Como prédios abandonados viraram modernas agências de publicidade

Nos últimos 10 anos, a maior holding de publicidade do mundo revitalizou cerca de uma dúzia de edifícios

Crédito: Gareth Gardner/ WPP/ BDG

Elissaveta M. Brandon 3 minutos de leitura

Cerca de 10 anos atrás, a agência de publicidade Ogilvy decidiu mudar sua sede no Reino Unido para um novo local em Londres. Sendo de propriedade da WPP, a maior holding de publicidade do mundo, a Ogilvy escolheu como nova sede o Sea Containers, um edifício da década de 1970 na margem sul do rio Tâmisa que havia sido projetado como hotel, mas que estava em ruínas.

Em 2015, o edifício foi transformado para uso como um moderno escritório e hotel, com concreto aparente e janelas do chão ao teto. “Isso nos fez perceber que alguns dos prédios de que as pessoas querem distância porque estão em más condições podem ser o ponto de partida para alguns dos projetos mais inspiradores”, diz Colin Macgadie, diretor de criação da BDG architecture + design, a empresa de arquitetura que adaptou o prédio.

O Sea Containers foi o primeiro de muitos edifícios antigos a ser revitalizado pela WPP em conjunto com a BDG (também uma empresa WPP). Na última década, a WPP comprou e adaptou quase uma dúzia de prédios. Todos foram reformados, embora muitas das estruturas originais tenham sido mantidas sempre que possível.

Essa estratégia de reformar edifícios abandonados ajudou a WPP a manter seu compromisso de zerar as emissões líquidas de carbono em toda a sua cadeia de suprimentos até 2030 – afinal, se comparada à construção de um prédio novo, a reutilização pode economizar entre 50% e 75% das emissões de carbono incorporadas.

A WPP emprega 130 mil pessoas em mais de 100 países, o que significa que é mais uma holding do que de uma marca unificada. Colocar várias empresas relacionadas em um único local pode ajudar o grupo a atrair talentos com a promessa de colaboração criativa e de trabalhar em um prédio bonito em uma parte moderna da cidade.

Na última década, a WPP comprou e adaptou quase uma dúzia de edifícios, desde uma antiga fábrica de cerâmica em Milão até o Edifício Marquette, de 1905, em Detroit. Aqui estão alguns destaques.

DETROIT

Em 2019, a WPP comprou um dos arranha-céus mais antigos de Detroit, o Marquette Building, por US$ 10 milhões. Após uma reforma que custou o dobro desse valor, o prédio foi inaugurado em 2021. O projeto manteve grande parte das características originais, como fachada de tijolos, escadas de ferro fundido e mosaicos. No topo, foi construído um piso de pé-direito duplo com um impressionante poço oval que ressalta as janelas em arco do edifício.

AMSTERDÃ

Nas margens do rio Amstel, em Amsterdã, o Rivierstaete era o maior prédio de escritórios da Europa quando foi inaugurado, nos anos 70. Sua escala, no entanto, continuou para sempre parecendo colossal em relação aos prédios vizinhos. Juntamente com a MVSA Architects, a BDG cobriu os terraços com jardins que parecem uma deslumbrante escada verde. A antiga fachada com fileiras estreitas de janelas se transformou em uma fachada mais clara, com janelas de vidro do chão ao teto, tornando um prédio todo fechado um espaço muito mais transparente.

MADRI

Durante a Guerra Civil Espanhola, na década de 1930, o agora icônico Edifício Telefónica foi bombardeado. Hoje, o prédio reimaginado abriga 20 agências da WPP. Tem a maior área em um único piso de todos os edifícios de escritórios no centro da cidade, mas cada empresa tem um sentido de individualidade graças, em parte, às cerca de 20 novas entradas que os arquitetos introduziram.

LONDRES

Erguendo-se acima dos restos escavados do primeiro teatro elizabetano de Londres, o Rose Court foi construído na década de 1980, mas, quando o WPP o adquiriu, em 2017, era um “prédio condenado”. A BDG retirou as ruínas e acrescentou uma nova fachada de tijolos cor de vinho. O edifício atualizado conta com painéis solares e captação de água da chuva, ajudando-o a alcançar a classificação mais alta que um edifício reformado pode receber.

MILÃO

No bairro histórico de San Cristoforo, em Milão, uma antiga fábrica de cerâmica e utensílios domésticos foi convertida no campus do WPP Milan, abrigando 35 agências. Na verdade, eram dois prédios de 200 metros de comprimento, que se conectaram e tiveram os vãos entre eles transformados em pátios ajardinados.

Fotos: Jefferson Hack/ Gareth Gardner/ WPP/ BDG


SOBRE A AUTORA

Elissaveta Brandon é colaboradora da Fast Company. saiba mais