Como foi construída a maior estrutura suspensa do mundo (entre dois prédios)
Estruturas suspensas são grandes feitos da engenharia. A mais longa agora se estende 100 metros acima de Dubai
Poucos elementos da arquitetura são tão impressionantes quanto as construções em estilo cantilever: estruturas suspensas e rígidas que se estendem horizontalmente, sem suporte nas extremidades, a partir de um edifício. Isso é o mais próximo que um edifício pode chegar de alçar voo.
Com a evolução da tecnologia, essas estruturas têm se tornado cada vez mais compridas. É quase como uma guerra de altura de arranha-céus, só que no sentido horizontal. O mais longo, até fevereiro deste ano (superando o Marina Bay Sands Skypark, queridinho do Instagram, em Cingapura, em cerca de um metro), está localizado em Dubai.
A cidade coleciona superlativos e também possui o edifício mais alto do mundo (Burj Khalifa), a roda de observação mais alta do mundo (Ain Dubai), a maior fonte do mundo (Dubai Fountain) e a maior tirolesa urbana do mundo (Xline Dubai Marina), entre outros recordes.
O novo campeão horizontal pertence ao One Za'abeel, um empreendimento de vidro com duas torres no distrito financeiro do emirado, que contém um resort, residências de luxo, escritórios, restaurantes, varejo e lazer.
Flutuando a uma altura de 100 metros no ar entre as torres listradas offset, há uma estrutura revestida de vidro de três andares e 230 metros de comprimento, conhecida como "The Link". Essa estrutura suspensa se projeta a uma altura vertiginosa de 66 metros da torre mais alta, formando um "H" estendido entre as duas torres.
Como o nome sugere, o The Link conecta o empreendimento vertical – que conta com cerca de 10 restaurantes repletos de lustres, um anexo chamado Bridge of Love (Ponte do Amor) e um bar e local de eventos com fundo parcialmente de vidro chamado Sphere – com a seção suspensa.
O empreiteiro define esse local como "a avenida do futuro". Em seu terraço está localizada a maior piscina de borda infinita dos Emirados Árabes Unidos.
Dando aos visitantes a sensação de flutuar sobre a cidade sem nenhum suporte visível, o The Link é, na verdade, sustentado por um sistema estrutural composto por vigas de aço dispostas em um padrão de grade de diamante tubular ao longo dos quatro lados, criando um interior contínuo e sem colunas.
Pesando mais de nove mil toneladas, o The Link foi construído no local e depois erguido e fixado em duas fases, ao longo de 12 dias. As duas torres do One Za'abeel foram construídas com uma leve inclinação, para acomodar o peso do The Link. A base do empreendimento contém mais espaço público: o Podium, uma área de três andares repleta de lojas, restaurantes e vegetação.
A empresa japonesa Nikken Sekkei, responsável pela arquitetura do projeto, possui outras estruturas complexas em seu portfólio, incluindo a Tokyo Tower (uma gêmea da Torre Eiffel), a Tokyo Skytree (a torre de transmissão mais alta do mundo) e o Hoki Museum, cuja galeria superior se eleva a 29 metros sobre a floresta de Chiba, no Japão.
O One Za'abeel, diz o arquiteto-chefe da Nikken Sekkei para o projeto, Koko Nakamura, foi uma expansão lógica desses esforços, exigindo a coordenação de várias tecnologias. Ele gosta de chamar a forma de H de "porta de entrada para a cidade", visível do aeroporto e dividindo a cidade velha e o novo centro de Dubai. O The Link aponta para o Golfo Pérsico, como um sinal gigante.
Hakan Ozkasikci, vice-presidente executivo de serviços técnicos e de design da Kerzner International, operadora do projeto, acredita que o The Link pode ser pioneiro em uma abordagem ousada para as cidades, "onde os ecossistemas de construção podem ser projetados em vários níveis, proporcionando áreas de construção maiores em comparação com suas pegadas", diz ele.
É uma ideia empolgante. E, embora as considerações práticas sempre façam parte da equação, as construções suspensas, não importa seu comprimento, realmente despertam nosso fascínio.
"Construções suspensas nesse estilo desafiam a gravidade e são um elemento surpreendente, que cria um contraste impressionante no ambiente construído", disse certa vez a falecida arquiteta Zaha Hadid. O colega arquiteto Santiago Calatrava chamou a técnica cantilever de "uma expressão do espírito da arquitetura; da vontade de desafiar as ideias convencionais e de transcendê-las".