Como essas 3 tendências tecnológicas estão remodelando o Vale do Silício
Depois que a indústria de tecnologia superar a atual onda de demissões, ela poderá ver seu maior período de crescimento até agora
Além de trabalhar e acompanhar o desenvolvimento do Vale do Silício nos últimos 40 anos, também nasci aqui. Naquela época, toda a região era coberta por pomares de damascos, pêssegos e cerejas, além de campos de morangos. Mas, em meados da década de 1960, o crescimento urbano começou a tomar conta. Logo, os pomares deram lugar a novos empreendimentos.
Coincidentemente, por volta de 1965, teve início a era dos semicondutores. E a região se tornou o epicentro da tecnologia, liderado pelos laboratórios Shockley Semiconductor, Fairchild Semiconductor International, Intel e outros.
Embora tenham se tornado o cerne de toda inovação tecnológica, o real impacto dos semicondutores só foi compreendido com o surgimento dos computadores pessoais. Os PCs chamaram a atenção do mundo quando o Apple-1, criado por Steve Jobs e Steve Wozniak, foi lançado em 1976.
Mas a verdadeira revolução foi impulsionada pela decisão da IBM de utilizar o processador 8088/ 8086, da Intel, em seu primeiro computador pessoal, em 1981. Quando a máquina se tornou um sucesso surpreendente em todo o mundo, esta estratégia colocou o Vale do Silício no mapa.
O IBM PC deu origem a toda uma indústria de hardware, software, lojas especializadas e serviços, dando início à era dos PCs. Embora computadores pessoais ainda sejam uma peça fundamental no mundo da tecnologia, a demanda por eles atingiu o pico em meados dos anos 2000. De acordo com a empresa de consultoria Gartner, em 2023, 241 milhões de unidades foram vendidas em todo o mundo.
Em outro ponto de virada, o Vale do Silício começou a se reinventar quando a Netscape lançou seu navegador, em 1994. Em 1997, emergiu uma nova indústria, impulsionada pelo boom da internet, com todos os tipos de serviços e produtos migrando para o ambiente online.
Nessa época muita gente achou que era só criar um novo navegador de internet, sem grandes investimentos e sem um plano de negócios, para ficar rico. Isso levou ao que foi chamado de "bolha da internet", que estourou em 2000-2001. Foi um período difícil para os empreendedores, mas a semente da revolução da internet estava plantada.
A ERA DA INTERNET MÓVEL
Em 2007, quando a Apple lançou o iPhone, o vale se tornou novamente o epicentro do mundo tecnológico, mas desta vez no universo dos smartphones. Engenheiros de semicondutores, programadores de software e desenvolvedores de aplicativos começaram a se mudar para a região, vendo nela uma incrível oportunidade de crescimento.
Novas empresas, como Uber e Lyft, deram origem a subindústrias com o smartphone no centro. As vendas de produtos passaram a ser medidas em bilhões, não mais em milhões. Segundo a plataforma Statista, a quantidade de assinaturas de planos de serviços em smartphones atingiu 6,4 bilhões em 2022, com projeção de crescimento para 7,7 bilhões até 2028.
Todas essas novas tecnologias, dos PCs aos notebooks, da internet aos smartphones, ajudaram a reenergizar o Vale do Silício e a trazer fortunas cada vez maiores para a região. Mas as transições de um foco tecnológico para outro forçaram empresas a mudar de direção. Essas mudanças frequentemente resultaram em demissões em massa, especialmente durante períodos de economia em baixa.
Agora estamos passando por outro desses períodos. Desafios econômicos, contratações excessivas durante a pandemia e grandes empresas de tecnologia se preparando para o próximo grande avanço causaram muitas demissões e interrupções. Mas três tecnologias emergentes estão prontas para impulsionar o Vale do Silício nas próximas décadas.
O FUTURO É QUÂNTICO
A primeira é a inteligência artificial. Até o momento, estamos apenas arranhando a superfície de como ela impactará todos os aspectos de nossas vidas. Nos próximos 10 a 15 anos, os processadores se tornarão exponencialmente mais poderosos.
Já estamos vendo um trabalho intenso em designs de semicondutores e projetos focados em alimentar aplicativos, soluções e serviços de IA que sequer conseguimos imaginar hoje.
A inteligência artificial será uma das tecnologias mais importantes para a computação nos próximos 25 anos. E, certamente, também vai impulsionar a próxima fase de crescimento e importância do Vale do Silício.
A segunda tecnologia é a computação espacial. Por muitos anos, o 3D tem sido usado em aplicações verticais especializadas, como desenho assistido por computador. No entanto, para a maioria de nós, o mundo da computação continua em 2D.
Isso é compreensível, dado o enorme impacto que teve em todos os aspectos do nosso trabalho e vida pessoal até agora. Mas a transição será liderada pela Apple e por muitas outras empresas que estão preparando o terreno para filmes, jogos, esportes, entretenimento e concertos em 3D, além de outras novas aplicações que ainda não foram inventadas.
A terceira área para ficar de olho é a computação quântica – que ainda está em seus estágios iniciais, mas que terá um impacto significativo no mundo digital. Esta tecnologia promete mudar drasticamente a IA e o aprendizado de máquina, resultando em benefícios como sugestões de compras hiperpersonalizadas e ferramentas avançadas para casas inteligentes.
Também mudará radicalmente a área da saúde, potencialmente sendo utilizada para acelerar a descoberta de medicamentos, possíveis curas e novas maneiras de prolongar a vida humana.
Além disso, os computadores quânticos trarão benefícios para setores como investimentos, gestão da cadeia de suprimentos, entretenimento e robótica. Porém, também podem representar uma ameaça à privacidade e à cibersegurança caso não haja defesas adequadas quando essas máquinas começarem a ser implantadas.
Quando combinamos essas três novas tecnologias, fica claro que o Vale do Silício já está se reinventando para sua próxima fase. Embora leve tempo, acredito firmemente que estamos prestes a testemunhar um de seus períodos de maior crescimento.