Como o logotipo do Instagram se tornou um símbolo icônico

A história de como a onipresente marca do aplicativo evoluiu da imagem estilizada de uma câmera para um ícone em degradê

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Zachary Petit 4 minutos de leitura

Os criadores do logotipo original do Instagram deveriam ter sido processados. E teriam, não fosse pela Apple e por um fotógrafo que, em apenas 45 minutos, conseguiu salvar o dia.

Em 2010, Kevin Systrom e Mike Krieger lançaram seu aplicativo de compartilhamento de fotos. A questão é que Systrom havia desenhado o logo ele mesmo, e o símbolo que criou não era só uma imitação vintage de uma câmera Polaroid OneStep SX-70 – era, basicamente, uma cópia.

A boa notícia para o Instagram era que, depois de apenas duas semanas na App Store, a Apple já queria colocar o aplicativo na homepage (a “vitrine” da loja). A má notícia é que a empresa percebeu rapidamente que o logo era um flagrante desrespeito à propriedade intelectual da Polaroid e deu aos seus criadores um prazo curtíssimo para resolver o caso.  

Systrom então perguntou a um amigo, Cole Rise, se seria possível comprar um logo que ele havia feito, baseado em uma câmera Bell+Howell – um modelo antigo, com múltiplas lentes. Só que a imagem já estava sendo usada em outro projeto.

Para não deixar o amigo na mão, Rise se ofereceu para bolar algo novo. Menos de uma hora depois, o Instagram tinha seu primeiro logo oficial. Ele chegou a desenhar até a parte de trás do logo (que você pode ver aqui, caso tenha ficado curioso).

Crédito: Instagram

2010: O ESQUEUMORFISMO DOS PRIMEIROS TEMPOS

Esqueumorfismo é um princípio de design no qual os objetos criados mantêm formas ou estruturas dos modelos originais, mesmo que não sejam mais necessárias – por exemplo, os rebites que muitas marcas de jeans ainda usam são um resquício do tempo em que o tecido era tão grosso que não dava para unir as partes só na base da costura.

Na primeira atualização do logo do Instagram, Rise pegou aquele quadradinho e o estilizou ainda mais, colocando as lentes em posição central e deixando o visor mais recuado. Também sumiu com a pequena faixa colorida no canto superior e adicionou três letras: INST. O novo design fez grande sucesso na loja da Apple.

Crédito: Meta

Algumas poucas mudanças foram feitas no ano seguinte, inclusive com a adição de um A às três letras iniciais. Apesar de o logo renovado ter parecido estranho para os novos usuários, para os mais antigos havia uma forte conexão com o formato (esqueumorfismo, lembra?).

2016: ENTRA EM CENA O DEGRADÊ

Depois de comprar o aplicativo por US$ 1bilhão, em 2012, o Facebook deixou tudo como estava por algum tempo. Só em maio de 2016 foi apresentado um novo logo, que não lembrava em nada o design original. A câmera vintage deu lugar a um tipo de matizado pôr-do-sol, criado para ser memorizado instantaneamente.

O head de design do Instagram na época, Ian Spalter, dissecou esse controverso remix em um artigo no Medium, apontando que o aplicativo havia evoluído de um simples serviço de compartilhamento de fotos para uma poderosa comunidade, incluindo todo um ecossistema de vídeo.

Antes da mudança, sua equipe levou um ano analisando como refletir essa evolução visualmente. “Mas será que ficará melhor?”, ele se perguntava. “Será que teremos que refazer tudo daqui a um tempo?”

Preocupado com essa questão, ele decidiu pedir a todo mundo na empresa que desenhasse o logotipo do Instagram de memória, em cinco segundos. Quase todos incluíram o selo de arco-íris, as lentes e o visor – os itens básicos da nova versão em que eles tanto trabalharam.

No fim das contas, o time acabou adotando uma simples quadrado que lembra uma câmera e um design unificado, trazendo os elementos secundários para dentro da moldura. Ao ser apresentando, o novo logo foi muito criticado, igual ao esqueumorfo antes dele. Mas hoje está consolidado na mente dos usuários como o símbolo maior do aplicativo.

2022: O LOGO ATUAL

Quase seis anos depois, em 2022, o Instagram apresentou um novo logotipo – mais ou menos. Como escreveu à época um dos diretores do time de criação do aplicativo, “mantivemos o melhor da marca, ao mesmo tempo que injetamos uma nova energia e poder de expressão.”

Crédito: Meta

O melhor da marca, aparentemente, é o logo menos alguns tons de degradê. Ainda hoje, muitos usuários ficariam surpresos em saber que o degradê mudou um pouquinho – uma mudança que, supostamente, o amplificou com uma “nova dimensionalidade e vibração”.

Quanto vai durar essa versão, só o tempo dirá. Dado o (incrível) número de vezes que abrimos o aplicativo a cada dia (hora?), pode parecer que paramos de prestar atenção nele. Que, em sua onipresença, tenha se tornado uma espécie de portão pelo qual entramos sem notá-lo.

Mas tente mudar aquele logotipo e você vai descobrir rapidamente o quão poderoso ele continua sendo – o que talvez seja realmente o grande teste para qualquer marca.


SOBRE O AUTOR

Zachary Petit é escritor e jornalista especializado em artes, design e viagens. saiba mais