Cirque du Soleil usa IA e alta tecnologia para entrar em uma nova era

A diretora de crescimento do Cirque afirma que a empresa é tanto uma trupe quanto uma empresa de tecnologia

Crédito: Shannon Finney/ Getty Images

Chris Morris 3 minutos de leitura

Durante quase 40 anos, os cientistas malucos por trás das criações do Cirque Du Soleil produziram mais de 50 espetáculos, que vão desde os mais oníricos (como o Saltimbanco) até aqueles dedicados às obras de artistas consagrados (como The Beatles Love ou Michael Jackson: One).

Eles são um verdadeiro tour de force da arte imaginativa. No entanto, conforme o Cirque vai chegando à sua quarta década – tendo sobrevivido por pouco à pandemia – a companhia está buscando expandir sua presença, ao mesmo tempo em que usa a tecnologia para reformular a maneira como cria novos espetáculos.

"Estamos muito animados com o fato de que a tecnologia faz parte de quem somos e queremos ser mais enfáticos ao demonstrar essa relação", diz Nickole Tara, diretora de crescimento do Cirque du Soleil. Na verdade, argumenta Tara, o Cirque é, em sua essência, tanto uma empresa de tecnologia quanto uma experiência de entretenimento. 

Há seis meses, o Cirque du Soleil entrou no mercado de videogames, com uma proposta no estilo tycoon game (jogo de simulação) no Roblox. Desde então, acumulou quatro milhões de jogadas, com sessões médias de 13 minutos (uma eternidade para os usuários do Roblox).

Créditos: Gamefam

E mais: o lançamento (em fevereiro) do headset de realidade virtual Vision Pro, da Apple, contará com uma versão 3D licenciada do "Cirque du Soleil Worlds Away", filme de 2012 produzido por James Cameron (ninguém menos que o diretor de "Titanic").

"Esse filme foi feito à frente de seu tempo", diz Tara. "Os filmes em 3D ainda não eram moda. Esse foi o pontapé inicial. Isso demonstra como o Cirque sempre se comportou. Somos os primeiros a lançar as novidades – às vezes, muito antes de os consumidores estarem prontos para elas."

INCORPORANDO A IA

Talvez a maior mudança com a qual Tara esteja lidando seja a incorporação da inteligência artificial nas operações do Cirque du Soleil. Embora os criadores de espetáculos continuem firmes no comando, a empresa está estudando como pode incorporar a IA ao processo criativo.

"Nossas equipes criativas têm usado a IA como uma ferramenta na sala de criação", diz Tara. "Elas a utilizam para fazer um painel de ideias de forma mais eficiente. Costumava levar um dia para renderizar imagens, agora leva minutos."

A incorporação da IA, garante Tara, não significa que a empresa vai perder a conexão emocional que é tão crucial para o sucesso do Cirque du Soleil. Na verdade, é uma maneira de acelerar o processo criativo, sem deixar de fazer o show que os produtores imaginam.

"Um parceiro me perguntou se consideraríamos a possibilidade de criar um espetáculo por meio de IA", diz Tara. "Perguntei ao nosso guia criativo e aos diretores de produção e eles responderam: 'é claro que queremos fazer experiências com essa ferramenta'. Em última análise, você tem o controle. Se algo não for realizado da maneira que acha que deve ser, basta redirecionar a iteração."

ALÉM DO PALCO

Embora o Cirque du Soleil tenha estreado recentemente um novo espetáculo itinerante ("Echo") e esteja prestes a lançar um novo espetáculo fixo no resort Outrigger Waikiki, no Havaí, no final deste ano, também está migrando para um novo tipo de local.

A empresa fez uma parceria com a Cosm, uma companhia de mídia que planeja construir uma série de teatros em cúpula (abrindo inicialmente em Los Angeles neste primeiro semestre) para criar experiências grandiosas.

Crédito: Cirque du Soleil

O Cirque du Soleil acabou de gravar um de seus shows em Las Vegas no formato 12K, que será exibido em uma tela de 180 graus. A ideia é atingir um novo público, talvez um que não possa (ou não queira) pagar o preço de um ingresso para um show da trupe.

A empresa espera que, depois de assistir à versão cinematográfica expansiva, essas pessoas estejam mais dispostas a assistir a um espetáculo ao vivo.

"Temos algumas coisas interessantes que colocamos em prática em 2023 e que serão lançadas em 2024, mas são em grande parte experimentais", diz Tara. "Estamos aprendendo em tempo real. Sentimos que [projetos como colaborações com a Cosm] incrementam a propriedade intelectual de uma forma muito significativa."


SOBRE O AUTOR

Chris Morris é um jornalista com mais de 30 anos de experiência. Saiba mais em chrismorrisjournalist.com. saiba mais