6 mulheres ensinam o que aprenderam ao abrir um negócio na meia idade
Existe um mito de que os jovens são os empreendedores mais bem-sucedidos. Mas pode ser mais fácil assumir riscos mais tarde em sua carreira
O empreendedorismo é frequentemente retratado como um território dominado pelos mais jovens. Ouvimos inúmeras histórias de criadores de empresas na faixa dos 20 e 30 anos que levantaram milhões de dólares, o que cria a impressão de que o melhor momento para abrir uma empresa é no início da carreira.
Mas as estatísticas mostram o contrário. Um estudo de 2018, que agora é frequentemente usado como referência, constatou que a idade média entre os empreendedores nos EUA é de 42 anos, sendo essa média um pouco maior (45 anos) se analisarmos apenas as startups de crescimento mais rápido.
De acordo com o Bureau of Labor Statistics dos EUA, a pandemia provocou um boom no empreendedorismo, e agora mais mulheres na meia-idade fazem parte desse grupo. Outra pesquisa constatou que a geração X (pessoas com idade entre 44 e 59 anos) constituirá 69% das mulheres donas de empresas em 2023.
A Fast Company entrou em contato com várias mulheres que tomaram a decisão de abrir uma empresa na meia-idade ou mais velhas. Embora algumas tenham sido empreendedoras durante toda a vida, outras tomaram essa decisão após uma longa e bem-sucedida carreira corporativa.
Elas compartilharam suas ideias sobre o que as levou a dar esse passo, as perspectivas singulares que as mulheres na meia-idade podem trazer e por que abrir uma empresa nessa fase não é tão arriscado quanto parece.
TEMPO LIVRE E LIBERDADE NA MEIA-IDADE
Judy Schoenberg e Linda Lautenberg iniciaram a Evolve.Me – consultoria que trabalha com mulheres de meia-idade em busca de mudanças e reinvenção na carreira – quando Schoenberg estava na casa dos 40 anos e Lautenberg, na dos 50.
Elas estão percebendo que mais clientes e colegas de meia-idade têm embarcado nessa empreitada, porque é nessa época que muitas delas têm mais tempo livre.
O tempo extra na meia-idade também proporciona liberdade para ir atrás de objetivos que podem ter ficado em segundo plano por muito tempo. "As mulheres com quem trabalhamos, por terem todas essas experiências de vida, estão muito mais conscientes de seus pontos fortes", diz Schoenberg.
EXPERIÊNCIA E REDES PROFISSIONAIS
As empreendedoras mais velhas trazem muita experiência e muitos pontos de vista que aquelas na faixa dos 20 e 30 anos ainda não têm. Quanto ao fator de risco, a meia-idade tende a ser o momento em que você "tem os recursos financeiros para poder avançar e assumir mais riscos", observa Lautenberg.
Abrir uma empresa de consultoria permite que muitas mulheres usem sua idade como uma vantagem competitiva.
Erin Halper, que fundou uma comunidade de associados para consultores independentes chamada The Upside, disse que as mulheres na meia-idade têm acesso a redes, relacionamentos e recursos que só podem ser construídos com anos de trabalho.
Ter uma grande rede profissional também pode ser útil no início de uma jornada empresarial, diz Schoenberg, porque esses relacionamentos geralmente se transformam em clientes e consumidores.
UMA RESPOSTA À DISCRIMINAÇÃO POR IDADE
Para Raksha Shah, que iniciou uma clínica de nutrição aos 65 anos, depois de uma longa e bem-sucedida carreira na área farmacêutica e de biotecnologia, o empreendedorismo foi um caminho alternativo para a pressão excessiva e as flutuações decorrentes do trabalho de alto nível em empresas.
Ela tem observado muitos de seus pares e colegas fazerem a mesma coisa, dizendo que "estão esgotados em sua experiência no mundo corporativo. Eles acham que não são valorizados".
Halper percebe um sentimento semelhante em seus associados, muitos dos quais são mulheres de alto desempenho na meia-idade. "Elas estão muito cansadas do preconceito contra a idade em seu setor", diz ela. "Muitos de nossos membros na faixa dos 50 anos disseram que se sentiram excluídos."
Abrir uma empresa de consultoria permite que muitas dessas mulheres usem sua idade como uma vantagem competitiva, diz Halper, porque os clientes valorizam os "anos e anos de experiência que são necessários para que outras empresas façam mudanças realmente grandes e tenham um impacto realmente significativo".
O SUCESSO SEGUNDO SEUS PRÓPRIOS CRITÉRIOS
Em última análise, muitas mulheres que optam por abrir uma empresa na meia-idade o fazem como uma forma de trabalhar e definir o sucesso de acordo com seus próprios parâmetros. Halper diz que, para algumas, trata-se de atingir determinados números e métricas, mas para outras, pode ser ganhar US$ 400 mil por ano trabalhando apenas 20 horas por semana.
Ter uma grande rede profissional pode ser útil no início de uma jornada empresarial.
Susan Berman, fundadora de uma consultoria que ajuda pequenas e médias empresas com estratégia de marca e crescimento, disse que ser empreendedora na meia-idade permite mais flexibilidade e que, para aquelas que estão esgotadas trabalhando em empregos corporativos ou para terceiros, pode ser gratificante trabalhar para conquistar algo para si mesma.
"A experiência de ter trabalhado por um tempo e saber o que você quer, acho que traz às pessoas um pouco mais de perspectiva", diz ela.