Depois de “Barbie”, vem aí uma leva de filmes inspirados em brinquedos

A tendência em Hollywood agora é criar algo novo a partir de coisas familiares e nostálgicas

Crédito: Fast Company Brasil

Rob Walker 3 minutos de leitura

Por anos, Hollywood apostou que os espectadores queriam mais do mesmo – sequências, reboots, universos cinematográficos, etc. Mas, após o estrondoso sucesso de bilheteria de “Barbie” (que arrecadou US$ 1,4 bilhão), os estúdios parecem estar apostando que o público está pronto para algo novo e antigo ao mesmo tempo: filmes inspirados em brinquedos e jogos.

A Mattel, fabricante da Barbie, tem mais de uma dúzia de projetos de filmes em vários estágios de desenvolvimento, baseados em brinquedos e jogos populares, como Hot Wheels, Uno, Barney e a linha de bonecas American Girl.

Além disso, a produtora da atriz Margot Robbie, a LuckyChap, que foi responsável pelo longa, anunciou recentemente um projeto baseado no The Sims (game de propriedade da Electronic Arts) e outro no jogo de tabuleiro Banco Imobiliário, da Hasbro.

Produções inspiradas na propriedade intelectual de brinquedos e jogos não são uma novidade: “Super Mario Bros. – O Filme” foi outro grande sucesso de bilheteria de 2023 – embora um pouco menos aclamado pela crítica.

“Super Mario Bros. – O Filme” (Crédito: Illumination)

Sucessos anteriores incluem “Uma Aventura LEGO” e a franquia Transformers. Mas, mesmo antes de seu lançamento, “Barbie” já parecia ser um divisor de águas, por assim dizer. Isso ficou ainda mais claro quando o filme se transformou em um fenômeno da cultura pop.

Parte desta tendência se resume a encontrar novas fontes de propriedade intelectual para explorar. Isso significa encontrar um equilíbrio entre os valores de entretenimento e o valor de marca, uma tarefa desafiadora que o sucesso de “Barbie” mostrou ser possível.

"Uma Aventura Lego" (Crédito: Warner Bros.)

“No mundo em que vivemos, a propriedade intelectual impera. A familiaridade é muito importante”, disse um executivo de cinema ao “The New Yorker” em uma análise profunda sobre a história por trás do longa, descrevendo, entre outras coisas, a experiência da diretora Greta Gerwig com o “processo de imersão na marca” da Mattel.

Portanto, faz sentido que, ao inverter a lógica de criar jogos e brinquedos baseados em filmes, Hollywood esteja vendo potencial na nostalgia da infância.

Afinal, há uma infinidade de opções para explorar: além do Banco Imobiliário e dos outros exemplos acima, existem projetos, confirmados ou rumores, envolvendo desde He-Man (cuja ampla variedade de personagens da franquia é apontada como tendo potencial semelhante ao da Marvel) e Polly Pocket, com Lena Dunham como roteirista e diretora.

"Mestres do Universo" (Crédito: Netflix)

Só que tudo isso é, na verdade, muito mais complicado do que parece. O projeto do Banco Imobiliário, por exemplo, é uma espécie de sequência: a primeira parte, anunciada há mais de uma década, deveria ser dirigida por Ridley Scott.

O próprio conceito de filme baseado em um jogo de tabuleiro foi ridicularizado na época, o que fez com que o projeto fosse abandonado. No mesmo período, um longa baseado no jogo Batalha Naval foi produzido – envolvia navios, batalhas e... alienígenas – e foi um fracasso.

Crédito: Divulgação

“Barbie”, por outro lado, foi elogiado, em parte, por sua originalidade – em um momento em que filmes como “Oppenheimer” e “Pobres Criaturas” e as várias produções da A24 tiveram um impacto desproporcional, precisamente por serem tão diferentes.

Certamente parece ser um bom momento para oferecer aos fãs de cinema algo novo: quase todos os 20 filmes mais aguardados de 2024 são sequências ou inspirados em produções de TV ou teatro.

O que “Barbie” fez foi oferecer um exemplo concreto de como combinar algo familiar com o novo. Barbie e Ken podem não ter uma narrativa fixa, mas têm uma ressonância cultural que não é exatamente o mesmo que começar do zero.

Mas será que isso pode ser repetido? Sem dúvida, vamos descobrir. Hollywood sempre ficou atenta ao que faz sucesso e tenta seguir o mesmo caminho. Não importa quantas vezes ela faça isso, ninguém nunca sabe como a história vai terminar.


SOBRE O AUTOR

Rob Walker assina Brended, coluna semanal sobre marketing e branding. Também escreve sobre design, negócios e outros assuntos. saiba mais