Nvidia se prepara para invadir o território da Intel no mercado de PCs

Com o surgimento de PCs de IA, a Nvidia tem uma excelente oportunidade de conquistar uma fatia significativa do mercado como fabricante de CPUs

Crédito: Stas Knop/ Pexels

Tiernan Ray 3 minutos de leitura

A Nvidia apresentou mais um balanço trimestral triunfante e deu o sinal mais claro até agora de que pretende enfrentar a Intel pelo controle do mercado de computadores pessoais. A empresa tem amplo acesso aos recursos necessários para um “PC de IA”.

A Intel, é claro, produz mais de 90% das unidades de processamento central dos computadores Dell, HP e de outras marcas. Ela enfrentou pouca competição de concorrentes ocasionais e se manteve à frente de sua principal rival, a Advanced Micro Devices (AMD), por décadas.

Mas o palco está montado para a Nvidia usar seu crescente domínio da inteligência artificial para conquistar uma parte significativa do mercado da Intel. Ela já vende placas de vídeo para PCs de jogos, mas há rumores de que também a enfrentaria com a venda de CPUs.

Questionado se há chance de competir mais diretamente com a Intel e a AMD no  mercado de computadores pessoais, o CEO da Nvidia, Jensen Huang, mencionou o lançamento “PC Copilot+”, da Microsoft – que processa a IA no próprio dispositivo, em vez de em nuvem. Segundo ele, isso “abre oportunidades para inovações de sistema”.

As primeiras versões do novo computador da Microsoft não usam CPUs Intel, mas sim chips da Qualcomm. Essa escolha se deu por causa do extenso trabalho da fabricante na construção de chips de IA que também podem lidar com todas as outras tarefas normais de um PC, como planilhas. Versões com CPUs Intel e AMD serão lançadas nos próximos meses.

Créditos: Zii Miller/ Google DeepMind/ Unsplash

Porém, o chip da Qualcomm, “Snapdragon X Elite”, chama a atenção porque não utiliza a tecnologia tradicional das duas concorrentes, chamada “x86”. Ele usa tecnologia da ARM Holdings, empresa que também licencia projetos de design de chip para a Nvidia.

A Nvidia fabrica chips de IA para data centers, que custam milhares de dólares. Não haveria motivo para ela entrar no mercado de produção de CPUs, cujo preço é muito menor, a menos que tivesse uma chance real de conquistar uma boa fatia da participação de mercado da Intel.

Huang sabe que a capacidade de memória dos PCs de IA será fundamental. A Microsoft, por exemplo, anunciou um recurso chamado “Recall” que requer 50 gigabytes de armazenamento em disco. Capturar e armazenar esses dados certamente também exigirá um grande aumento na configuração padrão dos chips de memória DRAM.

o palco está montado para a Nvidia usar seu crescente domínio da IA para conquistar uma parte do mercado da Intel.

A principal questão para a Nvidia é quanto tempo e esforço ela está disposta a dedicar a chips que custam no máximo algumas centenas de dólares. Mesmo que sejam um tipo único de componente que combina a própria CPU com grandes quantidades de memória DRAM, não há como eles se aproximarem da margem de lucro dos seus chips para data center. Até mesmo as placas de vídeo “RTX” para jogos, na faixa de US$ 600, são muito mais lucrativas para a Nvidia do que as CPUs. 

Huang terá que reorganizar parte da empresa para focar, pela primeira vez, na produção de chips mais baratos. O investimento valerá a pena se a Nvidia realmente conseguir uma participação substancial no mercado de PCs, onde o volume de vendas anual supera até o crescente mercado de chips de IA para data centers.

Ao longo das décadas, Huang tem sido ousado ao enfrentar desafios que outros consideravam muito distantes. Com a Nvidia investindo em IA, ela está na melhor posição em que já esteve para replicar seu sucesso em um novo mercado.


SOBRE O AUTOR

Tiernan Ray é editor da "The Technology Letter", consultor e colaborador do site ZDNET, especializado em inovação.. saiba mais