Mesmo com acordo, IA continua a ser vista como ameaça a atores e roteiristas
Profissionais ainda não sabem ao certo como as tecnologias emergentes de IA afetarão seus empregos no futuro
Os membros do Sindicato dos Atores e da Federação Americana de Televisão e Rádio (SAG-AFTRA) votaram para ratificar o acordo com a Aliança de Produtores de Cinema e Televisão (AMPTP), encerrando oficialmente as históricas greves de Hollywood que paralisaram a maior parte da indústria por meses este ano. A participação na votação foi de mais de 38%, e 78% dos votantes optaram por aceitar o novo acordo.
Segundo o SAG-AFTRA, o acordo inclui mais de US$1 bilhão em financiamento para compensação e planos de benefícios, bem como um novo modelo de compensação para aqueles que trabalham em televisão via streaming. O acordo também estabelece requisitos de "consentimento informado" para o uso de IA e "limites de compensação".
Apesar de o acordo ter muitas disposições detalhando o uso de inteligência artificial por meio de réplicas digitais – deepfakes ou alterações digitais de artistas ou figurantes –, o uso de IA generativa em filmes foi deixado mais aberto, o que significa que os atores ainda não têm certeza de como o uso da tecnologia em Hollywood pode afetar seus empregos no futuro.
O QUE DIZ O CONTRATO
Especificamente, o contrato estabelece uma definição para "intérpretes sintéticos" criados por meio de IA generativa. Eles são definidos como como um ativo criado digitalmente que:
• Tem a intenção de criar (e cria) a clara impressão de que o ativo é um intérprete humano;
• Não é dublado por uma pessoa;
• Não é uma réplica digital;
• Não existe um contrato com um intérprete humano no papel retratado pelo ativo.
No entanto, o contrato não impede que os estúdios usem intérpretes de IA generativa em suas obras em vez de atores reais. O texto apenas afirma que as "partes reconhecem a importância da atuação humana em filmes" e que o sindicato será notificado e terá a oportunidade de "negociar de boa fé" se um intérprete sintético gerado por IA estiver sendo considerado para uso em vez de um ator humano.
Embora o uso de IA generativa agora permita ao sindicato negociar sobre sua inclusão em uma obra, parece não haver nada que impeça os estúdios de usar a tecnologia, independentemente de como ocorram as negociações. Portanto, as disposições do contrato sobre IA artificial generativa são uma vitória para a IA e os estúdios e uma perda para os atores humanos.
