A sua empresa está preparada para o digital?

Crédito: photobank kiev/ iStock

Hugo Tadeu e Denise Pinheiro 2 minutos de leitura

Existe um amplo debate sobre a transformação digital no mundo, mas com um foco talvez muito concentrado nas novas tecnologias digitais.

Os números divulgados na mídia destacam o crescimento do valor de mercado de grandes empresas de tecnologia, bancos digitais, startups modernas e a ampla alocação de recursos por fundos de investimentos privados em empresas nascentes de alunos das principais escolas de negócios e engenharia. 

Do outro lado do balcão, o Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral (FDC), em parceria com a PwC, sugere caminhos importantes para esta agenda digital.

A partir de uma metodologia única e proprietária, criamos o Índice de Transformação Digital Brasil (ITDBr), analisando uma série de perspectivas sobre governança, análises de dados e tecnologias digitais. Além disso, uma série de setores importantes da economia brasileira foi analisada e uma lente relevante de análise, acionada.

Como ponto de partida dos nossos dados e todos os estudos conduzidos ao longo do ano passado, temos um claro desafio. A maturidade digital das organizações brasileiras é baixa.

a demanda real seria por melhorias nos modelos de gestão mais básicos e a busca por resultados tangíveis.

Os gargalos estariam relacionados aos modelos de governança, ao desenho da estratégia de negócio, às prioridades estabelecidas na gestão de projetos, ao acesso a capital para investimentos e ao perfil do diretor de tecnologia, mais centrado em agendas estruturantes e menos na jornada do cliente.

Os dados do índice digital ainda evidenciam que setores supostamente avançados para o universo tecnológico não estariam tão na fronteira como o ideal imaginário. Por exemplo, o agronegócio tem inúmeras oportunidades para monetizar as tecnologias disponíveis, observando a demanda por escala em microrregiões, além dos casos isolados em algumas empresas gigantes com sede em São Paulo, não no Mato Grosso.

Ao participar de eventos em todo o Brasil, percebemos um frenesi em torno de temas como indústria 4.0, redes blockchain, inteligência artificial, web3, modelos generativos, computação quântica, entre tantos outros assuntos complexos.

Torna-se até sexy e sofisticado falar destes temas, quando a demanda real seria por melhorias nos modelos de gestão mais básicos e a busca por resultados tangíveis.

Nossas sugestões são mais simples: adotar uma lista de problemas de negócios e entender quais tecnologias digitais com rápida aplicação deveriam ser adotadas pela organização.

Os dados do índice digital evidenciam que setores supostamente avançados em tecnologia não estariam tão na fronteira como o ideal imaginário.

Nesta mesma página, o importante papel da alta liderança na compreensão destes assuntos é primordial, indo além das perspectivas do uso de aplicativos digitais e avançando para casos de sucesso.

O futuro estaria em um presente muito bem organizado e com a clareza dos resultados econômicos e novos conhecimentos que a transformação digital traria para o seu negócio.

Nesta perspectiva, nossa apresentação no festival de inovação South by Southwest será estruturada de modo a provocar os executivos brasileiros e de empresas globais para uma análise do quanto a transformação digital é benéfica para o contexto do negócio – e não necessariamente para as grandes empresas digitais.

Vale a reflexão e a busca pela devida profundidade neste tema.


SOBRE O AUTOR

Hugo Tadeu é diretor do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral, conselheiro de administração e consultivo. Denis... saiba mais