Precisamos recuperar nossa capacidade de sonhar

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Paula Englert 2 minutos de leitura

As pessoas estão cansadas de consumir compromissos. Elas precisam viver os resultados. Já imaginou o seu negócio sendo responsável por despoluir a Baía de Guanabara? Por transformar o Tietê em um rio banhável? Ou em ter sua empresa vinculada ao aumento do IDH de uma região?

A humanidade hoje enfrenta grandes desafios. Vivemos, nos últimos anos, um congelamento das nossas emoções. Crises socioeconômicas, pandemia, passivos sociais, impactos ambientais negativos, polarizações ideológicas: a somatória disso acabou nos paralisando. Por culpa, medo, cautela, ou por tudo junto e misturado, nos encontramos adormecidos e com muito receio de errar.

O futuro não está sendo sonhado, está sendo aceito como distópico. E, cada vez mais, vemos marcas entregando menos do que potencialmente poderiam realizar. O alarme já tocou faz tempo, mas ainda não conseguimos despertar. Não abrimos os olhos para encarar a realidade, abraçar as oportunidades e as imensas necessidades que estão aqui.

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É fundamental ir além das práticas ESG e discursos de comprometimento com a sustentabilidade. As marcas devem honrar sua grandeza e sonhar na mesma medida sobre o impacto positivo que podem gerar para as pessoas e o planeta.

Compensar débitos do passado é importante, mas é premissa, deve ser o compromisso mínimo. Agora, agir – e não apenas reagir – é o que devemos fazer para promover a mudança que queremos e alcançar os resultados de que precisamos. Sustentabilidade, diversidade e equidade são palavras bonitas, mas são substantivos. Devem ser verbos de ação.

“As melhores marcas do mundo serão as melhores marcas para o mundo”. O dono dessa frase é John Elkington que, em 1997, apresentou a concepção de Triple Bottom Line (TBL). No entanto, 25 anos depois, fez um recall do próprio conceito, afirmando que este estaria causando um efeito placebo.

Em suma, Elkington afirmou que o principal impacto do TBL foi dar às empresas a impressão de estarem fazendo o bem – e, assim, sentirem-se melhor – enquanto os problemas reais permaneciam sem solução.

grandes sonhos resolvem grandes problemas e geram grandes resultados. Se arriscar não é mais uma opção, mas o único caminho.

A construção de uma marca relevante no futuro está 100% vinculada ao impacto positivo que ela gera hoje, ao tamanho dos problemas que ela se dispõe a resolver. Essa é a verdade. Então, não adianta só trabalhar na superfície, na epiderme. “[...] não quero faca nem queijo./Quero a fome.”, já escreveu Adélia Prado, enaltecendo a vontade de comer, que é o que nos move.

É imperativo trabalhar pela lógica do desejo para movimentar a estrutura, nutrir a essência e promover uma real mudança de hábito. Estamos fazendo pouco e sozinhos, enquanto a nossa demanda é de fazer muito e juntos.

A equação é tão complexa que parece simples, mas requer ousadia: grandes sonhos resolvem grandes problemas e geram grandes resultados. Isso quer dizer que se arriscar não é mais uma opção, mas o único caminho.

Devemos aumentar o calor da chama. Temos buscado cada vez mais certezas (de preferência as absolutas), mas elas só existem em fogo brando. A ebulição do novo vem com a chama alta.

Urge a recuperação da nossa capacidade de sonhar – e esses sonhos precisam ser ação, precisam ser corporativos e, acima de tudo, precisam ser coletivos. É essa a abordagem necessária para os grandes desafios do mundo hoje.


SOBRE A AUTORA

Paula Englert é CEO da Box1824, empresa focada em desenhar estratégias de negócio baseadas em visões de futuro. Apaixonada por decodif... saiba mais