Epic Games vence processo contra o Google. O que isso significa para a Play Store?
Esta semana, um júri de um tribunal federal dos EUA decidiu que a loja de aplicativos Android, do Google, foi protegida por barreiras anticompetitivas que prejudicaram os consumidores de smartphones e os desenvolvedores de software. Esta decisão representa um golpe e tanto para um pilar importante de um império tecnológico.
A loja é o principal local onde centenas de milhões de pessoas no mundo todo baixam e instalam aplicativos que funcionam em smartphones alimentados pelo software Android, do Google.
A Epic Games, fabricante do popular jogo Fortnite, entrou com uma ação contra a empresa há três anos, alegando que a gigante das buscas na internet estava abusando de seu poder para proteger sua Play Store da concorrência, a fim de preservar uma mina de ouro que gera bilhões de dólares anualmente.
Assim como a Apple faz com sua loja de aplicativos para iPhone, o Google cobra uma comissão que varia de 15% a 30% em transações digitais concluídas dentro de aplicativo.
“Vitória sobre o Google!", escreveu o CEO da Epic, Tim Sweeney, em uma postagem no X/ Twitter. Em um comunicado, a Epic comemorou a decisão como "uma vitória para todos os desenvolvedores de aplicativos e consumidores do mundo".
O Google planeja apelar da decisão, de acordo com uma declaração de Wilson White, vice-presidente de assuntos governamentais e política pública da empresa. "O Android e o Google Play oferecem mais escolha e abertura do que qualquer outra grande plataforma móvel", disse White.
Dependendo de como o juiz fará cumprir a decisão do júri, o Google pode perder bilhões de dólares em lucro gerado pelas comissões pagas à Play Store. A principal fonte de receita da empresa, a publicidade digital (vinculada principalmente ao seu mecanismo de busca), o Gmail e outros serviços não serão diretamente afetada pelo resultado do julgamento.
PERDAS BILIONÁRIAS
O advogado da Epic, Gary Bornstein, retratou o Google como um valentão implacável que emprega uma estratégia de "suborno e bloqueio" para desencorajar a concorrência contra a Play Store para aplicativos Android.
A big tech defendeu enfaticamente as comissões como uma maneira de recuperar os mais de US$ 40 bilhões investidos no desenvolvimento do software Android, que tem sido distribuído gratuitamente desde 2007 para fabricantes que competem contra o iPhone.
O Google também apontou para lojas de aplicativos Android concorrentes – como a instalada pela Samsung em seus smartphones – como evidência de que há, sim, concorrência livre. Junto com as lojas de aplicativos rivais pré-instaladas em dispositivos fabricados por outras empresas, mais de 60% dos telefones com o sistema operacional do Google oferecem opções alternativas para aplicativos Android.
No entanto, a Epic apresentou evidências afirmando que o Google distribui bilhões de dólares para companhias, como a fabricante de jogos Activision Blizzard, para dissuadi-las de abrir lojas de aplicativos concorrentes.
Além desses pagamentos, Bornstein também pediu ao júri para levar em conta as "telas de alerta" que aparecem, advertindo os consumidores sobre possíveis ameaças de segurança ao tentarem baixar aplicativos Android de outras lojas que não a Play Store.
O império Google enfrenta outro importante julgamento antitruste, que será decidido por um juiz federal após audiências finais em maio de 2024.
Esse processo coloca em discussão a relação próxima do Google com a Apple nas buscas online – a tecnologia que transformou o Google em uma palavra familiar alguns anos depois que dois ex-alunos da Universidade Stanford iniciaram a empresa em uma garagem no Vale do Silício, em 1998.
Com informações da Associated Press.