Box especial celebra os 50 anos do mais famoso álbum da banda Pink Floyd
A Hipgnosis criou a icônica capa de “Dark Side of The Moon” em 1973. Cinquenta anos depois, ela está sendo reimaginada pela Pentagram
Abrir o box comemorativo de 50 anos de “The Dark Side of The Moon” do Pink Floyd é como estar diante de uma relíquia antiga. Uma caixa preta que revela tesouros que parecem ter sido encontrados em uma cidade egípcia desconhecida há muito tempo, perdida sob a areia do deserto do Saara.
Criada pelo cofundador da Hipgnosis, Storm Thorgerson, com ilustrações de George Hardie, a capa original era tão impressionante que instantaneamente se tornou parte da história visual do rock. Sobre um fundo preto, um raio de luz branca atravessa um prisma de um lado e se refrata em um arco-íris do outro.
No verso, descobrimos sua origem: um arco-íris que transpassa um prisma de cabeça para baixo produz o feixe de luz branca, que continua na capa. Não há menção ao nome da banda ou qualquer outra coisa.
A única exceção é um pequeno selo no canto inferior direito, indicando que o álbum foi masterizado em som surround de quatro canais, uma das assinaturas da inovadora banda britânica.
“A ideia foi tirada de um livro de física”, disse Thorgerson em uma entrevista em 2003.
Ele e Aubrey ‘Po’ Powell, da Hipgnosis – o grupo de design responsável pela icônica capa de 1973 –, esbarraram com uma foto de um prisma de vidro refratando um feixe de luz solar em um arco-íris sobre uma partitura. No álbum, o conceito foi elevado a um tema maior: pirâmides egípcias.
A capa da edição de 50 anos traz uma versão totalmente preta da original. A partir dela, entramos mais fundo na história da obra-prima de Pink Floyd. O conceito foi construído a partir da ideia de um sarcófago egípcio, que, em compartimentos, guarda tesouros e preserva o corpo mumificado.
“Ao abrir as caixas, chega-se à central, que é feita de ouro. E, para nós, o ouro combinou perfeitamente com a ideia, já que era o 50º aniversário”, conta Jon Marshall, sócio do escritório de design gráfico Pentagram, em Londres.
SARCÓFAGO DE MARAVILHAS
Marshall destaca que o conceito multicamadas funciona em um nível prático. É uma maneira de organizar os diversos materiais incluídos na edição de 50 anos.
Eles vêm uma caixa preta quadrada com um elemento gráfico simples: um triângulo equilátero recortado no centro. O símbolo capta a essência mais básica do prisma original, um processo de refração da obra que faz parte do conceito do projeto.
Ao abrir a primeira caixa, encontramos um livro de capa dura de 160 páginas. Projetado por Harry Pearce, também sócio do estúdio Pentagram, ele contém fotos raras e inéditas da banda tiradas pela fotógrafa Jill Furmanovsky, com direção de arte de Thorgerson e Powell, da Hipgnosis.
Abaixo dela, há outra caixa preta com o mesmo triângulo, mas desta vez em dourado. Ela traz todos os materiais extras, incluindo várias mixagens e versões remasterizadas do álbum, bem como pôsteres e adesivos.
Então, chegamos à camada final: uma caixa de papelão dourada envolta em uma folha de ouro especial – foram realizados mais de 50 testes para chegar no material ideal.
Dentro dela, está o grande tesouro: um vinil original remasterizado de “The Dark Side Of The Moon – Live At Wembley Empire Pool, London, 1974”. Como esta é a primeira versão do álbum, a Pentagram decidiu usar o material original.
“Para criar a capa do registro ao vivo, fomos à Hipgnosis e pegamos o rascunho da capa original do álbum de estúdio”, lembra Pearce. “Não criamos nada de novo, apenas usamos coisas bonitas.”