Operadora de turismo cria selo que indica pegada de carbono das viagens

A Intrepid Travel calculou as emissões de carbono de 500 dos seus itinerários mais populares e agora compartilha essas informações com os viajantes

Créditos: Jaime Reimer/ Pexels/ Freepik

Stirling Kelso 3 minutos de leitura

E se você pudesse descobrir o impacto ambiental de suas viagens de maneira simples, como se estivesse lendo as informações nutricionais em uma embalagem de alimento? Este é o objetivo da iniciativa de rotulagem de carbono da Intrepid Travel, uma operadora de turismo australiana.

Em um movimento pioneiro na indústria, a empresa está apresentando as emissões totais de carbono de cada um dos 500 principais itinerários em seu catálogo. Esses números representam a quantidade de CO2-e (dióxido de carbono equivalente) emitida por pessoa por dia durante a viagem e serão exibidos com destaque em cada pacote oferecido pela operadora, para que os turistas possam tomar decisões mais conscientes sobre suas férias.

A Intrepid trabalhou em parceria com a Ndevr Environmental, empresa australiana de consultoria especializada em desenvolver práticas comerciais sustentáveis e reduzir a pegada de carbono. Juntas, elas dividiram as emissões em seis categorias: acomodação, transporte, atividades, refeições, resíduos e operações internas da empresa.

Crédito: Intrepid Travel

A partir daí, a Ndevr forneceu estimativas com base em fatores como distância percorrida ou classificação de estrelas dos hotéis. Com esses dados, a Intrepid calculou a média da pegada de carbono por passageiro por dia.

“É mais uma estimativa do que um número exato”, observa James Thornton, CEO da Intrepid. “Mas os cálculos de carbono estão se tornando cada vez mais precisos, e planejamos atualizar os números à medida que a tecnologia avança.”

A empresa também pretende disponibilizar informações sobre suas iniciativas de compensação de carbono, como o programa de energia renovável “Tasman Environmental Market”, que apoia parques eólicos em Tamil Nadu, na Índia. Além disso, ajudará os viajantes a entender o que os números de CO2 representam, fazendo comparações simples com atividades cotidianas, como dirigir ou carregar um celular.

Crédito: Intrepid Travel

De acordo com uma pesquisa recente realizada pela Intrepid, em parceria com a Harris Poll, 60% dos turistas estão mais inclinados a reservar viagens com empresas transparentes em relação aos seus esforços de sustentabilidade e redução de carbono. 

Metade dos entrevistados afirmou que estaria disposta a mudar seus planos de viagem para reduzir a pegada de

as viagens respondem por 8% a 11% das emissões globais de carbono por ano.

carbono, mesmo que isso signifique um custo maior ou menor conveniência. E mais de metade (58%) disse que faria alterações em seus planos se pudesse verificar e entender facilmente seu impacto ambiental pessoal.

A rotulagem de carbono é a mais recente iniciativa da Intrepid para tornar suas operações mais sustentáveis. Como a maior B Corp do setor de turismo do mundo, ela alcançou a neutralidade de carbono em 2010.

Além disso, está trabalhando para eliminar mais de quatro mil voos de curta distância até 2024, bem como todos os voos panorâmicos, como parte de seus esforços para reduzir as emissões provenientes das viagens aéreas.

Tour pela Bolívia (Crédito: Intrepid Travel)

Outras empresas de turismo lançaram suas próprias iniciativas nos últimos anos. Em 2018, a canadense G Adventures criou o Ripple Score, um sistema de pontuação que mede a quantidade de dinheiro que permanece nas comunidades locais onde a empresa opera, em vez de ser direcionado para grandes entidades internacionais de turismo.

Em média, um passeio da G Adventures tem um Ripple Score de 93% – o que significa que 93% do dinheiro que ela gasta por viajante beneficia diretamente os lugares visitados.

Thornton afirma que está vendo surgir um movimento no setor para abordar o impacto ambiental da indústria – atualmente, as viagens respondem por 8% a 11% das emissões globais de carbono por ano –, mas muitos líderes ainda estão ignorando a questão.

“Nossa indústria contribui bastante para a emergência climática”, diz Thornton, “mas apenas uma pequena parte das empresas do setor de viagens e turismo realmente mede e reduz suas operações e cadeias de valor de carbono.”

O executivo ressalta que são os viajantes os responsáveis por impulsionar esse movimento, mas espera que eles não tenham que desempenhar esse papel por muito mais tempo.

“Acreditamos fortemente que a rotulagem de carbono logo se tornará uma prática padrão e, cada vez mais, parte da política governamental, colocando a responsabilidade da redução e compensação de emissões nas empresas, e não nos consumidores.”


SOBRE A AUTORA

Stirling Kelso é escritora e criadora de conteúdo. saiba mais