Como a modelagem digital está ajudando a recuperar a catedral de Notre Dame
O software de modelagem de última geração da Autodesk ajudou a entender os danos e a orientar todo o processo de reconstrução
Já se passaram cerca de quatro anos desde que um incêndio devastou a catedral de Notre Dame, em Paris, que atraía milhões de visitantes todos os anos.
Desde então, pessoas de todo o mundo se uniram para apoiar um esforço liderado pelo presidente francês Emmanuel Macron, que prevê a reabertura do prédio ao público até o final do próximo ano. As equipes que trabalham na restauração buscam reconstruir grande parte das seções danificadas usando materiais como madeira e pedra.
Mas os construtores, arquitetos e engenheiros hoje têm a grande vantagem de poder contar com algumas tecnologias do século 21, incluindo o moderno software de modelagem de informações de construção (BIM, na sigla em inglês), que lhes permite trabalhar com modelos 3D detalhados da catedral e do local ao redor, e uma poderosa tecnologia de computação em nuvem.
“Com eles, conseguimos entender como as estruturas se encaixam, como são construídas”, explica Andrew Anagnost, CEO da Autodesk, que contribuiu com consultoria técnica, software e assistência financeira ao projeto logo após o incêndio.
O modelo digital, que levou mais de um ano para ser criado, inclui mais de 12 mil objetos, mais de 30 mil metros quadrados de parede de pedra, mais de 3,9 mil metros quadrados de telhado de chumbo e 186 abóbadas.
“Imediatamente decidimos doar o dinheiro porque queríamos ajudar”, diz Anagnost. “Mas nossa maior contribuição, sem dúvida, é a nossa expertise.”
Felizmente, a empresa francesa Art Graphique and Patrimoine (AGP) já havia capturado digitalmente detalhes da maior parte da catedral antes do incêndio. Em parceria com a Autodesk, eles trabalharam para digitalizar novamente o local, buscando entender o que foi alterado pelo fogo.
O processo foi bastante complexo. Equipes no local utilizaram equipamentos a laser e fotográficos para capturar a geometria 3D de todo o prédio, tomando cuidado com os riscos relacionados aos materiais de construção utilizados na catedral.
Depois, outras equipes transformaram esses dados em formas e objetos detalhados, inclusive as pedras da estrutura. Isso permitiu que os especialistas vissem as mudanças que ocorreram devido ao incêndio – o que é importante para prever possíveis problemas de estabilidade – e planejassem a reconstrução.
“Levou cerca de um ano para transformar todos esses dados em objetos inteligentes, que nos dão informações extremamente úteis”, diz Nicolas Mangon, vice-presidente de arquitetura, engenharia e estratégia da Autodesk. “Usamos os dois conjuntos de dados e os combinamos para que pudéssemos ver não só os buracos no telhado, mas também se a estrutura principal se moveu.”
Agora, os arquitetos e engenheiros podem usar o modelo 3D para simular diferentes opções de iluminação para a catedral reconstruída, além de planejar detalhadamente a posição dos caminhões, guindastes e outros equipamentos na pequena ilha parisiense onde a igreja está situada.
Os modelos ajudam ainda a planejar o trabalho das equipes nos espaços estreitos dentro do prédio, de acordo com Mangon, que estudou engenharia na Ecole Spéciale des Travaux Public, a poucos quarteirões de Notre Dame. “Cada peças foi recriada digitalmente. Com o modelo 3D, é possível simular tudo”, acrescenta.
Mesmo depois da reabertura, prevista para 2024, o modelo ainda poderá ser útil. Mangon afirma que a empresa está estudando a possibilidade de usá-lo para gerenciar aspectos do complexo, com o auxílio de sensores capazes de identificar a localização de quaisquer futuros incêndios.