Design para o desenvolvimento de habilidades essenciais humanas
Habilidades essenciais são competências fundamentais e universais consideradas cruciais para o desenvolvimento pessoal e profissional
Enfrentamos uma era desafiadora no cuidado com a saúde mental dentro das corporações, com a maioria dos colaboradores trabalhando adoecidos. Em conversas diárias com líderes de grandes empresas, muitos relatam se sentir encurralados quando o tema é conexão entre os colaboradores, falta de capacidade em agir sob pressão e de se comunicar de maneira gentil e assertiva.
Essa situação tem gerado uma crescente ansiedade velada, refletida em esgotamentos, baixa produtividade e alto turnover.
"O todo é maior do que a soma das partes"
Aristóteles
Em 2012, o Google criou o projeto Aristóteles, uma iniciativa com o objetivo de entender o que torna equipes de trabalho mais eficazes que outras dentro do mesmo contexto. A empresa conduziu um estudo detalhado, analisando dados de centenas de equipes internas ao longo de vários anos e examinando diversos aspectos, como composição da equipe, estilos de liderança, normas de grupo e formas de colaboração.
estamos prontos para abandonar práticas antiquadas e abraçar uma abordagem mais humanizada e eficaz?
O projeto revelou que a dinâmica de grupo era mais importante para o sucesso da equipe do que as habilidades individuais dos membros. O fator principal que trazia sucesso para as equipes foi a segurança psicológica, que é a confiança de que ninguém será punido ou humilhado por expressar ideias, dúvidas, preocupações ou erros.
Em média, 27% dos colaboradores em organizações estão vivenciando algum nível de insegurança psicológica. Refletindo sobre esses dados e partindo do princípio de que nossos comportamentos refletem nosso estado interior, o caminho talvez não seja apenas treinar pessoas para influenciar sua performance, mas provocar uma transformação interna genuína em cada um, que resultará em saúde e segurança psicológica dentro e fora do ambiente de trabalho.
A MUDANÇA É DE DENTRO PARA FORA
O mundo e a forma como nos organizamos em sociedade, principalmente dentro das corporações, necessitam de um olhar restaurador e voltado para o que é essencial. Nós, humanos, intrinsecamente possuímos superpoderes que chamamos de habilidades essenciais humanas, e no "corporatês", soft skills.
Habilidades essenciais humanas são competências fundamentais e universais consideradas cruciais para o desenvolvimento pessoal e profissional dos indivíduos. Essas capacidades, desenvolvidas ou não, muitas vezes não recebem a devida atenção. Deveriam ser como escovar os dentes ou uma matéria na escola, um hábito que forma indivíduos emocionalmente inteligentes e saudáveis.
Ajudar colaboradores a desenvolver suas habilidades essenciais pode ser um caminho consistente para criar saúde no ambiente de trabalho ao invés de tentar remediar doenças "corporativas".
A BASE É TUDO
Aqui estão as cinco habilidades essenciais humanas que considero fundamentais. Elas funcionam como a fundação de um prédio: para construí-lo com segurança e sucesso, é preciso uma base sólida e robusta.
1. Respirar
Antes de tudo, saber respirar é essencial. Manter o cérebro oxigenado nos ajuda a tomar decisões mais assertivas nos momentos de tensão e pressão. Quando respiramos corretamente, reduzimos os níveis de ansiedade e nos comunicamos melhor.
2. Escutar
Escuta gera confiança. A prática da escuta ativa é vital para a qualidade das relações. Ao cultivar uma cultura de escuta atenta e genuína entre colegas e líderes, as organizações experimentam uma comunicação mais aberta e colaborativa. A escuta ativa permite que os funcionários se sintam valorizados, fortalecendo laços de confiança e empatia nas equipes
3. Confiar
Começa internamente: ao confiarmos em nós mesmos, mostramos nossa autenticidade, permitindo confiar mais no outro. "Sem confiança não há equipe", disse o head of industry do Google, Paul Santagata.
4. Autocuidado
Autocuidado e auto responsabilidade andam de mãos dadas. Enquanto o primeiro envolve cuidar da saúde física, mental e emocional, o segundo diz respeito a assumir as consequências de nossas ações. Quando cuidamos de nós mesmos, nosso entorno se mantém saudável.
5. Comunicação assertiva
A comunicação assertiva e não violenta no ambiente de trabalho previne conflitos e facilita a resolução de problemas, aumentando a produtividade e o engajamento. Aprender a dar feedback gentilmente fortalece os relacionamentos e incentiva o crescimento das pessoas e da cultura organizacional.
COMO O DESIGN PODE AJUDAR A DESENVOLVER ESSAS HABILIDADES
O objetivo é preparar as pessoas para que o ambiente seja um reflexo delas, e não o contrário.
De acordo com a pesquisa “Better Work, a radiografia do comprometimento e engajamento organizacional”, seis em cada 10 colaboradores consideram que o ambiente de trabalho no qual estão inseridos não é bom.
Diante deste cenário, surge uma questão crucial: por que não utilizar o design para inovar no desenvolvimento de habilidades essenciais humanas? Imagine um ambiente corporativo onde o design thinking e de experiências não são apenas ferramentas para projetos, mas uma abordagem integral para o crescimento pessoal e profissional.
Ao aplicar princípios de design para cultivar habilidades como respiração, escuta ativa, confiança, autocuidado e comunicação assertiva, não só transformamos indivíduos, mas também criamos culturas mais saudáveis e que performam melhor.
E se pudéssemos medir os resultados? E se, ao invés de ver colaboradores adoecidos e desmotivados, víssemos equipes engajadas, resilientes e inovadoras? O design nos oferece um caminho promissor para alcançar essa visão.
Através de métodos de aprendizagem adaptativos e de experiências imersivas, podemos desenvolver habilidades que geram impactos financeiros tangíveis e, mais importante, um bem-estar sustentável.
Vamos refletir: estamos prontos para abandonar práticas antiquadas e abraçar uma abordagem mais humanizada e eficaz? A resposta está em nossas mãos. O design é mais do que uma ferramenta – é a chave para desbloquear o potencial humano dentro das corporações