Não há como enfrentarmos a crise climática sem investir em startups

A determinação incansável e a engenhosidade das startups podem nos ajudar a superar as complexidades da crise climática

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Verena Kuhn 3 minutos de leitura

Com o surgimento de modelos de linguagem e IAs cada vez mais poderosos, as startups se tornaram os principais agentes de transformação global da sociedade, das economias e da geopolítica.

Mas essas pequenas empresas não estão apenas vivendo seu momento de glória, elas terão ainda mais importância nos próximos anos, enquanto o mundo enfrenta a crise climática e a chamada “policrise”.

As mudanças climáticas são um ótimo exemplo. Em junho, o recém-nomeado secretário executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, Simon Stiell, falou sobre o desafio de limitar o aquecimento global a 1,5ºC, alertando que “a segunda metade da jornada climática da humanidade será ainda mais difícil e a ação climática precisará avançar em um ritmo muito mais rápido”.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, já havia dito que a humanidade está caminhando para um “inferno climático”. Ambos defendem que as ferramentas e tecnologias atuais não serão suficientes para enfrentar a crise climática.

Mas também sugerem que é possível mudar esse destino com a ajuda de startups ousadas, que buscam na tecnologia e na inovação maneiras totalmente novas de fazer as coisas, de forma rápida e segura.

Fabricantes de carros elétricos, como a Tesla, revolucionaram o mercado ao introduzir veículos de alto desempenho e longa autonomia, tornando-os atraentes. A empresa sueca Einride levou mobilidade elétrica para o setor de frete, ajudando a descarbonizar o transporte rodoviário.

Startups como a Rivian desenvolveram tecnologias de baterias que aumentaram consideravelmente a autonomia e a durabilidade dos carros elétricos, resolvendo um ponto crítico para os compradores em potencial.

Empresas de capital de risco deveriam investir mais em tecnologias promissoras ainda em estágio inicial.

As startups também foram fundamentais para mostrar que a energia solar não é um conceito futurista, mas sim uma fonte alternativa de energia sustentável e econômica.

Empresas como Nexamp, Enpal e EnergyVision tiveram uma enorme contribuição ao tornar a energia solar acessível a todos graças a programas comunitários, modelos de aluguel e compra e opções de financiamento inovadoras.

No entanto, como Guterres disse, precisaremos avançar muito mais rapidamente. Mas, como fazer isso?

1. Precisamos de mais startups que abordem os desafios globais

Temos que dar mais visibilidade aos desafios globais urgentes e incentivar soluções empreendedoras em vez de modelos de negócios “mais fáceis”, como o comércio eletrônico.

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2. Precisamos de mais capital de investidores que entendam a tecnologia

Mesmo aqueles que conseguem desenvolver uma tecnologia potencialmente revolucionária têm dificuldade de encontrar investidores que a compreendam e tenham uma perspectiva de longo prazo. Apressar produtos para atender às expectativas dos investidores pode minar seu potencial.

Empresas de capital de risco deveriam investir mais em tecnologias promissoras ainda em estágio inicial, pois estão em melhor posição para entendê-las e esperar um tempo de desenvolvimento adequado.

3. Precisamos identificar startups promissoras e ajudá-las a crescer ou fracassar mais rapidamente

As Comunidades Inovadoras do Fórum Econômico Mundial fazem exatamente isso com a comunidade de Pioneiros em Tecnologia, que identifica 100 startups promissoras em estágio inicial todos os anos.

Já a Comunidade Global de Inovadores foca em crescimento e a Comunidade de Unicórnios se concentra em startups de capital fechado com avaliação superior a US$ 1 bilhão.

    O número de novos fundadores que oferecem soluções escaláveis para os maiores desafios da humanidade, como a crise climática, gera otimismo. Ao destacar esses desafios críticos e fomentar capital disposto a esperar mais pelo retorno do investimento, podemos garantir que a inovação seja direcionada às áreas que mais precisam.

    A determinação incansável e a engenhosidade das startups podem nos ajudar a superar as complexidades da crise climática, garantido um mundo melhor e um futuro sustentável para as próximas gerações.


    SOBRE A AUTORA

    Verena Kuhn é head de comunidades inovadoras no Fórum Econômico Mundial. saiba mais