8 grandes ideias que os designers deveriam pôr em prática em 2024

De uma IA mais funcional a um design mais local, estas são as tendências que os principais designers esperam para este ano

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Francesca Perry 4 minutos de leitura

No ano passado, testemunhamos a evolução de tecnologias como a dos táxis-robôs e o desenvolvimento assustadoramente rápido da inteligência artificial. Presenciamos a inauguração do maior edifício esférico do mundo e a mudança de marca de um gigante da mídia social, de Twitter para X

Ao entrarmos em 2024, em meio a um cenário de crise climática, conflitos e incertezas tecnológicas, qual é o papel que o design pode e deve desempenhar na construção de um futuro melhor? Passando por assuntos como tecnologia, sociedade, arquitetura e interiores, conversamos com designers de renome do mundo todo para saber o que está em sua lista de desejos para o próximo ano.

1. Uma IA que amplie as possibilidades

Dependendo do seu ponto de vista, a IA pode significar o fim da humanidade, substituindo empregos, ou uma aceleração da inovação em uma escala sem precedentes. Será que os designers estão otimistas?

“Ainda quero ver mais inteligências artificiais que possibilitem a descoberta criativa e a inspiração, fortalecendo a criatividade humana", avalia Phil Garnham, diretor executivo de criação da agência de branding Monotype

Outros estão mais confiantes de que isso vai acontecer. "Precisamos reconhecer que, graças à IA, mais projetos podem ser feitos, e não menos", diz Federico Negro, fundador e CEO da plataforma digital de design de interiores Canoa. Negro acredita que as habilidades de julgamento humano e de geração de conteúdo por máquina podem "melhorar uma à outra".

2. Design para assistência em desastres

"É preciso muito mais ajuda para as pessoas que vivem em áreas de risco pelo mundo, e eu gostaria de incentivar os colegas a se mobilizarem", conclama o arquiteto Shigeru Ban. Ganhador do Prêmio Pritzker, Ban ficou famoso por seu trabalho humanitário em zonas atingidas por desastres, desde moradias no Japão pós-terremoto até centros de vacinação durante a Covid-19.

Casa pós-tsunami em Kirinda, Sri Lanka, criada por Shigeru Ban (Crédito: Dominic Sansoni/ AKAA)

"Seria ótimo ver mais pessoas em nossa profissão usando seu conhecimento e sua energia para ajudar em situações emergenciais."

3. Mais design local

Em uma era de cultura globalizada, na qual o design pode ser reproduzido infinitamente, os estilos padronizados correm o

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risco de ignorar o contexto local. "Em 2023, vimos as marcas despertarem para o fato de que uma abordagem de padrão único não consegue abranger diferentes culturas e regiões geográficas", diz Samar Maakaroun, sócio da Pentagram.

"Um projeto com raízes locais e culturalmente consciente pode levar a "resultados enriquecedores, engajamento mais amplo e narrativas mais verdadeiras."

4. Sustentabilidade colaborativa

Conforme os países se mobilizam para cumprir as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa, os designers estão se esforçando mais para liderar o caminho da sustentabilidade.

"Já é hora de parar de nos concentrar em soluções isoladas para a emergência climática – seja construções modulares ou madeira sustentável – e olhar de forma mais holística para os problemas que enfrentamos", diz a arquiteta Anna-Lisa McSweeney, diretora de sustentabilidade da sueca White Arkitekter.

Casas de madeira na cidade de Hamar, na Noruega (Crédito: White Arkitekter)

Nossas cidades precisam de "intervenções enormes e interconectadas" para atingir o zero líquido, diz ela, que espera que, em 2024, haja uma verdadeira colaboração para "mudar o rumo das coisas".

5. Crescimento com foco na equidade

Projetar para o crescimento e a inclusão é um equilíbrio complicado de se atingir em qualquer setor. No entanto, quando se trata de cidades e comunidades, abordar ambos é vital, diz Andre Brumfield, líder global de cidades e design urbano da Gensler.

Espaço de uso misto na cidade de Pittsburgh, EUA (Crédito: Gensler)

"Para ter uma cidade saudável, precisamos equilibrar questões de equidade com revitalização urbana e crescimento econômico. Tenho esperança de que haverá mais colaboração para apoiar o reposicionamento das partes mais problemáticas de nossas cidades, desde as comunidades marginalizadas até os distritos comerciais centrais mais desafiadores."

6. Cultura de design inclusiva

O design só pode melhorar se o próprio setor, como um todo, também melhorar. Isso exige oportunidades equitativas e

Ritesh Gupta (Crédito: Useful School)

culturas inclusivas, argumenta o designer de marcas Ritesh Gupta. "É essencial abordar as experiências dos designers com quem você trabalha atualmente", diz Gupta, que é fundador da plataforma de aprendizado criativo Useful School.

Isso inclui "maneiras mais eficazes e sustentáveis de identificar e apoiar talentos de alto potencial", além de abordar o preconceito para "repensar nossos processos e linguagem para que haja padrões de pesquisa e design mais seguros e menos extrativistas".

7. Apoio aos jovens

"Um dos maiores desafios enfrentados pelo nosso planeta é a falta de oportunidades para os jovens, especialmente no Sul Global", diz Robert Fabricant, cofundador do estúdio de impacto social Dalberg Design.

Ao trabalhar com jovens em projetos internacionais, Fabricant observou que "poucos tiveram a oportunidade de explorar seu verdadeiro potencial criativo. Adoraria ver a comunidade de design dedicar mais tempo à construção de movimentos para ajudar a liberar esse enorme potencial criativo".

8. Design além das tendências

Por último, um apelo para que os profissionais sigam seu coração no design, e não as tendências. "Vamos fazer nossas próprias propostas e celebrar diferentes pontos de vista", diz o designer de interiores Michael Hilal.

"Há tantos estilos e gostos – podemos abraçar tendências maximalistas e minimalistas simultaneamente, não é? Acredito que há espaço suficiente para que cada pessoa possa ser ela mesma."


SOBRE A AUTORA

Francesca Perry é jornalista e cobre assuntos ligados a design e cultura. saiba mais