Este é o maior avião do mundo – e serve para transportar só uma coisa
A aeronave terá mais de 100 metros de comprimento, o suficiente para transportar uma hélice de turbina eólica por vez
Quanto maior uma turbina eólica, mais energia ela produz. É por isso que parques eólicos offshore têm turbinas com hélices do tamanho de um campo de futebol. No entanto, elas não podem ser instaladas em terra porque são grandes demais para serem transportadas por estradas.
Mas uma startup chamada Radia está trabalhando em uma possível solução: o maior avião já feito, projetado especificamente para transportar essas gigantescas hélices para novos parques eólicos, usando combustível de aviação sustentável.
Turbinas gigantes podem ajudar a reduzir o custo da energia. Além de gerar mais energia por terem uma área de superfície maior, seu tamanho permite que elas aproveitem o vento de forma mais consistente, operando assim por mais tempo.
“A combinação dessas duas coisas torna a rede mais estável, reduz o preço da energia e gera lucros mais altos para os proprietários dos projetos”, afirma Mark Lundstrom, fundador da Radia. Jesse Jenkins, professor de Princeton que prestou consultoria para a empresa, calcula que turbinas eólicas maiores poderiam ajudar a reduzir o preço da energia em 16%.
A startup, fundada em 2016, mas que acaba de entrar no mercado, já finalizou o design do avião, de acordo com Lundstrom. Na medida do possível, ele depende de componentes padrão que já estão sendo produzidos em massa.
Um modelo em escala – 1/42 do tamanho final – foi testado com sucesso em um túnel de vento. A empresa está começando a trabalhar com fábricas e fornecedores para planejar a produção, que deve começar até o final de 2027.
O avião terá mais de 100 metros de comprimento e 12 vezes o volume de um Boeing 747. Ainda assim, o processo não será particularmente eficiente: as maiores hélices são tão grandes que a aeronave só poderá transportar uma de cada vez.
Elas poderão ser retiradas em fábricas ou portos (atualmente, as indústrias do setor têm fábricas próximas ao mar, para que as hélices possam ser transportadas por navio).
O avião também poderá transportar hélices menores, cuja logística de transporte por estrada ainda é inviável. Ele consegue carregar quatro hélices de 20 metros por vez. Quando chega a um parque eólico, a aeronave pousa em uma pista relativamente curta de quase dois quilômetros.
Outras startups estão trabalhando em soluções diferentes, incluindo um plano para imprimir hélices em 3D diretamente no local. Ainda assim, Lundstrom argumenta que isso seria desafiador e que é mais econômico trabalhar com fábricas centralizadas e maiores.
É claro que seria possível continuar usando turbinas menores em terra. Mas, com a demanda por energia crescendo rapidamente – tanto devido à adoção de tecnologias mais limpas, como veículos elétricos, quanto por causa da nova demanda da inteligência artificial –, usar as maiores turbinas possíveis pode ser necessário.
A Radia já tem um contrato para transportar turbinas para um parque eólico de um gigawatt. Não há falta de demanda, segundo Lundstrom.
“A quantidade de turbinas que precisam ser instaladas nos próximos 25 anos para alcançarmos as metas [do Acordo] de Paris provavelmente está na faixa de seis ou sete milhões de hélices. Cada uma segue sua própria jornada, que pode chegar a mil quilômetros da fábrica até o parque eólico. Diante deste cenário, temos uma grande oportunidade.”