Pense bem: talvez um cargo de chefia não seja a melhor escolha para você
Somos ensinados a buscar um cargo de liderança. Mas eis as razões pelas quais isso talvez não seja o ideal para você
A cultura empresarial tenta motivar as pessoas para o sucesso. O roteiro de uma carreira bem-sucedida envolve promoções, aumentos, aumento de responsabilidades e cargos de maior prestígio. A realidade é que o caminho para o avanço na maioria das organizações significa ir subindo os degraus na hierarquia de liderança.
No início da carreira, você pode conseguir ser promovido por ser um bom trabalhador em termos individuais. Isso é como avançar nas primeiras fases de um videogame, quando não é preciso melhorar muito, mas você tem que persistir para avançar.
Em pouco tempo, porém, o caminho muda. A escalada técnica termina e, se você quiser continuar sendo promovido, terá que assumir a responsabilidade de gerenciar e liderar pessoas.
Mas será que esse é o caminho certo para você? Apresentamos a seguir alguns sinais de que subir a escada da liderança pode não ser a coisa certa para sua realização pessoal:
LIDAR COM O ESTRESSE
Uma consequência de assumir funções de liderança é que você passa a ter mais responsabilidade para garantir que a empresa funcione bem e que esteja seguindo uma estratégia eficaz.
Assumir essas responsabilidades maiores significa que não vai haver um horário bem definido em que você pode fazer seu trabalho. Como resultado, os limites entre tempo de trabalho e horas de folga começam a se confundir.
Além disso, a responsabilidade adicional pode aumentar o estresse. Você precisa ser realista em relação à sua própria capacidade de resiliência e de criar estratégias que lhe permitam trabalhar quando estiver no trabalho e não trabalhar quando não estiver no trabalho.
As pessoas que têm altos níveis de ansiedade e acham difícil se desligar dos fatores estressantes no trabalho terão mais dificuldade em ter sucesso em cargos de liderança a longo prazo.
Elas podem até ter as habilidades necessárias para realizar o trabalho, mas a incapacidade de gerenciar o estresse levará ao esgotamento e, possivelmente, a problemas de saúde.
O PRAZER DO PENSAMENTO SISTÊMICO
As funções de liderança vêm acompanhadas de prestígio e melhor remuneração, mas a tendência é você se adaptar rapidamente à remuneração adicional e ao status. Depois disso, a alegria que obtém com o seu trabalho será proveniente do próprio trabalho, e não das vantagens do cargo.
Conforme for avançando na liderança, você vai focar cada vez mais nos problemas em nível de sistema. Ou seja, precisa pensar na interação de várias forças para determinar uma boa estratégia para seguir em frente.
Essas forças podem envolver pessoas, unidades ou grupos dentro da empresa, clientes e consumidores, sistemas de incentivo, regulamentação governamental e uma variedade de fatores econômicos.
A importância de todos esses elementos é o motivo pelo qual raramente há soluções perfeitas para os problemas. Em vez disso, você se vê lidando com as consequências intencionais e não intencionais de suas escolhas.
Algumas pessoas acham esse tipo de resolução de problemas um desafio prazeroso. Se você está disposto a desenvolver essa habilidade e acha que seria divertido lidar com problemas complexos diariamente, então o caminho da liderança é excelente.
Agora, se você prefere se concentrar em problemas razoavelmente bem definidos e com menos partes dinâmicas, talvez a liderança não seja a escolha certa.
O QUE TE DEIXA MAIS SATISFEITO?
Mesmo que você tenha habilidade para a liderança, ela pode não ser a escolha certa. Uma parte da sua satisfação com a vida envolve o fato de você sentir que o trabalho que fez resultou em algo que se encaixa em seus valores e que parece significativo.
Há muitas maneiras de fazer uma contribuição importante. Algumas envolvem exercer funções de liderança. Mas muitas exigem que você faça parte de equipes que implementam soluções para problemas que lhe interessam.
Quando pensa nas realizações de sua vida que são significativas para você, o que lhe vem à mente? Você sente satisfação ao organizar uma equipe e fazer com que ela conclua uma tarefa? Ou você aprecia as contribuições específicas que fez para um projeto – problemas específicos que resolveu, clientes que ajudou ou questões que corrigiu?
Se as contribuições que mais lhe trazem alegria são aquelas que envolvem tarefas específicas, então a liderança pode não ser a função certa. Ela o afasta de muitas tarefas diárias potencialmente agradáveis em favor do trabalho de organização, que direciona esses esforços para uma estratégia.
Na verdade, mesmo que você goste de exercer funções de liderança, talvez ainda sinta falta de alguns elementos de outros cargos que teve no passado. Mas seria uma pena embarcar no caminho da liderança se isso exigir que você abra mão dos aspectos mais significativos do seu trabalho.