As apostas dos especialistas sobre o que vai “bombar” em tecnologia em 2024
Da revolução da IA à disputa pela supremacia nas redes sociais, há muitas incertezas quando olhamos para o ano que se inicia
O ano passado foi agitado para o mundo da tecnologia, com várias tentativas de banir o TikTok, a falência do Silicon Valley Bank e um ciclo interminável de polêmicas na OpenAI. Será que veremos esse mesmo ritmo frenético em 2024 ou as coisas vão desacelerar?
Perguntamos a especialistas de diversas áreas o que esperar para este ano.
IA CONTINUARÁ ENFRENTANDO PROBLEMAS
Margaret Mitchell, da empresa de inteligência artificial Hugging Face, acredita que em 2024 veremos “pelo menos um modelo [de IA] influente” perder relevância. Ela também prevê que o hype em torno da IA vai diminuir à medida que as pessoas perceberem que a tecnologia nem sempre oferece uma solução para nossos problemas.
“Eu arriscaria dizer que o hype em torno da IA generativa [para uso] em aplicações baseadas em fatos, como medicina e direito, diminuirá cada vez mais”, afirma.
Ao mesmo tempo, ela acredita que 2024 verá o surgimento de modelos específicos para determinadas tarefas e uma maior concorrência no setor de unidades de processamento gráfico para atender à demanda da IA. Também destaca os riscos de a IA ser usada para enganar pessoas – especialmente idosos, que ainda seguem o ditado “ver para crer”.
INTERFERÊNCIAS NAS ELEIÇÕES
É importante que todos estejamos atentos aos riscos de manipulações criadas com tecnologia em 2024, alerta Chris Hankin, professor do Instituto de Ciência e Tecnologia de Segurança do Imperial College London, no Reino Unido.
“O ano de 2024 será importante para a democracia tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, com cidadãos de 27 países da União Europeia votando nas eleições para o Parlamento em junho, com a corrida presidencial norte-americana e com a eleição parlamentar no Reino Unido.” No Brasil teremos eleições municipais este ano.
Combater comportamentos inadequados provavelmente será uma grande dor de cabeça. “Detectar e prevenir a desinformação e garantir a segurança cibernética do processo eleitoral provavelmente serão grandes desafios tecnológicos em 2024”, diz ele.
MARCAS LIDERADAS POR CREATORS CONTINUARÃO CRESCENDO
Desde a marca de shapeware de Kim Kardashian até a linha de bebidas isotônicas do youtuber e lutador Logan Paul, nos últimos anos, os creators têm demonstrado sua influência no mundo do comércio. O especialista em mídias sociais Matt Navarra acredita que essa tendência continuará em alta este ano.
“Ela será liderada por grandes estrelas do TikTok e do YouTube”, diz ele. “Veremos marcas tentando colaborar com eles e ficando em segundo plano no desenvolvimento desses produtos e serviços.”
THREADS SERÁ INTEGRADO AO INSTAGRAM
Essa ousada previsão vem do empresário Brendan Gahan. Pode parecer surpreendente, mas, de acordo com ele, é algo que já aconteceu antes. “O uso do Threads, da Meta, está diminuindo. Isso apesar do lançamento de novos recursos e da versão para a web. Para salvá-lo, eles terão que integrá-lo ao Instagram”, explica.
Basta olhar para o histórico da empresa. “Não houve um único aplicativo independente que a Meta lançou que conseguiu sobreviver”, diz ele. “Eles lançaram concorrentes independentes do TikTok, Snap e YouTube. Nenhum durou, mas esses recursos foram integrados ao Instagram”. O mesmo vai acontecer com o Threads, de acordo com Gahan.
CIBERCRIME FUNCIONARÁ COMO UM CARTEL
“A cibersegurança continuará sendo um dos principais riscos para organizações em 2024”, alerta Jody Westby, CEO da Global Cyber Risk. “O uso de IA generativa e deepfakes em ataques direcionados de phishing, malwares gerados por inteligência artificial e ataques automatizados serão grandes desafios.”
O que se tornou um grande problema para as organizações se transformará em uma epidemia de proporções consideráveis. “Comportamentos semelhantes a um cartel entre cibercriminosos vão aumentar e as camadas de players nesses ataques limitarão o poder que as empresas têm na negociação de resgates ou outros resultados, bem como na gestão das comunicações sobre o incidente”, afirma ela.
O METAVERSO DARÁ CERTO
O sucesso do metaverso era tão óbvio para Mark Zuckerberg que ele renomeou sua empresa em 2021 como Meta. No entanto, em 2022 e 2023, esse aguardado mundo virtual acabou não revolucionando nossas vidas. Mas, de acordo com Irena Cronin, CEO da consultoria de tecnologia Infinite Retina, as coisas podem mudar.
“Um metaverso 2.0 estará em pleno andamento, e não terá nada a ver com a ideia original de Zuckerberg”, diz ela. Sua ideia era que estaríamos constantemente conectados a um headset construído pela Meta, imersos em um mundo que sua empresa desenvolveu.
O Vision Pro, da Apple – o headset de US$ 3,5 mil anunciado em julho de 2023 –, poderia “potencialmente ser mais revolucionário do que o iPhone porque mudará a forma como usamos a computação”, sugere Cronin.