Mercado de cannabis medicinal movimenta R$ 700 milhões no Brasil
Em 2023, o valor do segmento cresceu 92% no país. Segundo consultoria Kaya Mind, 430 mil pacientes usam cannabis medicinal no país
Mesmo com todos os desafios legais, o mercado de cannabis medicinal movimenta R$ 700 milhões no Brasil. O valor é 92% maior do que o registrado em 2022. Se continuar nesse passo, o setor pode ultrapassar a marca do primeiro bilhão em 2024, segundo indica a consultoria Kaya Mind no segundo anuário da indústria de cannabis medicinal brasileira.
A aceleração se deu pela demanda. O número de pacientes da cannabis medicinal mais do que dobrou no país entre 2022 e 2023, para 430 mil Segundo Maria Eugenia Riscala, CEO da Kaya Mind, a abertura do setor de saúde para discutir o tema estimulou a procura pelo produto.
No Brasil, há mais de 1,7 mil produtos de 25 formas farmacêuticas da cannabis medicinal. “Quanto mais o assunto é abordado, mais os médicos e pacientes passam a compreender os benefícios dos tratamentos para diversas doenças”, aponta a executiva.
A diversificação de meios para encontrar a medicação, principalmente em farmácias, teve peso na expansão do mercado. De acordo com o levantamento, cerca de 97 mil pacientes têm acesso aos medicamentos à base de cannabis nas farmácias e por volta de 114 mil fazem o tratamento via associações. Os pacientes se dividem em mais de 3.671 (66%) municípios pelo país que já contam com ao menos um paciente de cannabis medicinal.
Considerando informações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a startup aponta que existem 219 mil pacientes que fazem importação de medicamentos de cannabis no Brasil. Os preços variam entre R$ 10,95 a R$ 2,089 mil.
Atualmente há 1.034 empresas e associações de cannabis medicinal em atuação no Brasil, entre empresas de importados, empresas que vendem nas farmácias, associações, clínicas, marketplaces e outros canais.
O maior número de empresas se concentra no primeiro grupo, que atua na facilitação do acesso e da importação de produtos à base de cannabis medicinal, por meio da Resolução 660 da Anvisa, somando mais de 500 empresas.
LEGALIZAÇÃO BILIONÁRIA
A discussão para legalizar a cannabis no Brasil segue por várias vias. Alguns estados, como o caso de São Paulo, têm leis que permitem o tratamento de pacientes utilizando a cannabis medicinal. Segundo levantamento da Kaya, apenas no Amazonas e no Ceará não há regulamentação sobre o uso da planta para tratamento de saúde. Ao todo, 16 estados contam com algum tipo de legislação e novas regras estão em tramitação.
No âmbito federal, o Projeto de Lei 399, que libera a plantação de cannabis sativa no país, está sendo discutido. A lei é considerada um passo importante para destravar ainda mais o mercado. Segundo Maria Eugênia, este é o próximo passo do setor de cannabis brasileiro.
De acordo com a Kaya Mind, caso houvesse uma regulamentação ainda mais ampla – que incluísse o uso medicinal, industrial e adulto (recreativo) –, haveria potencial para criar 328 mil empregos formais e informais no país. Em quatro anos, o setor geraria R$ 26,1 bilhões à economia brasileira.
Segundo Thiago Dessena Cardoso, cofundador e CIO da Kaya Mind, este é um mercado que está em constante crescimento e o capital gerado poderia movimentar a economia do país em bilhões de reais. “Uma regulamentação mais ampla garantiria que esses valores pudessem ser direcionados para políticas públicas sociais, ambientais, entre outras”, comenta.