Cannes Lions 2024 | O Leão ainda ruge

Começou nesta segunda-feira o Cannes Lions 2024, maior evento de criatividade

Crédito: Fast Company Brasil

Marcelo Lobianco 2 minutos de leitura

Começou meu 8ª Cannes Lions, a segunda vez fazendo cobertura pela Fast Company. Tento imaginar esta edição, a lente de pautas urgentes, como IA, ESG e a evolução da plataforma digital, no momento que a publicidade representa mais 60% de share no Brasil. Quem lembra quando o mobile surgiu como um novo canal?

Minha primeira vez foi em  2007. Boa parte do tempo deveria ser dedicado a salas escuras, onde ficavam rodando peças cadastradas de toda parte do mundo, associadas a um tema. Por exemplo, autos.  Era sentar e ver do Paraguai ao Iêmen do Sul, e claro, os shortlist. You Tube começava a ganhar musculatura naquele ano, apesar de não fechar a conta. O Facebook sequer tinha aparecido, sendo MySpace e Orkut as lembranças mal sucedidas das redes sociais. Zuckerberg só vai dar as caras pela primeira vez no festival, em 2010.

Cannes Lions sempre foi uma vitrine para criativos. Na década de 90, as agências e produtoras do mercado compravam as VHS de todos os finalistas e colocavam na prateleira, para que todos da empresa pudessem acessar. Sim, as pessoas viviam de outra forma no período em que a  TV dominava, e presenciaram uma mudança radical com a chegada das redes sociais. Agora, viverão definitivamente uma outra experiência de vida, com o avanço da IA.

Na era dos extremos, o meio de campo de todo o festival ainda é a criação.

Nesse contexto, como o festival tenta se manter atualizado? Abrindo novas frentes, como o Business Model (Re) Generation Canvas, na palestra das brasileiras Dilma Campos, Erlana Castro e  Paula Trabulsi. Elas apresentam uma releitura do Canvas, metodologia aplicável em todas as empresas. Do outro lado da galáxia, veremos Sir Elon Musk, trazido pela WPP, e seu plano de dominar o universo.

Na era dos extremos, o meio de campo de todo o festival ainda é a criação. Está aí o mercado olhando atento às aquisições recentes da ex-Accenture Interactive, agora Song, sob a batuta de David Droga. Além das recém chegadas Work & Co e SOKO,  prometendo um funil de forma elegante, teremos Nick Law, como Creative Chairperson da Song, abrindo os trabalhos na palestra de inauguração do festival.

Se a Song é a nova batida dessa playlist, a Almap continua desfilando hits. De Marcello Serpa a Filipe Bartholomeu, sem perder a ternura e a identidade. Depois de quebrar a banca com o Boticário no filmaço de “Dia das Mães”, as empresas fazem outro gol de placa na recriação da abertura da novela  “Renascer”, filme forte com alerta de socorro do meio ambiente. Um salve para Globo também, que vêm recriando seus formatos com bastante ousadia.

Com tantas informações disponíveis, os festivais podem ter perdido parte de sua vocação de anunciar grandes inovações ou trazer informações inéditas. Isso também serve para o South by Southwest, em Austin, no Texas. 

Mas se perdeu o ineditismo, agora temos tecnologia, integração, dados e o papel social das marcas como nova visão de valor. Há muitas ativações das techs ao redor do Palais, palestras diversas e, claro, a premiação dos melhores cases. Sim, Cannes Lions ainda tem seu charme.

A publicidade não é arte. É negócio e resultado para os seus clientes. Mas quando você vê uma grande ideia a emoção continua pulsando. Nem que seja em uma intervenção em Marte, feita pela Starlink, em parceria com a Eletromidia.


SOBRE O AUTOR

Marcelo Lobianco é CEO da Fast Company Brasil. saiba mais