Pesquisa mostra que calor extremo pode fazer a pessoa “perder a cabeça”
Estudo comprova efeitos negativos das altas temperaturas na saúde do cérebro
O impacto do calor extremo sem precedentes está se manifestando de múltiplas maneiras – de incêndios que devastam cidades até o impacto econômico avassalador e a destruição de recifes de coral e de vida selvagem.
O planeta, em constante aquecimento, enfrenta novos desafios diariamente. Agora, estamos aprendendo mais sobre os efeitos cognitivos que temperaturas extremas podem ter em adultos mais velhos.
De acordo com um novo estudo publicado no “Journal of Epidemiology and Global Public Health”, o calor extremo pode agravar o declínio cognitivo entre populações vulneráveis, especialmente em adultos mais velhos afrodescendente, bem como aqueles que vivem em áreas de baixa renda.
“Nossa pesquisa apontou que a exposição cumulativa ao calor extremo pode prejudicar a saúde cognitiva, mas o faz de maneira desigual entre a população", afirmou Eunyoung Choi, pós-doutoranda na Escola de Saúde Pública da Universidade de Nova York e autora principal do estudo.
o calor extremo pode ter efeitos cumulativos na saúde cerebral, com sintomas mais pronunciados em idosos em situação de vulnerabilidade.
Já sabemos que o calor extremo tem um impacto devastador na saúde geral. Em todo o mundo, as mortes relacionadas às altas temperaturas aumentaram drasticamente desde o início dos anos 2000, aumentando em cerca de 70%.
À medida que países da Europa e da América do Norte continuam a enfrentar as temperaturas mais altas desde que começaram as medições, espera-se que esses números aumentem.
O calor extremo é ainda a principal causa de mortes relacionadas ao clima. No entanto, também se manifesta na forma como os adultos lidam com o envelhecimento do ponto de vista cognitivo.
Como parte de um estudo de saúde e aposentadoria realizado pelo Instituto de Pesquisa Social da Universidade de Michigan, dados de quase 9,5 mil adultos norte-americanos (com idade a partir de 52 anos), pesquisados ao longo de um período de 12 anos, foram analisados para compreender como os impactos cognitivos se manifestam.
Os pesquisadores descobriram que fatores socioeconômicos desempenharam um grande papel no declínio cognitivo e que a exposição cumulativa ao calor extremo resultou em um declínio mais rápido em adultos negros mais velhos em comparação com adultos brancos ou hispânicos de idades parecidas.
“O declínio cognitivo pode não se manifestar imediatamente após um único evento de calor, mas exposições repetidas ou prolongadas ao calor extremo podem ser prejudiciais", explica Virginia Chang, professora associada de ciências sociais e comportamentais e uma das autoras do estudo.
Segundo ela, esse tipo de exposição pode causar "danos celulares, inflamação e estresse oxidativo.” Ou seja, o calor extremo pode ter efeitos cumulativos quando se trata da saúde cerebral, com sintomas mais pronunciados em idosos em situação de vulnerabilidade.