Royal Caribbean estreia o mais extravagante navio de cruzeiro que já se viu
7 piscinas, 6 toboáguas e uma pista de patinação no gelo: o gigantesco navio é um ícone do design exagerado
O maior e mais exagerado navio da história acaba de zarpar. No dia 27 de janeiro, a gigante dos cruzeiros Royal Caribbean inaugurou a primeira viagem do Icon of the Seas, seu mais novo navio de passageiros e o maior transatlântico de todos os tempos.
As estatísticas por si só já demostram a ambição do projeto: 365 metros de comprimento; 250,8 mil toneladas; espaço para mais de 5.610 hóspedes em 2.805 quartos; 2.350 tripulantes; 20 decks, sete piscinas (incluindo a maior em um navio); seis toboáguas (incluindo o mais alto a bordo de um navio); bar aquático; pista de patinação no gelo; casas de três andares para famílias (com um escorregador embutido); e uma fachada de vidro de três andares bem no saguão principal.
Os superlativos e as comodidades exageradas parecem ter relação com o desespero que o setor de cruzeiros enfrentou durante os períodos de quarentena da pandemia. Mas, com a retomada pós-pandemia, que levou a um recorde de reservas, o setor agora está se beneficiando daquilo que alguns chamam de "auge dos cruzeiros".
O Icon of the Seas, estreando sua primeira viagem de Miami para o Caribe, está lucrando com essa demanda reprimida. O design por trás desse gigante – um pouco espalhafatoso, um pouco cafona e com muita bebida – também pode estar mudando os rumos do setor.
"Somos uma empresa que acredita em relaxamento e diversão", resume Jay Schneider, diretor de informações da Royal Caribbean. O projeto do navio foi concebido para otimizar essas duas metas e baseou-se, em grande parte, em pesquisas com clientes e contribuições diretas.
Os dados sobre a maneira como as pessoas usam as comodidades de um navio de cruzeiro, do que elas gostam e do que reclamam ajudaram a Royal Caribbean a repensar como as embarcações de sua frota de 65 navios eram projetadas.
Para dar conta do relaxamento prometido como estratégia corporativa, os comentários dos clientes levaram a empresa a projetar mais pontos de acesso à água no Icon of the Seas, fosse por meio de fachadas de vidro maiores, de melhores vistas nos quartos ou de piscinas adicionais.
Schneider conta que este navio tem 62% mais água do que a última categoria de navios da empresa. Isso facilitou a criação de diferentes tipos de experiências aquáticas, como a área Surfside, voltada para a família. Ela tem uma piscina para crianças bem à vista de uma piscina exclusiva para adultos – que também serve bebidas.
Como uma empresa de cruzeiros voltada para a família, a diversão é essencial e faz parte da maneira como a Royal Caribbean entra na competição para ver quem oferece mais comodidades no setor de cruzeiros. Os toboáguas e as piscinas são um item obrigatório nos navios atuais, por isso eles decdiiram desde o início projetar um número recorde delas.
Normalmente, os toboáguas ficariam espalhados pelos conveses. Mas, com a evolução do projeto, eles foram ficando cada vez mais próximos uns dos outros, bem como das outras atrações voltadas para a diversão, como a parede de escalada, a quadra de basquete e o campo de minigolfe.
A atração principal é o parque aquático com seis toboáguas. Um deles, em forma de jangada, é especial para famílias e passa pela lateral do navio. Há ainda um toboágua aberto, com queda livre de 16 metros de altura, que a Royal Caribbean afirma ser o mais alto dos mares.
REPENSANDO OS CLICHÊS DOS CRUZEIROS
Uma parte importante da experiência, mas que geralmente é negligenciada, é o embarque – um aglomerado caótico de pessoas com suas malas, todo mundo tentando passar pelo saguão central do navio.
"Do ponto de vista do projeto, os navios de cruzeiro tendem a colocar o embarque onde é mais conveniente, em termos operacionais, para que os passageiros fiquem perto do elevador", explica Schneider. Os embarque inicial é como encarar uma fila na alfândega do aeroporto em um corredor sem janelas.
O Icon of the Seas foi projetado para tornar essa experiência de entrada mais glamourosa: os passageiros entram no saguão principal e dão de cara com uma enorme parede transparente, com três andares de janelas e vista para o oceano. Em um navio comum, essa parede seria de aço, e por um bom motivo.
"Uma das partes mais delicadas da estrutura do navio é o centro", explica Schneider. "Para conseguirmos construir essa grande fachada de vidro, tivemos que mover a superestrutura do navio para dentro."
A solução foi fazer uma esfera de aço de 16 metros de altura que se tornou a principal estrutura de suporte do centro do navio. Os projetistas usaram a forma esférica para deslocar as cargas e, ao mesmo tempo, criar uma escada e uma instalação de arte que eles apelidaram de Pérola.
Os quartos também foram redesenhados para atender às necessidades e expectativas dos hóspedes. A Royal Caribbean utilizou simulações de design com os clientes para testar possíveis configurações de quartos durante o projeto.
Relaxamento? Provavelmente. Diversão? Talvez para alguns. De todo jeito, o design geral se vale das propostas padrão dos navios de cruzeiro e inclui recursos e toques voltados para tornar a experiência melhor e diferente de tudo o que já foi feito antes.
Ao fazer isso em um navio gigantesco, com um nível quase insano de glamour e elegância, o Icon of the Seas abraça toda a extravagância inerente às férias em um barco com milhares de pessoas.