Paris, Washington e outras grandes cidades querem SUVs fora de suas ruas

De taxas de estacionamento a taxas de registro, cidades estão impondo penalidades a veículos pesados

Crédito: Fast Company Brasil

Hannah Wallace 3 minutos de leitura

Em fevereiro, Paris deu um passo importante para desencorajar o uso de carros grandes no centro da cidade. Os eleitores aprovaram uma medida que triplica as taxas de estacionamento para SUVs e outros veículos.

Se aprovada pela Câmara Municipal em maio, as taxas para veículos pesados chegarão a US$ 240 por seis horas, em comparação com os US$ 80 cobrados para carros comuns.

Existem várias razões pelas quais uma cidade como Paris pode querer desencorajar o uso de veículos pesados. Além de consumirem mais combustível (e emitirem mais gases de efeito estufa), eles também representam um risco maior para pedestres e ciclistas.

Uma nova pesquisa publicada pelo Instituto de Segurança Rodoviária mostrou que caminhões, SUVs e vans com altura de capô superior a um metro de altura têm quase o dobro de chances de causar fatalidades em acidentes com pedestres do que veículos menores e mais leves.

Em Washington, a medida faça parte de uma estratégia mais ampla para combater as mudanças climáticas.

Seguindo o exemplo de Paris, a Agência Ambiental da Alemanha também está aumentando as taxas de estacionamento para SUVs. Além disso, em sete países europeus – Dinamarca, Finlândia, França, Islândia, Turquia, Holanda e Noruega –, os impostos cobrados na compra de carros ou caminhões com motor a combustão são mais que o dobro do valor do veículo.

“Não se trata de impedir que estacionem nas ruas, mas de colocar os interesses dos moradores da cidade acima daqueles de quem vive fora dela”, afirma Henry Grabar, autor de “Paved Paradise: How Parking Explains the World” (Paraíso Asfaltado: Como os Estacionamentos Explicam o Mundo).

“Portanto, mesmo que você seja um parisiense que dirige um SUV, essa proposta seria atraente porque quanto mais desencorajamos os moradores dos subúrbios de dirigir até a cidade e estacionar nas ruas, mais vagas estarão disponíveis.”

PROBLEMA URBANO

Há uma década, Donald Shoup, um dos principais especialistas no tema, escreveu um artigo para a revista “Access” chamado “Making Parking Meters Popular” (Tornando os Parquímetros Populares), sugerindo exatamente essa política. Uma maneira de tornar os parquímetros mais aceitáveis, ele argumenta, é oferecer descontos para os moradores.

“Os descontos para moradores são justificados porque eles já pagam impostos para a manutenção das ruas e das garagens municipais em sua cidade”, escreve Shoup. Mas essa política também poderia agradar aos comerciantes, segundo ele, porque incentivaria as compras em estabelecimentos locais.

Alguns lugares nos EUA estão cobrando mais pelo registro desses veículos. Em 2022, Washington, D.C. se tornou a primeira cidade do país a aprovar legislação para aumentar as taxas de registro para veículos maiores.

Crédito: Unsplah

Embora a medida faça parte de uma estratégia mais ampla da capital norte-americana para combater as mudanças climáticas, Mary M. Cheh, líder do projeto no Conselho Municipal, também cita o quão perigosos os veículos pesados são em acidentes envolvendo pedestres ou ciclistas. A partir de outubro de 2023, a taxa anual de registro para um veículo com peso superior a 2,7 toneladas aumentou para US$ 500.

O estado de Nova York está considerando adotar uma legislação semelhante. Tramita na casa um projeto de lei que aumentaria gradualmente as taxas de registro de veículos pesados, de modo que até 2030, o proprietário de um Ford Explorer teria que pagar US$ 680 a cada dois anos.

Além de consumirem mais combustível, SUVs também representam um risco maior para pedestres e ciclistas.

Nessa proposta, veículos elétricos que pesam mais de 2,2 toneladas também estariam sujeitos a taxas mais altas, já que, mesmo que não emitam carbono,– ainda têm as mesmas chances de causar acidentes fatais.

Tony Jordan, fundador e presidente da Parking Reform Network, diz que a nova lei de Paris é uma política necessária. Ele acredita que há uma grande oportunidade para progresso no nível estadual, cobrando uma taxa de registro de veículo mais alta para carros mais pesados, como Nova York está propondo.

Em Nova York, o projeto de lei está se concentrando exclusivamente nos acidentes de trânsito, mas Jordan acredita que isso é um erro. “É mais difícil, com certeza, fazer campanhas em torno de várias questões, mas há muitas que são impactadas por veículos grandes. Acredito que é importante construir coalizões. Elas trazem benefícios que vão além de qualquer campanha específica.”

Este texto foi publicado originalmente no Reasons to be Cheerful. Leia o artigo original.


SOBRE A AUTORA

Hannah Wallace é jornalista e cobre agricultura regenerativa, negócios verdes e a indústria da cannabis. saiba mais