Islândia inaugura a maior fábrica de captura de carbono do mundo

Nova usina terá capacidade para capturar cerca de 36 mil toneladas de CO2 por ano

Crédito: Climeworks

Adele Peters 3 minutos de leitura

Em 2021, a primeira usina de remoção de carbono em grande escala iniciou suas operações em um lugar remoto da Islândia. Agora, a Climeworks, empresa responsável pelo projeto, inaugurou uma versão 10 vezes maior.

Dentro de caixas do tamanho de contêineres, ventiladores puxam o ar externo através de filtros que capturam o CO2. Todo o processo é alimentado por energia renovável de uma usina geotérmica próxima.

Após a captura, uma empresa chamada Carbfix dissolve o carbono em água e o bombeia para o subsolo, onde ele reage naturalmente com rochas de basalto e se transforma permanentemente em pedra. O financiamento vem da venda de serviços de remoção de carbono para empresas como Microsoft e Stripe.

A nova fábrica, chamada Mammoth, já conta com 12 contêineres modulares. Até dezembro, serão 72, com capacidade para capturar cerca de 36 mil toneladas de CO2 por ano.

uma indústria inteira de remoção de CO2 precisará se desenvolver ao longo dos próximos 10 a 20 anos.

Embora este número seja significativo – a primeira usina, Orca, captura cerca de quatro mil toneladas –, ainda é uma quantidade ínfima em comparação com a poluição que lançamos na atmosfera a cada ano: cerca de 40 bilhões de toneladas.

Mas a empresa está empenhada em aumentar a escala, utilizando o que aprende com cada instalação para ajudar a melhorar as próximas, em um processo que seu CEO, Christoph Gebald, chama de “inovação liderada pela implantação”.

Nos EUA, a Climeworks está trabalhando em três projetos, cada um projetado para capturar pelo menos um milhão de toneladas de CO2 por ano. Também está desenvolvendo novos projetos no Canadá, Noruega e Quênia.

Crédito: Climeworks

A tecnologia é cara, mas, conforme a empresa constrói mais usinas, o custo diminui. “O principal facilitador para reduzir nossos custos é a escalabilidade industrial”, diz Gebald.

“Para ser uma solução eficaz para combater a crise climática, uma indústria inteira de remoção de CO2 precisará se desenvolver ao longo dos próximos 10 a 20 anos, com capacidade para remover gigatoneladas de carbono até 2050.”

Outras empresas estão adotando uma variedade de abordagens tecnológicas diferentes para remover CO2 do ar. A Heirloom, por exemplo, utiliza pó de rocha para absorver carbono. Alguns pesquisadores estão trabalhando em sistemas passivos que podem capturar CO2 e armazená-lo sem usar grandes quantidades de energia.

Crédito: Climeworks

Para enfrentar as mudanças climáticas, o maior desafio da humanidade é eliminar as emissões em todos os aspectos da sociedade, desde o transporte até usinas de energia e alimentação. Mas a remoção de carbono também é necessária para atingir as metas climáticas.

“A ciência é clara: para termos alguma chance de cumprir as metas de temperatura estabelecidas no Acordo de Paris, o mundo deve remover várias bilhões de toneladas de dióxido de carbono da atmosfera até 2050, no máximo”, afirma Gebald.

“Embora a redução de emissões continue a ser a principal prioridade, atingir o zero líquido em 2050 será impossível sem a remoção ativa de carbono”, acredita.

Crédito: Climeworks

Para o executivo, trata-se de um desafio grande demais para ser enfrentado com uma única solução. Ele acredita que isso só poderá ser feito se começarmos a aplicar as soluções mais promissoras, escaláveis ​​e eficientes de uma só vez.

“Certamente, as melhores são aquelas baseadas na natureza e movidas pela tecnologia. Infelizmente, expandir uma indústria para uma escala de gigatoneladas não pode ser feito da noite para o dia. É por isso que precisamos começar hoje e continuar até 2050, para que possamos remover carbono da atmosfera de forma significativa quando o mundo mais precisar.”


SOBRE A AUTORA

Adele Peters é redatora da Fast Company. Ela se concentra em fazer reportagens para solucionar alguns dos maiores problemas do mundo, ... saiba mais