será, no futuro, o clima local no campus da Universidade da Califórnia em San Diego (Crédito: Tom Harris)

O projeto final inclui aletas verticais e horizontais na fachada para fornecer sombra. Além disso, os prédios também aproveitam a queda de temperatura durante a noite, tanto através de janelas e aberturas, quanto por meio de sistemas de ventilação cruzada, que permitem a entrada de ar fresco.

6. Deslocamento do núcleo

Em prédios de escritórios maiores, os elevadores, escadas e sistemas mecânicos costumam ficar no centro. Contudo, se esse núcleo for deslocado para o lado sul do edifício, é possível isolar os escritórios do calor, reduzindo a necessidade de ar-condicionado. Essa mudança também ajuda a criar um espaço amplo no interior.

7. Abordagem horizontal

Prédios altos com fachada de vidro plana absorvem facilmente o calor. Mas adicionar varandas pode proporcionar sombra nos andares abaixo. A Gensler utiliza essa abordagem tanto em edifícios residenciais quanto em escritórios, onde varandas são menos comuns – e os funcionários apreciam ter um pouco de espaço ao ar livre.

Neste prédio em Culver City, na Califórnia, cada varanda projeta sombra no andar de baixo (Crédito: Gensler)

As soluções mais adequadas para um determinado prédio dependerão de sua localização e de outras particularidades. No entanto, é possível reduzir drasticamente a necessidade de ar-condicionado com um design eficiente.


SOBRE A AUTORA

Adele Peters é redatora da Fast Company. Ela se concentra em fazer reportagens para solucionar alguns dos maiores problemas do mundo, ... saiba mais