Ao toque de um botão, dispositivo portátil pode transformar água salgada em potável

Crédito: Daniel Sinoca/ Marissa Rodriguez/ Unsplash/  Kevin Tang

Elissaveta M. Brandon 2 minutos de leitura

As estatísticas dão um nó na cabeça: em todo o planeta, existem mais de 1,2 bilhões de trilhões de litros de água. No entanto, menos de 3% dessa água é água doce. E mais de dois terços dessa água doce está indisponível, em geleiras, calotas polares ou muito abaixo da superfície. Moral da história? Apenas 0,5% da água da Terra está realmente disponível para bebermos.

Mas essa limitação pode estar prestes a ser superada: pesquisadores do MIT desenvolveram um dispositivo portátil que, com o toque de um botão, pode transformar água salgada em potável. A pesquisa foi publicada recentemente na revista científica "Environmental Science and Technology".

O protótipo cabe em uma mala de tamanho normal e pode processar um litro por hora. Mas, quando o produto estiver totalmente desenvolvido, será capaz de filtrar 10 vezes essa quantidade, tornando-se uma ferramenta vital em comunidades insulares remotas, em navios de carga e até em campos de refugiados localizados perto do mar.

Renderizações do conceito de design do produto (Crédito: Kevin Tang/ Divulgação)

Esse dispositivo de dessalinização não é o primeiro a ser capaz de filtrar água salgada, mas os que já existem são caros e exigem muita energia para operar. Também contam com filtros, que precisam ser trocados regularmente e podem ter um custo alto.

Em comparação, o novo dispositivo precisa de menos energia para operar do que um carregador de celular e pode ser alimentado por um pequeno painel solar conectado ao seu exterior. Além disso, funciona sem a necessidade de substituir o filtro, porque simplesmente não há nenhum. Em vez disso, o aparelho usa dois tipos de campos elétricos para remover partículas como moléculas de sal e até bactérias e vírus.

Sua verdadeira inovação é ter sido projetado para ser usado por pessoas comuns. Um tubo carrega a água salgada para dentro máquina; a água é filtrada dentro do dispositivo e, então, outro tubo extrai a água limpa para um recipiente separado. Do lado de fora, há apenas três botões visíveis: o primeiro alimenta a máquina, o segundo inicia o processo de limpeza e o terceiro o interrompe. Uma tela notifica o usuário quando a água já está potável.

Protótipo funcional (Crédito: Junghyo Yoon/ Divulgação)

Tudo isso significa que o dispositivo pode ser usado em áreas com recursos limitados, desde que a equipe desenvolvedora consiga reduzir seu custo. Por enquanto, o preço seria cerca de US $ 4 mil a US $ 6 mil, valor próximo ao de outros modelos à venda. Mas Junghyo Yoon, cientista do Laboratório de Pesquisa Eletrônica do MIT, que desenvolveu o dispositivo e coautor do estudo, prevê que o custo pode ser reduzido para cerca de US$ 1,5 mil, o que o tornaria mais acessível para ONGs.

Muito disso depende, ainda, do design final e da fabricação do dispositivo. Yoon diz que o protótipo atual fica dentro de uma mala comum que ele comprou online. O pesquisador espera por um investimento de US$ 1 milhão, que poderia ajudá-lo a tirar o produto do laboratório e colocá-lo em uma fábrica, onde será possível experimentar diferentes processos de produção, como moldagem por injeção.

Um protótipo final pode ficar pronto até o final de 2023. Se tudo der certo, estaremos mais próximos de tornar potável boa parte dos bilhões de trilhões de litros de água presentes em nosso planeta.


SOBRE A AUTORA

Elissaveta Brandon é colaboradora da Fast Company. saiba mais