Apple Vision Pro: hype ou tendência?
A proposta de computação espacial apresentada pela Apple é, na verdade, um novo conceito de realidade mista
Após uma jornada de 10 dias testando o Apple Vision Pro intensamente, trago uma análise pessoal desse lançamento que virou a pauta do momento.
Oscilando o entusiasmo inicial e o potencial transformador, aqui está o que acredito ser o que realmente importa para o mundo dos negócios.
Antes que você comece a apontar as críticas que ouviu por aí, eu admito: sim, ele é muito caro, pode ser desconfortável com o tempo de uso, a bateria não dura tanto quanto gostaríamos e ainda faltam apps que mostrem a que veio o dispositivo.
Esses poderiam ser encarados como pontos típicos de uma primeira versão de qualquer tecnologia disruptiva, sinalizando que melhorias virão em suas próximas versões. Ainda que eu acredite nisso, precisamos reconhecer que são desafios bem grandes para serem superados.
Para complicar ainda mais a situação no Brasil, o teste do Apple Vision Pro tem um desafio adicional devido à restrição de só funcionar com a loja de aplicativos do mercado dos EUA. É necessário ter um Apple ID norte-americano, com um endereço e cartão de crédito dos EUA, o que limita a integração do ecossistema para aqueles que utilizam um Apple ID brasileiro.
O que mais me impressionou no Apple Vision Pro foi a excepcional qualidade de sua tela e a surpreendente fusão entre a realidade e o virtual. Com a capacidade de analisar o ambiente em tempo real, o dispositivo introduz objetos 3D que interagem de forma dinâmica com o mundo real, visíveis através das imagens captadas pelas suas câmeras.
A usabilidade também é revolucionária: o seu olhar vira o cursor e um simples gesto de "beliscão" no ar funciona como o clique. Essas inovações proporcionam uma experiência de interação totalmente nova e intuitiva. É surpreendente a rapidez com que você se adapta, dominando a navegação pelas aplicações de maneira suave e natural.
Para o mundo corporativo, o Apple Vision Pro tem potencial para ser o vetor de grandes transformações.
A proposta de computação espacial apresentada pela Apple é, na verdade, um novo conceito de realidade mista (ou MR, do inglês mixed reality). A MR une o melhor da realidade virtual e da realidade aumentada, criando um ambiente onde objetos virtuais e físicos interagem em tempo real.
A Meta (antigo Facebook), lançou recentemente a terceira geração de seus óculos de realidade virtual, o Meta Quest 3, voltado para uma experiência que transporta os usuários para um ambiente virtual lúdico, cheio de oportunidades para interagir com outras pessoas.
Em contraste, o Apple Vision Pro se destaca ao proporcionar um ambiente hiper-realista e uma experiência mais solitária – menos voltada para o social.
Entre as funcionalidades disponíveis hoje no Vision Pro, as que achei mais interessantes foram:
Primeiro, a maneira de consumir vídeos, sejam eles tridimensionais ou convencionais. Uma experiência imersiva não só visualmente, mas também por meio do áudio espacial.
Segundo, a opção de estender a tela do meu MacBook para uma tela ampla e imersiva, o que cria inúmeras possibilidades para o ambiente de trabalho.
Por último, as variadas experiências interativas de aprendizado que permitem manipular modelos 3D, tornando possível visualizar conceitos que antes só podíamos imaginar.
Para o mundo corporativo, o Apple Vision Pro tem potencial para ser o vetor de grandes transformações. Ele promete redefinir a forma como trabalhamos e aprendemos, tendo potencial de inovar em campos como treinamento profissional, saúde e telemedicina, pesquisa e desenvolvimento, arquitetura e setor imobiliário, bem como comunicação e marketing.
Ainda que existam incertezas sobre o valor real do Apple Vision Pro para uso pessoal – especialmente quando se leva em conta o seu custo –, não o vejo como um substituto para o smartphone. Nem mesmo a Apple sugere tal substituição. O dispositivo parece ser projetado como uma alternativa complementar aos iPads, Macbooks ou até mesmo à televisão.
o Apple Vision Pro se destaca ao proporcionar um ambiente hiper-realista e uma experiência mais solitária.
O Vision Pro tem o potencial de ser um aparelho que integramos em nossas rotinas por determinados períodos ao longo do dia, em vez de um que carregamos para todo lado.
Em resumo, apesar dos desafios iniciais, o potencial inovador do Apple Vision Pro e as oportunidades que ele traz para o mundo dos negócios são evidentes. Como ele evoluirá e qual será seu impacto no longo prazo ainda não sabemos, mas as expectativas são altas.
Meu veredito é que o hardware é, sim, um mero hype. Mas o conceito de computação espacial e realidade mista é, definitivamente, uma grande tendência.