O valor do óbvio


Cristina Naumovs 2 minutos de leitura

Parece óbvio (desculpa, não consegui resistir), mas não é. O que está na sua frente não necessariamente fica claro pra você. Tem uma frase que minha analista usa que eu adoro: com a cara na parede, ninguém enxerga nada.

Não parece óbvio que vacinas funcionam? Não em 2022. Não pra empresas que acham que tudo bem patrocinar conteúdo que dizem que vacinas não funcionam. Mas existe um óbvio que talvez não estivesse na equação: eu decido onde e como gastar minha grana. E ela não vai virar capim para asnos negacionistas. É simples assim em 2022. É ESG na prática, na ponta das relações comerciais. 

Sei que parece simplista, e talvez seja mesmo, mas esse tem sido o grande problema das nossas relações comerciais e profissionais: a gente tem complicado as coisas demais. Ontem, em um grupo cheio de gente que eu admiro no WhatsApp, estávamos discutindo sobre vagas de trabalho que não falam sobre remuneração e há uma grande controvérsia sobre isso. Não deveria. Eu vou te vender minha mão de obra e preciso saber quanto você está disposto a pagar. Simples, não? Parece que não, porque gera uma grande rebelião da máquina de café.

Como eu posso pedir pra alguém se candidatar a uma vaga que ela não sabe quanto ganhará? Se isso funciona com CEOs, ótimo pra quem pode se dar a esse luxo, mas no Brasil de 2022, é uma sacanagem fazer as pessoas perderem tempo e dinheiro com conversas que não pagam os boletos. Não existe paixão pelo trabalho que resista a uma ligação do Serasa, dizendo que seu nome vai pro pau, eu te garanto. Vivi muito tempo nesse lugar e ele é infernal. Até hoje, muitos anos depois, tenho medo de números desconhecidos tocando no meu celular. Como é o ditado? Gato escaldado tem medo de água fria? Então…

O exercício criativo passa muito pela paz de espírito, pela tranquilidade na vida, pela possibilidade de consumir bons conteúdos que são, muitas vezes, pagos, como museus, viagens, restaurantes, streamings. A gente precisa entender que precisa ser bom pra mais gente, definitivamente. ESG não deveria ir pra vala em que foram parar outras palavras da moda.

Poderíamos pactuar que não vamos esgarçar mais os termos, mas vamos resolver os problemas? Ou você ainda tem paciência de ouvir que precisamos falar de diversidade e inclusão? Eu não tenho. O que eu tenho é pressa pra resolver, ainda na nossa geração. essas questões todas. Mas só funciona se você quiser também.

Não é óbvio?

Este texto é de responsabilidade de seu autor e não reflete, necessariamente, a opinião da Fast Company Brasil


SOBRE A AUTORA

Cristina Naumovs é consultora de criatividade e inovação para marcas como Ambev, Doritos e Havaianas, entre outras. Tem passagens pela... saiba mais