Nem cerveja, nem refrigerante: é a vez da garrafa de vinho reciclável

Startup está lançando um sistema inovador para reutilização de garrafas de vinho e planeja expandi-lo em grande escala

Crédito: Revino

Adele Peters 2 minutos de leitura

Se você for a Oregon, nos EUA, no ano que vem e decidir comprar uma garrafa de vinho local, é possível que se depare com a palavra “reutilizável” gravada no vidro. Quase 20 vinícolas já se uniram para colaborar com a startup Revino, que está introduzindo um novo sistema de coleta, limpeza e reutilização de garrafas, com planos de expandir o serviço pelos EUA, onde a indústria de bebidas utiliza mais de 16 bilhões de garrafas de vidro descartáveis por ano.

Keenan O’Hern e o cofundador Adam Rack, que já trabalharam em uma vinícola, foram os responsáveis por desenvolver o novo sistema. Eles começaram projetando uma garrafa padronizada, com um design único, para que possa ser facilmente reconhecida ao ser devolvida. O consumidor terá a opção de fazer a devolução diretamente às vinícolas ou em pontos de coleta que já são usados para reciclar latas e garrafas.

Crédito: Revino

A empresa ficará encarregada de lavar e higienizar todo o material, para que as garrafas possam ser levadas de volta às vinícolas e reutilizadas. O design padronizado permite que elas sejam reabastecidas por máquinas, em vez de manualmente – o que seria necessário caso as vinícolas usassem garrafas com formatos diferentes.

Inicialmente, elas serão utilizadas apenas por produtores locais. Mas, assim que o uso de garrafas retornáveis se tornar viável para vinhos que precisam ser transportados por maiores distâncias, a empresa expandirá o serviço para outras regiões do país.

A mesma lógica se aplica a outras bebidas, afirma Matt Littlejohn, vice-presidente sênior da organização sem fins lucrativos Oceana, que defende o uso de embalagens reutilizáveis para substituir o plástico de uso único. Na América do Sul, por exemplo, uma importante engarrafadora de Coca-Cola envia garrafas vazias por longas distâncias, de Santiago, no Chile, até a Patagônia.

Crédito: Revino

As taxas de reciclagem nos EUA são baixas, com menos de um terço das garrafas de vidro ou plástico sendo recicladas. Contudo, se elas se tornarem um recurso valioso para as empresas, em vez de lixo, é mais provável que as marcas encontrem maneiras de evitar que acabem em aterros sanitários. “Se as empresas forem donas das garrafas, elas vão querer recuperá-las, porque isso as ajudará a ter mais lucro”, afirma Littlejohn.

Para grandes empresas, é apenas uma questão de investir na infraestrutura necessária para coletar e reabastecer garrafas retornáveis. Littlejohn sugere que o financiamento poderia vir de títulos verdes criados para apoiar a economia circular. Em alguns casos, também seria possível optar por usar garrafas plásticas (ou de alumínio) em vez de vidro.

Não está claro o que seria necessário para que a PepsiCo e a Coca-Cola substituíssem todas as embalagens por garrafas retornáveis nos EUA – ou mesmo outras empresas, como a Anheuser-Busch, que já as utiliza em 40% de seus produtos globalmente, o que representa bilhões de litros de bebidas.

Mas a Revino quer provar que também é possível adotar garrafas retornáveis para produtores menores, começando pelo vinho e depois expandindo para outras bebidas, como refrigerantes e cerveja locais.

A empresa vai começar a entregar as novas garrafas para as vinícolas na metade do ano que vem e os primeiros vinhos a usar o sistema poderão ser encontrados em adegas, supermercados e restaurantes locais final de 2024.


SOBRE A AUTORA

Adele Peters é redatora da Fast Company. Ela se concentra em fazer reportagens para solucionar alguns dos maiores problemas do mundo, ... saiba mais